1. Vingança

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Então, amigos e amigas, essa obra é infinitamente uma querida para mim. Por tal apreço, a dedico a quem eu amo de paixão por ser uma amiga escolhida pelo meu coração.
Até rimou!

Parabéns minha querida, você que é minha escritora preferida e é um tesouro no meu mundo de fanfiqueira. tulipa_bane



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Alexander

Outubro de 1716


Liberdade.

Algo bastante estimado em todas as épocas.

Eu não lembro um poema que li ou um livro que já tenha terminado em que esse tema não fosse explorado tão vorazmente. E não é para menos.

Não existe sensação melhor do que poder ser quem você quiser ser, ir aonde você quiser ir, e expressar-se de maneira livre e espontânea. Pelo menos na teoria, essa tem sido minha opinião durante todos os meus dezessete anos de vida.

Liberdade para mim tem cheiro de oceano. Aquela sensação de encarar o infinito traz-me um breve momento de paz e reflexão. Aquele momento só meu, em que a natureza por si mesma empresta-me ou eu simplesmente a pego sem aviso prévio, eu não sei dizer qual dos dois. Aquela brisa fria que envolve todo o meu corpo, desde meus longos cabelos, minha barba rala, meus braços desnudos e o resto do meu corpo superficialmente, traz-me uma lembrança do meu antigo lar.

Essa era a dualidade da minha vida.

Ao mesmo tempo em que eu aprecio toda essa sensação do mar, do vento na pele, do gosto salgado nos meus lábios, da luz do sol matinal banhando-me todo santo dia, toda essa paz interior que eu invoco diariamente ao deslocar-me para onde estou agora, tudo isso também traz-me aquela dor dilacerante no meu peito. É a dor da perda. Aquela que você nunca supera. Nunca esquece. Nunca te abandona. Lembrar de minhas origens era uma constante lembrança de que eu a perdi para a morte e ela nunca mais voltaria.

Fecho os olhos novamente e sinto todo o horizonte à frente, eternizando o momento o mais longínquo possível.

Eu tenho os mais diversos tipos de sentimentos no peito, que eu poderia dizer que estão guardados, mas a palavra certa que eu usaria seria acumulados.

Eu tenho sentimentos acumulados por tanto tempo no meu peito.

Eu tenho sentimentos de amor. Eu amo a sensação de liberdade, apesar de não ser livre. Navegar traz-me isso. Eu amo a personalidade forte do clima que muda de repente, de um sol luminoso em um belo dia de verão para um dia nebuloso com tempestade e trovões. Eu queria poder ser assim, mas eu sou constante demais para isso. Eu amo meus irmãos que respeitam-me por minha própria essência. Eu amo poder imaginar como seria se eu pudesse amar alguém de minha própria escolha. Mas eu também tenho sentimentos de ódio e medo nesse mesmo coração. Enojo-me pela sociedade hipócrita em que eu vivo, que repudia quem é diferente. Odeio ter que obedecer sem um motivo justo. Tenho medo de nunca ser completo. Tenho medo da solidão eterna, mesmo sabendo que, por ora, ela abraça-me tão bem. E o sentimento que tenho e que mais traz-me agonia e destruição dentro do meu peito: vingança. Um dia eu a teria, cedo ou tarde.

Eu aprendi a lidar com meus sentimentos de uma forma prática e rápida porque essa era a minha nova vida há quase dois anos. Eu não sou quem eu deveria ser hoje, eu não falo o que eu realmente gostaria de falar para os outros. Eu sou uma versão encoberta de quem eu deveria ter tornado-me. Eu sou um reprimido, enegrecido demais pelas sombras da morte, para sentir o brilho que a vida têm a oferecer-me.

Barba NegraOnde histórias criam vida. Descubra agora