flashback

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O dia está um inferno de quente, as cigarras fazem barulho a beira estrada e eu e esse bando de idiotas estamos indo procurar os merdas que andam batendo no kazutora, claro que o kazutora não nos contou, mas só um mongol não notarial que ele anda estranho, ainda mais do que já é.
Decidimos que íamos criar uma gangue por isso, sempre participei de vários grupos, mas é a primeira vez que vou está na liderança, mesmo sendo apenas o vice eu não me importo já que decidi a muito tempo que seguiria o Mikey até o inferno.. e por esses babacas também porque sei que também fariam isso por mim e não poderia ser mais grato por isso.
Descemos até a praça onde poderíamos encontrar os bastardos, mas chegamos muito cedo e a praça estava vazia, era o que achava até olhar a figura feminina em cima do escorregador.
A garota parecia em transe olhando para as nuvens,  acho que estava no próprio mundo dentro de sua cabeça, não parecia ser muito mais nova que nós e não nos viu chegando, só notou quando já estávamos próximos aos balanços e como se o lugar já não fosse interessante desceu do brinquedo e seguiu seu caminho indo em bora.
- Qual é a dela? - pergunta mitsuya
- Esquisitona né? Soube que ela dá para qualquer um- fala baji espalhando fofoca
- É sua chance de dar umazinha baji-  retruca mitsuya querendo provocar - mas acho que nem com alguém que dá para todo mundo ela aceitaria você.
- Tá achando que tá falando de quem? Todos sabem que sou o galã do grupo
- Até parece- pah entra na conversa e os três começam a discutir.

- Melhor eu derrubar eles?- pergunta Mikey ao meu lado
- Deixa eles se cansarem que depois ficam quietos- falo

- O que você falou seu puto? - grita pah
- Tá surdo porra? - retruca baji

- Se eles brigarem e não conseguirem lutar depois, vão pensar merda da nossa gangue- raciocina kazutora

- Cara de cu com câimbra é você seu merda - grita mitsuya antes de empurrar baji

- Vou descer a porrada nesses arrombados- Mikey já estralava os dedos se preparando para entrar na briga.

Antes de entrar na briga também e descer o cacete em todo mundo prendi meu olhar na garota descabelada que já estava bem longe, o que sei sobre ela é que mora no mesmo bairro que kazutora com o pai merda já que sempre que trombamos com ela está com algum machucado, ou isso pode ser das confusões que ela arruma já que está na cara que a garota é encrenca.

Kazutora disse certa vez que a mãe dela a abandonou e que sua mãe disse que era uma puta, mas o Mikey deu um soco forte no ombro dele para mudar de assunto.

Mikey é o único que sabe onde eu moro, talvez ele pense que me incomoda que minha mãe seja uma mulher do mundo e também tenha me abandonado, mas não é o meu caso. Quero mais é que se foda eles, não sou pessoa que implora para que sintam pena, não posso fazer nada para a mulher que me deu a luz volte atrás nas decisões dela então o jeito é aceitar e seguir em frente.

Parar o mitsuya e o pah de brigar foi fácil, o baji que é o esquentando, mas depois de um bom pontapé na bunda tudo se resolve.

Já tinha se passado quase uma hora e nada dos caras aparecerem, resolvemos então ir em direção a escola já que poderíamos encontrar eles no caminho e algumas ruas a frente os encontramos próximo a um beco dando risada.

-Merda, é a garota de antes né?- comentou pah
Eles estavam de gracinha com a garota que não reagia, não parecia está com medo ou gostando daquilo, parecia ainda com o rosto em transe " Qual é dessa garota?" Eles estavam tocando nela, falando putaria e mesmo assim ela não levantava os olhos, mas a brincadeira durou pouco porque Mikey já estava dando uma voadora no rosto de um
-Tem ideia de quanto tempo ficamos esperando vocês seus desgraçados?
- Quem são vocês seus pirralhos?- falou um deles
-Nao achou que poderia bater em um dos nossos amigos e sair numa boa não é? - respondeu baji
O maior deles começou a avançar contra o Mikey, mas me pus na sua frente defendendo o soco com o braço
- Se tá achando que vai lutar com ele? Mas nem fudendo, sua briga é comigo! - o maior deles tinha que ser comigo com certeza

Nisso a briga começou, os caras não tiveram chance com a gente, apanhamos um pouco, mas foram eles que acabaram sangrando inconscientes no chão.
Depois de um tempo resolvemos ir para casa, estava voltando com o tampinha do Sano, mas ele resolveu voltar para falar algo com o mitsuya, provavelmente algo sobre nossos uniformes e então voltei sozinho para casa, mas no caminho algo me chamou atenção, a guria de antes passou entrando em uma mata se perdendo entre as árvores, tinha esquecido completamente dela por conta da briga então resolvi ir atrás dela agora para ter certeza que estava bem, ela parecia não está em transe agora, seus passos eram fortes no chão e seu rosto tinha um sorriso bizarro, parecia que ia vomitar e foi quando que ela parou caindo de joelhos na frente de uma árvore e começou a socar o chão enquanto gritava de ódio, permaneci atrás de uma árvore, seria constrangedor se ela me pegasse espionando em um momento assim.
- desgraçados... desgraçados..    desgraçados - repetia a cada soco, sua mão devia está doendo, mas não parecia sentir, estava mais concentrada nas coisas que murmurava, mas estava longe demais para escutar e foi aí que começou a chorar se agarrando a árvore.
Seu choro era de tanta dor que me doeu por dentro está escutando algo assim sem poder fazer nada sem revelar que estava seguindo ela, sabia que sofria e que tinha problemas em casa, mas como nunca tinha visto ela reclamando ou com outra cara além da desligada e aérea nunca pensei que guardava tanta coisa dentro de si mesma. Virei de costas e comecei a andar saindo da floresta, é melhor ela deixar sair tudo que precisa, seus dias não são fáceis.
Quando voltei a rua percebi que tinha chorado algumas lágrimas, talvez minha vida me incomodasse também, me doía admitir isso, mas tinha momentos que queria uma mãe para me abraçar ou um pai para me ensinar como fazer a barba ou o que quer que os pais prestavam para fazer, queria receber um "parabéns" orgulhoso depois de alguma conquista minha e queria poder parar de fingir ser forte o tempo inteiro.
Aquela garota me ensinou uma coisa naquele dia, me ensinou que ela era mais forte do que qualquer membro da toman, guardando tudo para si sem reclamar mesmo estando cansada, desejei fortemente protege-la como fizemos com kazutora hoje e esse foi meu maior arrependimento já que depois daquele dia nunca mais a vi, ninguém mais sabia para onde ela foi, mas não teve um dia que não pensei nisso ou usei a lembrança dela como motivação para me tornar mais forte ou para poder ajudar aqueles que me importava. Estou em dívida com ela, a garota que não tive coragem de confortar ou de dizer que estava vendo todo seu esforço e que iria ajudá-la a enfrentar tudo aquilo.
E quem diria que a encontraria aqui na minha casa, mais velha, totalmente diferente excerto pelos mesmos olhos opacos e a terrível mania de guardar tudo para si, mas dessa vez eu não quero ser o covarde e deixá-la sozinha abraçando uma árvore.

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