Parte IV

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Thomas se mostrou muito disposto a ajudar surpreendendo até mesmo Cal, Mare ficou sempre a seu lado, até segurando suas mãos as vezes, sei que ela não se sente bem aqui perto de mim, o cara que lhe causou tantos traumas e hematomas. Cal também entregou documentos feitos por Julian sobre os Murmuradores para que Thomas entendesse melhor seu poder e como funciona. Deve ser entediante ler aquilo tudo, lembro quando eu era rei e tinha que ler e estudar sobre assuntos que eram bem chatos, mas tudo valia a pena pela coroa.

Combinamos que iriamos para uma casa perto da região, grande o suficiente para habitar nós quatro e até mais gente, Cal alugou por um tempo.

-Vou pegar minhas coisas.- Falou Thomas -Já volto. - Eu sabia que ele não iria demorar porque Vermelhos não tinham muita coisa até um tempo atrás e estava certo. Logo ele volta com apenas uma mochila, onde ele deixa no corredor.

Thomas se aproxima de mim:

-Preciso conversar com você antes de irmos, tudo bem?

Faço que sim com a cabeça e o sigo ao mesmo tempo em que sinto o olhar de Cal sobre mim. Ele me leva até seu quarto e fecha a porta.

-Eu tenho tantas perguntas que não sei por onde começar.- Ele fala quando se vira para mim.

-Então você não me trouxe aqui para dar uns amassos?- Faço uma careta e depois rio da piada.

-Eu não estou brincando Maven. Você cometeu mais crimes que eu possa pronunciar, matou Vermelhos, só por respirarem, eu estou decepcionado com você.

Eu abaixo a cabeça de forma derrotada.

-Você provavelmente nem gosta mais de mim, né?- Como ele não responde, continuo -Tudo bem, eu não te culpo.

Ele se aproxima e toca meu ombro.

-Eu quero ajudar você, só que você também vai ter que cooperar.- Ele se afasta quando percebe que estávamos perto demais. -Quero ouvir de você como sua mãe fez isso com a sua mente.

-Começou quando eu era bebê, demorei a andar então ela entrou na minha mente e me forçou a caminhar, até que eu conseguisse sozinho.

Eu podia ver lágrimas brotando de seus olhos enquanto eu contava, sobre os pesadelos, os terrores noturnos que sumiram dentro de um período de tempo, para não levantar suspeitas, conto sobre o fato de ninguém da minha família suspeitar e deles terem deixado ela fazer isso comigo.

-Eles nunca notaram ou se importaram?- Ele fala.

Assinto com a cabeça.

-Por que nunca me contou?- Ele pergunta e dou de ombros.

-Eu estava longe dela, estava bem e feliz, não havia o porque de mudar isso.- Respondo e depois acrescento -Acho que estava acostumado á isso, ninguém se importou antes então por que eu deveria?

-Eu me importo.

Sinto uma emoção estranha ao ouvir isso, um afeto, carinho por ele, normalmente não sinto esse tipo de emoção, pelo menos não muito. Tento me apegar nisso, sentir algo, para que o sentimento não vá embora. Eu amava Thomas, eu lembro, ainda amo, consigo senti-lo ainda, dentro de mim, a minha mãe nunca conseguiu tira-lo.

-Eu te amo.- Falo em voz alta, talvez seja a minha primeira frase afetuosa em semanas. -Sempre amei. - Vou direto ao ponto, para saber em que página estamos. -Você ainda me ama?

Ele não responde, apenas coloca seus braços ao meu redor, me envolvendo em um abraço. Eu o abraço de volta, gostando dessa proximidade, fazia tempo que eu não tinha isso. Na verdade nem lembro a última vez que abracei alguém. Lembro de ter tido algo com Mare, consigo ver as lembranças na minha mente, uma aproximação, mas esse vínculo foi quebrado assim que a traí e virei as costas para a Guarda Escarlate e não importava o quanto eu tentasse não poderia ter de volta.

Maven Calore: RecomeçoOnde histórias criam vida. Descubra agora