Capítulo 20

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Já faz um mês desde que estamos morando juntos, consegui um emprego em um café muito lindo em uma avenida movimentada, o trabalho é cansativo, mas não é mais cansativo do que estudar para os testes para entrar na faculdade, tenho me empenhado bastante nisso e draken tem respeitado meu espaço. De manhã ele acorda primeiro, se arruma, faz café e antes de sair ele me dá um beijo e me deseja um bom dia. Uma hora depois eu acordo, me arrumo, tomo o café que draken fez e vou trabalhar.
  Meu trabalho é ajudar na rotina, como sou a primeira a chegar eu faço os preparativos para abrir, logo minha chefe chega, como temos esse tempo apenas nós duas nos aproximamos bastante, minha chefe é uma senhora nos seus 56 anos de idade que abriu esse negócio para sobreviver sua vida de mãe solo, certa vez ela disse que eu lembro ela na sua juventude e isso me deixou um pouco feliz já que tenho admirado  sua determinação em fazer esse negócio funcionar. Ela me apoia nos meus estudos e apesar de falar que posso sair mais cedo para não ficar me desgastando tanto eu prefiro ficar e ajudar, por que sei que ela precisa de mim, não de maneira física para limpar o chão ou carregar caixas, mas algo mais emocional.. ajudando com minha presença e meu apoio, sei que ela sente falta das filhas e por isso deve se sentir sozinha, conheço bem essa sensação.
Quando saio do trabalho Draken já se encontra na frente com sua moto para voltarmos juntos para casa
- Vamos, sobe logo, você demora demais para sair - fala seco, mas consigo ver seu sorriso.
- Não pedi para me buscar, vou sozinha para casa na próxima - digo subindo na moto e me agarrando na sua cintura.
- Ok - é tudo que fala, mas sei que amanhã ele vai está aqui novamente me esperando porque esse momento é o que torna nossa rotina tão cansativa ser suportável e não importa o quão cansada eu esteja, ver esse homem me esperando todas as noites com seu sorriso sutil repõe  todas as minhas energias.
Ele tira o apoio da moto e o movimento faz meu traseiro deslizar no banco e aproveito para me aproximar e apertar meus braços em sua volta, sinto o ronco do motor me acertando antes de começar a andar
- Como foi seu dia? - Ken pergunta enquanto ainda estamos devagar
- O rapaz novo quebrou um copo e se cortou, tinha que ter visto o escândalo dele, pensei que fosse desmaiar- comecei a contar meu dia para ele, era um momento nosso, um pequeno momento que fazia toda a diferença.
- E como foi o seu dia? - perguntei depois de tagarelar quase o trajeto completo, draken não escutou devido ao barulho.
-Vou acelerar - grita e acelera atrevessando os carros, não importa quanto tempo passe eu ainda sinto meu coração bater mais forte quando ele faz isso, essa sensação de liberdade é a mesma de quando estive na sua moto pela primeira vez. Sinto sua não deslizar por minha perna me chamando atenção
- Ainda tenho que te ensinar a andar de moto.
- Gosto de está na sua garupa- admito deitando o rosto nas suas costas, não disse isso para ele ainda, mas tenho medo de aprender a dirigir, é mais fácil apenas deixá-lo me levar para onde ele for, tenho medo de fazer alguma besteira ou causar algum acidente se tomar o controle da moto, como machucar alguém ou arranhar a moto e draken ficar bravo ou simplesmente não souber o que fazer...dirigir uma moto significa independência e liberdade, desperta em nós o instinto selvagem e quanto mais penso nisso mais percebo que meu medo não é sobre pilotar e bater ou causar algum acidente e sim de ter minha liberdade.
- Qual é, minha garota tem que andar de moto- fala alto para que possa escutar
- Me ensina quando tiver tempo - respondo quando ele vira na nossa rua.
- Você ainda não me disse como foi seu dia! - retomo minha pergunta que foi ignorada antes quando ele adentra no estacionamento.
- Tranquilo, nada de importante- disse rápido e indiferente, mas antes de brigar por mais informações ele agradou minhas pernas puxando sobre seu troco para me prender nele e saiu da moto fazendo cavalinho - Vamos ver um filme?
Draken não era do tipo que falava muito da sua vida ou do seu dia a dia e isso me trás insegurança, não sei se estou sendo um bom apoio, estou morando na casa dele, usufruíndo da sua gentileza e do seu apoio e sinto que não estou retribuindo da maneira correta.

Estávamos vendo um filme de suspense qualquer e comendo as sobras da geladeira, enquanto olhava para meu prato com a comida, já não tão apetitosa como no dia que foi preparado, veio uma pergunta besta em mente
- Qual sua comida preferida?
- Porque a pergunta?
- É só uma pergunta,  responde logo!
Ken pensou por alguns segundos antes de responder
- Curry quente
- Sério? Porque?
- Era o que eu comia quando criança.
- Interessante.
- E você?
- Não tenho preferência - pensei no que comia na minha infância..  maçãs estragadas ou coisas que meu pai esquecia de comer, passei por momentos de fome enquanto não conseguia arrumar dinheiro do meu jeito, mas não iria falar isso para ele, não queria estragar o clima - Gosto daquele yakisoba do seus amigos gêmeos  - respondi por fim para ele não me questionar e não era uma mentira, realmente a comida deles era deliciosa, teria tido uma infância feliz só comendo aquilo.

Ken saio pela manha de sábado bem cedo, disse que ia encontrar alguns amigos e nem me importei, tinha planos para hoje, pensei bastante durante a noite no que fazer para agrada-lo e decidir fazer um jantar romântico, mas não fazia ideia por onde começar.. sou péssima na cozinha.
Comecei procurando alguns vídeos de receitas e fui no mercado comprar os ingredientes e escolhi um vinho tinto seco para esquentar as coisas depois.
Quando cheguei em casa comecei a fazer a receita do curry colocando a carne de porco na panela e assim que estivesse dourada, tirei e coloquei os outros ingredientes com os legumes para aproveitar o sabor da carne que tinha acabado de retirar, estava seguindo a receita sem problemas, mas quando estava quase pronto eu fiquei com o pouco de vergonha dos meus planos, talvez esteja forçando demais fazendo seu prato favorito em um jantar romântico.. e se ele rir de mim por ter feito esse prato tão infantil e simples? Fiquei tão nervosa com isso que peguei a receita, coloquei em um pote e guardei na geladeira, precisaria de um plano B, por sorte eu tinha comprado bastante ingredientes, por fim resolvi fazer um risoto de camarão, apesar de ser um pouco mais difícil se eu seguisse a receita daria tudo certo, né?
Comecei os preparos, mas não tinha pensado que limpar os camarões seria tão nojento e difícil, perdi muito tempo nisso pela vontade terrível de vomitar com suas patinhas me tocando e por ser escorregadio quase perdi o dedo umas 2 vezes, mas quando já estava irritada com esses crustáceos senti um cheiro de queimado, quando virei o pano de prato estava queimando na boca do fogão que tinha esquecido de desligar, entrei em desespero e joguei o pano na pia e liguei a torneira, tudo estava dando errado..

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