Parte II

50 6 2
                                    

Ao ver a desaprovação no olhar da mãe de Thomas meu sangue gela, é a primeira vez em que ela toma coragem para me olhar nos olhos, me pergunto o que ela sabe. Eu causei o acidente, ela deve saber disso, percebo pela magoa no seu rosto. Será que sabe da minha relação com seu filho? O quão próximos éramos? De qualquer forma isso me apavora, se ela viu as notícias e sabe o que eu fiz, Thomas também sabe, de todas as traições que eu cometi, assassinatos, matei meu pai, membros da minha corte, Vermelhos como ele simplesmente por terem nascidos sem a chance de revidar, sangue-novos que minha mãe me encarregou da missão de exterminar.

Como ele deve me odiar agora, me tornei tudo o que ele sempre reprovou, me tornei um prateado que ataca e humilha pessoas como ele, por divertimento.

"Não seja fraco, sabe que não gosto quando amolece, garoto"

Volto a compostura e me levanto com leveza, calmo sem demonstrar nenhuma turbulência que está dentro da minha mente.

-Onde ele está?- Pergunto, mostrando um certo nervosismo e ansiedade na minha voz, o que não gosto. Emoções não são boas de ser demonstradas, não quando estou na frente de pessoas que me odeiam. Mare me olha e analisa, ela sabe o que está acontecendo.

-Ele está num trabalho que conseguiu nos últimos dias que será pago graças a seu irmão.- Ela volta a dar um sorriso para Cal. Isso me irrita mais do que tudo, meu irmão nunca ligou para os vermelhos e seus direitos, só fez isso pela Mare, que droga. Agora ele é o bonzinho e eu o malvado. Será que ela sabe quantos vermelhos ele torturou e mandou para as trincheiras?

-Ele não fez nada demais, preferiu a coroa do que se aliar a sua amada guarda escarlate. - Rebato de forma arrogante.

-Cal lutou na linha de frente contra a sua esposa prateada e vários soldados- Mare retruca, com raiva na sua voz -Quase morreu por isso. Inimigos que você trouxe pra Norta!

Passo as mãos pelo meu cabelo revoltado. Será que meu irmão conquistou Thomas também?

"Não seja patético, esqueça o garoto. Foque no que está em jogo."

Apenas viro as costas e saio da casa com pressa, estou nervoso e com raiva de como minha vida está agora ao mesmo tempo em que desejo Thomas aqui, rápido, quero falar com ele, quero vê-lo. Como ele deve estar agora? Mais alto? Forte? Eu não faço a menor ideia porque essa porcaria de casa não tem retratos da família!

Os seguranças que estão em frente á casa me olham.

-Quero um pouco de ar. - Respondo.

Ouço a porta abrir atrás de mim e vejo Mare lá.

-Parece que o seu namorado não estava morto como pensou.

-Que comentário inteligente, sério? Eu não tinha notado.- Respondo com sarcasmo.

-Se continuar com essa atitude é mais fácil ele te odiar e não ajudar você. - Mare cruza os braços -Afinal, quem ajudaria um ex-rei mimado e egocêntrico?- Ela bufa.

-Eu sou egocêntrico?- Grito. - Ele me deixou acreditar que estava morto, sem ao menos me procurar, me deixou sofrendo e chorando por semanas, tendo que aturar minha mãe mexer com a minha cabeça e sentimentos para apaga-los, tive que aguentar aquela família que odeio e ficar sozinho, enquanto ele o que? Ficava nessa casa ridícula com a sua mãe perfeita!- Viro as costas para ela, sei que se ainda tivesse minhas emoções estaria chorando agora em prantos, mas minha mãe me ensinou que garotos não choram, não posso mais fazer isso. Amenizo o meu tom - Ele me deixou com aquela lunática, por que? Por que não veio atrás de mim?

-Caso não tenha notado vermelhos não tinham a capacidade de ir para onde quiserem, um tempo atrás. – Escuto ela falar atrás de mim -De quem será que é a culpa?

Maven Calore: RecomeçoOnde histórias criam vida. Descubra agora