Passado em Corvium

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Eu simplesmente odeio minha vida. Meu pai Tiberias realmente me mandou para a frente de guerra em Corvium, um lugar esquecido pela luz, onde só reina escuridão, caos e fumaça. Eu ainda não acredito que ele mandou, eu, seu filho de 15 anos para a frente de guerra, eu não sei nem usar uma arma e ainda sou novo nas minhas habilidades de ardente, nunca cheguei a matar ninguém, apesar de ter treinamentos de luta no castelo, que normalmente sou péssimo, nunca consigo chegar ao nível do meu irmão e filho favorito do amado rei. Ele disse que preciso ser mais forte, um soldado como meu irmão Cal. Ele não consegue ver que apesar de não ter enormes músculos sou muito inteligente, até acima da média considerando a minha idade, e recebo algum elogio por isso? Claro que não. Odeio minha família!

Já estou nesse fim de mundo durante dois longos dias, onde tenho que ouvir e ver como é a guerra, as pessoas lutam, sofrem e depois morrem, é ridículo. Inclusive, estou saindo de uma reunião agora com meu irmão e alguns chefes de seguranças Prateados, apesar de termos bastante Vermelhos trabalhando e lutando por aqui, eles não podem ter posições altas, são apenas soldados ou trabalhadores braçais, não servem a um propósito maior, como nós Prateados, somos Deuses com poderes e riqueza, tudo que qualquer Vermelho desejaria ser.

Estou parado no corredor vendo meu irmão mais velho conversar com os superiores de Corvium, com sorrisos e adoração, todos os olhares focados neles e nenhum em mim, quase não sou notado, me tratam como uma criança imatura e entediante, todos só querem saber de Cal.

"Se você matar ele a atenção se voltará só para você." Escuto a voz de minha mãe falar e uma raiva de Cal me invade. Meu irmão e eu costumávamos ser muito unidos na minha infância, no entanto, ao crescer cada vez mais, noto os múrmuros de minha mãe separando-nos, quase quebrando nossa ligação e o que me deixa mais irritado é que o desgraçado do meu irmão nem nota. Ele nunca consegue perceber as diferenças no meu jeito e atitude.

Eles continuam conversando e como ninguém fala comigo me afasto, dando cada vez mais passos longe deles.

Decido caminhar e explorar um pouco. Chego numa área que tem mais vermelhos em volta, eu poderia sair e ficar com meu povo, até penso nisso, porém sinto certa curiosidade em saber mais. O que eles acham da guerra e de tudo isso? Que tipo de trabalho fazem? Para ser sincero o que eles fazem em geral? Tem uma vida fora do trabalho? Gostam daqui? Eu sei que não, ninguém gosta de trabalhar na guerra.

Sinto seus olhos ao meu redor, pelas minhas vestes e aparência sabem que sou Prateado, só não sei se sabem da minha posição de príncipe, provavelmente eles não têm educação ou muito conhecimento sobre isso. De qualquer forma, gosto da atenção.

-Está perdido garoto?- Um rapaz, provavelmente dois anos mais velho que eu pergunta. Como demoro a responder ele continua -Prateados normalmente não vem aqui, a não ser que seja alguém para supervisionar nosso trabalho.- Ele dá uma risada - E dado a sua idade sei que não é o caso.

Mal sabe ele que tenho poder suficiente pra mandar nesses supervisores, que não possuem uma qualificação grandiosa de um Prateado da corte. São quase inferiores como vermelhos, só que não tanto.

-Eu sei aonde estou, não sou burro.

-Então o que veio fazer aqui?- Ele estreita os olhos.

-Gosto de explorar lugares que não conheço.

Ele da outra risada, dessa vez seca e sem humor.

-Acredite não tem nada divertido aqui.- Ele me olha por alguns segundos e acrescenta - Se eu fosse você ia embora.

O analiso também, está de uniforme, tem olhos castanhos claros muito bonitos até, e cabelo da mesma cor, com uma aparência jovial e descontraída, ele até poderia ser atraente, se não fosse um vermelho, é claro.

Maven Calore: RecomeçoOnde histórias criam vida. Descubra agora