IX

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Atlas Hartmann era uma pessoa simples. Ela estava triste e agora, simplesmente não estava mais. Ou talvez ela só estivesse se deliciando com a imagem de Albedo vermelho de vergonha depois de abraçar ela para esquecer seus problemas, mas quem poderia julgá-la? O homem de quem ela gostava a dois anos estava dando claros sinais de que sentia o mesmo, isso não era mais sobre criar expectativas, era recíproco e era bom. Bom o suficiente pra deixar a cartógrafa nas nuvens, cantando músicas de amor enquanto descia as escadarias da cidade. Ah, Atlas Hartmann, sempre apaixonada...

Além disso, ela foi autorizada a voltar à ativa e sua vida estava finalmente voltando ao normal. Será que os humilhados finalmente estão sendo enaltecidos? Ela sorriu, até perceber que alguém poderia achar que ela era louca por sorrir para o nada e então fechou a boca.

Antes de ir para casa, precisava fazer uma parada no bazar da Blanche. Afinal, nem só de felicidade vive o homem, e os ingredientes da Blanche sempre foram os melhores. Depois de comprar tudo que precisava, Atlas percebeu que desde que acordara, ainda não tinha ido ao Caçador de Cervos e falado com Sara. Talvez eu não deva ir. Ela pensou. Sara nem deve ter sentido minha falta, ela é só uma vendedora.

Seguiu direto até sua casa, se limitando a apenas acenar com a cabeça para Sara. Esta, no entanto, fez questão de chamar Atlas e perguntar como ela estava. Para a surpresa da cartógrafa, Sara realmente havia percebido sua ausência nos últimos meses, mas, devido ao sigilo da operação, nem ela nem os outros civis da cidade sabiam sobre o acidente. Atlas se limitou a dizer que esteve em coma por causa de um incidente de trabalho, sem especificar o que aconteceu. Sara, em choque por causa da explicação, deu de presente para ela a recomendação do dia e pediu que voltasse a frequentar o restaurante.

 Atlas chegou em casa ainda mais alegre. Quando Fischl a viu cantando, sabia que algo havia acontecido.

- Que mulher te deu atenção?

- O que?

- Pra você estar tão feliz assim.

- Por que uma mulher? Poderia ser um homem também, você sabe que eu gosto dos dois.

- Porque você só ficaria tão feliz com atenção masculina se ela viesse do Kaeya ou do Albedo.

Atlas ollhou horrorizada para Fischl. Desde quando a língua dela havia se tornado tão afiada?

- Eu não fico feliz com atenção do Capitão Kaeya. Principalmente agora que eu odeio ele.

- Você não odeia ele, o Kaeya é o mais próximo que você tem de um pai. E ele é tão presente na sua vida, ao contrário do seu pai verdadeiro, que isso te assusta e te faz ter raiva dele.

- O que caralhos aconteceu com você hoje? 

Fish sentou irritada no sofá.

- Me chamaram de Amy hoje.

- Oh.

Isso era um problema. Fischl, a princesa vinda de outro mundo, com sua elegância distinta e palavras difíceis, era apenas um personagem. Seu nome real era Amy, filha de pais ricos e conservadores que incentivaram a criança a alimentar suas fantasias até que ela crescer e tudo ficar "estranho demais". Quando seus pais começaram a brigar com ela por ser tão infantil e fugir da realidade, Amy já não conseguia distinguir suas fantasias do mundo real. Ela se tornou Fischl, em todos os sentidos.

Contudo, toda vez que alguém a chamava pelo nome de batismo, sua cabeça se confundia, e ela, de certa forma, voltava a ser Amy, mas de um jeito amargo e raivoso. Como se a realidade a atingisse do pior modo e agora ela tentava "enfiar essa realidade na goela" de todos que estivesse por perto, apenas para não encarar a própria.

my lost harbinger (Childe/Tartaglia fic)Onde histórias criam vida. Descubra agora