Capítulo 21

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Draken

A lata de Coca-Cola jogada para mim enquanto estava distraído quase causou um olho roxo, mas consegui pega-la no ar.
- A idade tem te deixado lento- diz mitsuya com um sorriso lateral
- Vai se fuder - respondi e abri a lata tomando um gole.
Mitsuya sentou ao meu lado nos degraus que levava ao templo, nossas motos estavam estacionadas próximas.. está aqui trás uma nostalgia.
- 12 anos - começou mitsuya pensativo soltando um longo suspiro antes de continuar - Esses degraus ainda estão os mesmo desde aquela época.
- Pois é, o tempo passou rápido desde que a Touman foi absolvida.
- Você viu o Mikey?
Demorei um pouco antes de responder escolhendo minhas palavras
- Sim, ele ainda está estacionado no tempo, mas está bem.. está seguindo da maneira correta- Mikey não está diferente do que esperava, ele apenas é confuso no que quer da vida- e você mitsuyaPah comentou que você alugou outro estúdio, pelo visto as coisas vão bem.
- Estou me esforçando, está tendo muita demanda então fico dias trancado no estúdio.
- Você era o único de nós que tinha certeza que subiria na vida- isso era tão óbvio, mitsuya costurou centenas de uniformes, desde sempre soubemos que o lugar dele não era sendo um delinquente e sim um artista. Tenho orgulho dele.
- Que cara séria- jogou o corpo para trás apoiando os cotovelos nos degraus da escada - sabe, tinha momentos que pensava " o que o draken faria"
- Por isso levou tanto tempo para sua carreira dá certo - provoco
- Talvez - seu rosto transmitia tranquilidade, apoiei meus cotovelos nos degraus também acompanhando seu olhar para as nuvens, hoje estava um dia bonito, ficamos assim uns segundos e achei que não ia dizer mais nada, mas ele prosseguiu - Quando você tem algo no seu caminho, você continua em frente e chuta a pedra para longe, não desiste ou desvia, era isso que me motivava.

Quando tive certeza que ele não ia mais falar nada me levantei sacudindo a sujeira da roupa
-Tenho que voltar para casa.
- Agora tem uma nova capitã- comenta tirando sarro - Leva ela no estúdio qualquer dia, quero fazer uma roupa para ela.
- Tá bom - comento pegando minha moto e observo mitsuya fazer o mesmo com a moto dele.
-EI ! - chamo virando a moto na rua, mitsuya olha para mim - Se cuida.
- Se cuida! - me responde com um sorriso aberto.
O ronco das nossas motos criaram uma sinfonia enquanto saia por lados opostos levantando um pouco de poeira do chão sujo, esse era nosso jeito de se despedir porque nunca era um "adeus" de verdade.

-Cheguei! - anunciei passando pela porta, escutei um barulho alto na cozinha de coisas caindo e passos correndo
- Chegou cedo! Cedo demais! - Falou minha garota com o rosto um pouco vermelho e tinha alguma coisa manchando sua bochecha.
- O que está aprontando, abelhinha? - uso o apelido porque sei que detesta.
- Resolvi fazer uma comida decente hoje, não me atrapalhe! - fala voltando para cozinha, segui ela.
- Desde quando você inventa de ser mestre-cuca?
- Vai se fuder, idiota - fala grosseiramente, mas a Vejo morder e mastigar os lábios. Ela estava com vergonha, tímida..  Ela nunca se arrisca na cozinha, olho ao redor e vejo o vinho e entendo a situação.
Prefiro não provoca-la mais e deixo que se concentre no que está fazendo, sento e apoio o braço na bancada assistindo ela cozinhar. Gosto de fazer isso, vê-la focada, admirar sua feição enquanto seu cérebro fervilha.. é a mesma coisa quando a vejo estudar, como sei que esses tempos tem sido importante para ela então evito ao máximo distraí-la,  apenas sento próximo e a observo.
Tento ao máximo não rir vendo suas trapalhadas, s/n se vira brava me repreendendo com o olhar ou palavras várias vezes.
- Aqui - diz brusca me servindo um prato - Prove! - manda
Tenho certeza que o objetivo dela era fazer algo mais romântico, mas ainda é difícil para nós dois, então aprecio seu esforço. Olho o prato e não consigo evitar de sorrir sentindo um aperto forte no coração, nunca cozinhavam para mim antes.
Pego o garfo e dou uma garfada.... olho para ela achando que era uma brincadeira, mas seus olhos escaparam do meu, voltei a mastigar em silêncio.
- Eai? - pergunta com os um micro brilho no olhar
Engulo com dificuldade e se não fosse macho certeza que sairia uma lágrima do meu olho
- Está uma delícia, querida - dou um sorriso para completar a resposta, s/n abre um pouco a boca em um sorriso, me olhando gentilmente, mas logo voltou para um olhar de suspeita.
- Mentiroso - fala antes de pegar uma colher e enfiar diretamente na panela recolhendo um monte desse veneno, ao enfiar na boca consigo ver seu rosto se repuxar em uma careta - Tá com gosto de cu - choraminga se agachando sobre a bancada e me pergunto se ela realmente conhece o gosto do cu de alguém. 
- Que isso abelhinha, só está um pouco salgado, na próxima tentamos fazer juntos- digo tentando anima-la.
Apesar da comida está horrível eu amei vê-la fazendo isso, vou até a geladeira para pegar água, mas vejo um pote dentro que não estava lá antes de sair de casa, rapidamente ela me empurra ficando na frente da geladeira.
- O que foi?
- Nada, só não abre a geladeira.
- Endoidou? Dá licença aí garota.
- Por favor draken.
Sinto meus olhos brilharem em desafio, me afasto alguns passos da geladeira e quando vejo o alívio chegar no seu rosto avanço rápido sobre ela pegando seu corpo e a jogando sobre os ombros
- NAO DRAKEN,  ME SOLTA!! - Se esperneia enquanto abro a geladeira retirando o pote da geladeira
- Que fofa, você fez isso também? 
- Seu cuzao! - grita socando onde conseguia alcançar
Abro o pote e vejo o que tem lá dentro
- DESGRAÇADA, VOCÊ MORDEU MINHA BUNDA? - a solto bruscamente, mas a apoio com a perna para que não caia de cara no chão
- Te falei para me soltar!
- Mas precisava morder minha bunda?
- Você não me deixou escolha
Ela olhou o pote e tentou alcança-lo, mas fui mais rápido o erguendo acima da cabeça
- Para com isso, me deixa provar - falo já irritado com sua teimosia
- Não quero que prove! - tentava pular para pegar o pote de mim.
- Tá bom - digo por fim colocando o pote no micro-ondas para esquentar
- Não está me escutando?
-Estou sim
Agarro um de seus braços a jogando pelo ombro e com o outro braço agarro sua coxa a deixando nos meus ombros, não queria correr o risco que ter a outra nádega mordida.
S/n me xingava enquanto andava com ela pela casa até chegar no nosso quarto, jogo ela na cama de forma brusca e fecho a porta rápido voltando correndo para cozinha no tempo certo de esquentar a comida e levo uma colherada na boca.
- Arrombado- fala me alcançando, mas já é tarde, estou dando outra colherada e ela finalmente desistiu de continuar me xingando e fica quieta.
- Está bom? - pergunta por fim
- Está perfeito - as palavras saem quentes - É exatamente igual ao que comia na infância, está perfeito... você fez sozinha?
Ela concordou tímida ficando vermelha, mas voltando com o brilho no olhar
- porque não estava querendo me deixar provar? 
- Achei que estaria ruim e pensei que fosse caçoar da minha cara por ser um prato simples
- Abelhinha, você deixou minha noite bem melhor agora, poderia ter feito apenas isso desde o começo, porquê caçoaria de você se esse prato simples é o meu favorito? Teria me poupado de provar aquela sua gororoba com gosto de cu que você fez.
Ela começou rir, uma risada completamente sincera e doce, uma que nunca a vi fazer antes, daquela que contagiava o ambiente, lacrimejava os seus olhos e causaria soluços depois, me encantei com isso e fiquei a olhando.
- O que foi? - perguntou confusa com a mão no coração
Me aproximei retirando uma lágrima do canto do seu olho
- Faz de novo - pedi
- Comida ruim?
- Não, ria novamente
- Seu estranho  - diz me empurrando de leve ainda com o resquício do seu riso e se apoia no balcão pegando o vinho da mesa - Abre para mim?
Abri a garrafa e te entreguei, enchemos duas taças e começamos a compartilhar o curry quente, não era um jantar romântico, mas funcionava com a gente, passamos um tempo conversando, brincando sobre a situação e rindo.
- Porque fez isso hoje? - perguntei curioso
- Você parecia cansado- deu de ombros - não me falava o que acontecia, você não fala como foi seu dia ou sobre sua vida se não te perguntar várias vezes e sinto que não estava sendo uma boa namorada - vi seus olhos se arregalar com sua confissão, talvez tenha sido a bebida, mas também corei um pouco, lógico que estamos namorando, mas foi a primeira vez que realmente nos dirigimos como namorados e isso foi estranho e me causou um forte sentimento de culpa, tenho sido muito fechado com ela e isso pode ter causado inseguranças na sua cabeça, talvez ela tenha pensado que meus sentimentos por ela tenham esfriado e se sentiu na obrigação de me agradar.
Acolhi ela em meus braços a abraçando calorosamente
- Me desculpa, tenho sido um péssimo namorado.
- Não, você tem sido um otimo namorado, não precisa de desculpar - suas palavras saíram rápidas.
Meu Deus, essa mulher é muito fofa, um dia ela ainda me mata
Abaixei e peguei seus lábios em um beijo com gosto do curry quente, pelo menos era melhor do que o gosto do seu outro prato.
Logo o beijo ficou mais intenso, nem percebi o momento que a coloquei sentada no balcão ou quando criei coragem para dizer o que disse
- Eu te amo.
S/n se assustou parando o beijo e me olhando
- O que? Diz de novo!
- Não consigo mais evitar não dizer isso, abelhinha, eu te amo.
Ela permaneceu me encarando, olhando diretamente nos meus olhos.
- Não quero que você retribua minhas palavras, porque quero que elas sejam sinceras, mas eu vou me esforçar mais para demonstrar meu amor por você, para que você não se sinta insegura ou preocupada, combinado?
Ela abaixou a cabeça concordando mastigando novamente os lábios
- Draken! - Falou mais alto, seus olhos cheios de medo e algo que não sabia o que era, mas tinha algo selvagem ali - Não conheço esse sentimento então não sei se é isso que sinto, mas você é a única pessoa que quero poder amar um dia, por você eu enfrento meus medos.. então acho que te amo também - dessa vez saiu em um sussurro.
Coloquei minha testa na sua e começamos a sorrir feito dois bestas, peguei sua bunda e a impulsionei contra mim e suas pernas se enrolaram em torno na minha cintura e a carreguei até o quarto
- Quer transar agora? Não quer terminar o vinho antes? - perguntou em meio aos beijos
- Tenho que retribuir algumas mordidas antes.
Digo passando pela porta e a fechando atrás de mim.

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