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    Após terminar de se trocar, Kaine e Max voltaram para perto da fogueira e começaram a arrumar as coisas para poder cozinhar algo.

    Lyanna continuava a olhar de tempos em tempos o que eles estavam fazendo e várias vezes pegou Max a olhando para Kaine e dava um sorriso zombeteiro como se dissesse “você tem que conversar com ele”.

    Quando o jantar já estava pronto, o garoto veio até as três mulheres que estavam no canto perto da barraca conversando e fez sinais com as mãos dizendo que já era a hora de comer, mas para a bruxa ruiva o garoto continuava a dar aquele sorriso e aproveitou na hora que ela se levantou para dar um empurrão nela e fazendo um movimento de cabeça em direção de Kaine.

    - Isso aqui está uma delícia - Bea disse terminando de comer.
   
    - Muito bom mesmo, você realmente é um homem prendado hein - Zola disse dando uma risada.

    - Eu tento - Kaine ria das gracinhas das duas - Eu cacei o bastante por uns quatro dias e também coloquei comida e água para os cavalos, assim estaremos seguros enquanto essa tempestade durar.

    - Estaremos aqui em um lugar seco e quente, com comida, bebida e um lugar para dormir enquanto meu irmão corre por aí, e eu nem sei o motivo disso - a lobisomem suspirou e olhou para a boca da caverna vendo a chuva cair de maneira torrencial.

    - Acho que ele precisa desse tempo - Kaine falou olhando para Zola e dando um sorriso apertado - Nem sempre podemos enfrentar as batalhas com as pessoas que amamos, às vezes só podemos olhar de fora e torcer por eles.

    - Então a única coisa que eu posso fazer é olhar?

    - Podemos apoiar, podemos torcer ou mesmo os preparar para enfrentar as batalhas e rezar aos deuses para que eles saiam ilesos, tanto fisicamente quanto mentalmente.

    - Mentalmente? - Lyanna perguntou curiosa.

    - Infelizmente já vi pessoas entrando em batalhas e saindo com o corpo sem nenhum arranhão, mas em suas cabeças e almas algo tinha quebrado, alguma coisa mudou e os fizeram deixar de ser eles mesmo, viravam uma sombra do que eles já foram.

    - Você fala como se já tivesse visto isso - Bea sussurrou para Kaine.

    O homem deu um suspiro e olhou para Max que tinha acabado de comer e brincava passando as mãos pela cortina de água que caía na boca da caverna.

    - O pai dele foi um que se quebrou - Kaine disse apontando com a cabeça para o garoto - E minha mãe também.

    - E o que aconteceu? - Lyanna perguntou baixinho olhando para Max.

    - Meu pai acabou morrendo no meio dessa guerra toda, ele entrou no meio para proteger Max e eu, minha mãe nunca mais foi a mesma depois da morte de meu pai, cresci vendo ela pelos cantos e sendo uma sombra da mulher que ela um dia foi. O pai do Max era melhor amigo do meu pai, ele saiu com vida mas perdeu os movimentos das pernas e atualmente depende quase que cem por cento de sua mulher, às vezes tem crises de raiva por não poder andar.

    - Por isso que você fica com Max - Zola afirmou vendo como Kaine ficava abalado com toda essa história.

    - Sim, tento ajudar os pais deles de alguma maneira, e como eu havia dito, o garoto é como se fosse meu irmãozinho mais novo, adoro ter ele por perto.

    Após a conversa um pouco pesada, os quatro terminaram de comer e Bea junto com Zola foram para a barraca enquanto Lyanna ficava com Kaine o ajudando a arrumar as coisas e depois ficaram brincando um pouco com Max que veio todo sorridente mostrando algumas pedras diferentes que ele tinha achado.

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