- E então?
- Eu espero que você beije bem, Meredith - Callie murmurou puxando o braço da loira que estava praticamente do seu lado, sendo interrompida pelo o grito de Addison, que não aceitaria aquilo de braços cruzados - No jogo a regra é clara, podemos escolher quem iremos beijar, e eu quero beijar a Meredith.
- V-você n-não pode me b-beijar.
- Porque? Quero bons motivos, loirinha.
- V-você gosta da Arizona, e e-eu gosto d-da Addison. N-não é c-certo.
Addison sorriu docemente para ela, sabendo que havia sido uma reposta sincera e inocente, e Callie por fim se convenceu que sua melhor amiga estava tentando apenas ajudá-la. Mas ela não poderia fazer aquilo, amava Arizona, gostava mais de Arizona do que dela mesma, mas era errado, o coração da loira pertencia a outra garota, a Lauren.
- Eu... não quero mais brincar disso.
- Hey, Callie, está desistindo?
- Isso foi golpe baixo, Jennie, eu não... vou beijar a Arizona.
- Para de frescura eu estou tentando te ajudar.
- Não, você só está piorando as coisas na minha cabeça.
- A-acho que quem está o-piorando as c-coisas é o álcool e a s-sua teimosia, Callie.
- Cala a boca, garota estranha.
- Não fale desse jeito com ela!
- Que... que se foda.
A menina se levantou cambaleando indo até o sofá e se jogando ali. O clima ficou completamente pesado e pela conta da hora, Addison e Meredith decidiram ficar ali aquela noite. Por mais que ela quisesse, e que sua melhor amiga a estivesse dando um empurrão, tudo conspirasse a favor a ela e Arizona, Callie sentia cada remorso pela dor causada a tempos atrás, culpando cada expectativa, culpando cada esperança e principalmente a ela mesma por não ter chegado a tempo. O tempo. Poderia sempre parecer presente, sempre andando, ele geralmente não era amiga de nenhuma daquelas quatro garotas, uma não sabia a quanto tempo mais aguentaria esconder um sentimento que apenas crescia em seu peito por sua amiga. Outra não tinha noção de quanto tempo levaria para que alguém percebesse sua dor. Já outra, queria saber por quanto tempo mais teria que levar consigo todo o seu passado sombrio, junto a mil segredos. E por fim, outra não sabia quando finalmente poderia se controlar e amar sem machucar alguém como sempre fazia.
O aliado naquele momento não era o tempo, não era a verdade muito menos a confiança, poderiam ser amigas, Callie, Addison e Arizona poderiam ser amigas a anos, mas cada segredo, aumentava uma brecha que criava um abismo que afundava cada uma para um mundo de ilusão dividida para as ambas garotas. E agora puxando mais uma para o seu centro escuro e monstruoso. Elas tinhas que dividir, tinham que ter confiança, alguma promessa.
Apenas uma promessa complemente verdadeira pela parte das quatro poderiam mudar suas vidas de uma forma fantástica.
Mas o medo... o medo era evidente em cada olhar, em cada olhada, em cada uma. E aquilo deveria ser combatido por cada uma, pessoalmente e individualmente.
Addison observava a sombra de baixo da porta passar de um lado para o outro, sorria em saber que Meredith provavelmente estaria perdida no enorme banheiro da sua amiga, seus pensamentos - tanto bons quanto ruins - a seguiam desde manhã, as mensagens, a traição dupla, não só afetando a ela mas como o seu ego em contar a sua melhor amiga, se é que ela já sabia de tudo. Odiava pensar por tanto tempo, nunca resultou em coisas boas, mas naquele momento cada pedaço de pensamento ia para uma gaveta na qual ela lembraria mais cedo ou mais tarde.
- M-muita informação p-para um banheiro só.
- Arizona é decoradora, por isso de tantas coisas.
- É b-bonito.
Addison assentiu tirando o seu casaco e o jogando na poltrona perto da cama, puxando o grande e macio edredom para poder se deitar ali. Fechou os olhos logo sentindo a cama dar uma leve afundada junto a um perfume já bem conhecido por ela se tornar fracamente mais forte. Meredith encarava o teto, sua cabeça meio que viajava pela sua imaginação, coisas e mais coisas nasciam, a maioria boas, a maioria havia Addison, mas havia uma, uma pequena "ovelha negra" que a assombrou até mesmo quando se encontrava levemente feliz. Seu suspiro triste fez Addisom se virar para ela, a loira não conseguiu ou apenas não quis encarar a ruiva, que mantinha os olhos fixos na menina, acho que não sabia lidar com aquilo, e sabia apenas que se sentia muito envergonhada quando Addison a encarava por mais de um minuto.
- Você gosta de pensar não é mesmo?
- D-depende.
- Quando você escreve, no que você pensa?
- Hum... nas c-coisas boas da v-vida. N-não sei ao c-certo.
- Posso te pedir algo? - a loira assentiu - Pode fazer um daqueles textos pra mim, agora?
Meredith olhou para Addison com as bochechas levemente rodadas, mas sorriu, fechou os olhos não sabendo o que ia falar ao certo, mas tentando do mesmo jeito.
- As lágrimas que você derruba durante a noite, o choro silencioso debaixo do seu chuveiro, ou apenas aquele sentimento de impotência que tem durante o dia inteiro, são sinais nos quais você é mais forte do que pensa, você enfrenta coisas em silêncio pois sempre pensa que sobrecarregara outra pessoa com os seus problemas, pelo ao contrário, você ainda é capaz de aguentar os problemas de outras pessoas. Você não é fraca por chorar escondida, não é fraca por se sentir sozinha ou com medo, você é mais forte do que a metade da população humana, você apenas precisa acreditar na sua força.
Addison ouviu tudo atentamente deixando algumas lágrimas caírem pelo o rosto, a voz séria de Meredith a fez entrar em um transe que foi quebrado pela súbita vontade de beijar a garota ao seu lado. A ruiva então acariciou a bochecha da menina se aproximando cada vez mais, a dança já muito bem ensaiada de suas línguas fizeram a música daquela noite fria, as mãos de Meredith inquietas pelas costas e pela cintura de Addison, a apertando conforme a língua da ruiva invadia cada espaço reservado justamente para ela, Addison se sentia nas estrelas, não sabia mais usar algum termo específico para a sensação que o beijo de Meredith a trazia, apenas sabia que era mágico.
Sendo mais ousada, Meredith se migrou para cima do corpo de Addison se acomodando entre suas pernas deixando suas mãos nas coxas da ruiva, dando leves apertos uma vez ou outra. Os dedos de Addison já sabiam bem o seu destino principal que acabavam sempre nos fios da menina, tão macios quanto cheirosos. O silêncio sendo quebrado apenas pelo o barulho que o estalado beijo fazia e o farfalhar do edredom conforme elas se mexiam procurando uma posição confortável.
O ar começava a ficar ralo, fazendo Meredith descer a boca pelo o pescoço de Addison que aprovou a situação tombando sua cabeça para o lado, os dentes da loira tocou levemente a pele clara antes de um chupão relativamente forte ser depositado ali fazendo Addison suspirar um pouco mais alto que antes. Não se importava com a marca que ficaria, apenas sentia cada carinho simples que a menina em cima dela fornecia, e não queria parar tão cedo.
- S-seria errado f-fazer isso aqui, n-não acha? P-por ser a casa da sua a-amiga.
- Sendo com você, qualquer lugar pra mim vale.
- N-não é romântico o s-suficiente - Meredith sussurrou voltando a marcar o pescoço da ruiva, mas dando apenas beijos leves quando via uma parte já bem claramente marcada - E n-não tem a p-privacidade da qual n-nós precisamos. Além de ser l-levemente em-embaraçoso.
Addison suspirou sabendo que ela estava certa, seu interior estava quente, ela estava começando a suar de um modo bom, mas realmente não se sentiria a vontade fazendo aquilo na casa da sua melhor amiga.
Então com o pensamento e o sonho parcialmente engatilhado, as duas pegaram no sono, com um sorriso diferente nos lábios.
As coisas mudariam dali para frente.
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𝙻𝚎𝚝𝚛𝚊𝚜 - 𝐌𝐞𝐝𝐝𝐢𝐬𝐨𝐧
Fanfiction[CONCLUÍDA] Uma vida normal, sem regras, sem arrependimentos. Era assim que Addison vivia. Do outro lado da parede, uma menina insegura, com traumas, com medo, e sem comunicação com o mundo. Isso muda quando Meredith descobre um lápis e papéis de c...