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Acompanhar Tartaglia no Festival, que ideia horrível. Era simplesmente a pior sugestão que Atlas já tinha ouvido em sua vida inteira, uma loucura. Ainda assim, lá estava ela, andando ao lado dele. Porque ela jamais se sentiria segura se deixasse ele sozinho no meio da multidão. Se seu trabalho era protegê-lo dos Fatui, o melhor jeito de fazer isso era ficando perto, ainda que isso fosse uma tortura.

- No que está pensando, camarada?

- Assassinato.

- Você é mesmo esquentadinha. Gosto de garotas assim.

Você quer é uma pica bem grossa no seu c-

- Vamos ficar andando pra lá e pra cá sem comprar nada o dia inteiro? Se é assim, você deveria voltar para a catedral.

- Está louca pra se ver livre de mim, não é?

Atlas não respondeu. Apenas olhou para ele com o sorriso mais sarcástico que conseguiu encontrar.

- Ora, não seja assim. Porque não conversamos? Assim você verá o quanto eu sou legal.

- Não.

- Você me magoa, camarada... Mas está tudo bem, eu ainda planejo fazer você rir mais vezes!

Mais vezes? Ele realmente planejava infernizá-la pelo resto da vida? O que aconteceu com "não vou mais ficar no seu caminho?".

Childe costumava parar para dar uma olhada nas barracas, até mesmo conversava com os vendedores. E para a surpresa de Atlas, ele era ótimo falando com as pessoas, simpático e sempre cheio de assunto, fosse o vendedor uma criança ou um idoso. Já ela apenas ficava atrás dele com a mesma expressão séria. Até que uma vendedora percebeu isso e viu uma oportunidade de fazer dinheiro.

- Por que não compra estas flores para sua namorada? Ela parece tão triste atrás de você.

- Eu não sou- 

Atlas tentou se explicar mas Childe a interrompeu.

- Ela não é do tipo romântica, me entende? Flores? Não, ela prefere me ameaçar com uma espada na garganta. É o jeitinho dela.

- Toda mulher gosta de flores, meu jovem.

Eu não sou mulher e vou matar esse desgraçado, era tudo que Atlas conseguia pensar.

- Ela não é mulher, mas obrigada a tentativa. - Ele pegou uma Cecília, deu o dinheiro e a colocou no próprio cabelo. - Usarei a flor eu mesmo, já que a senhora foi tão atenciosa.

Ele voltou a andar, mas Atlas não poderia estar mais confusa.

- Como você sabe?

- Como eu sei o que?

- Que eu não sou mulher.

- Quando acordei, queria saber tudo sobre a garota em coma. Então fiz umas pesquisas. Não posso dizer que entendo seja lá o que você é, mas já vi coisa mais estranha por aí. Digo, uma pessoa sem gênero é totalmente compreensível, mas alguém consegue me explicar o que caralhos são essas estátuas espalhadas pelas nações?!

Atlas começou a rir. As famosas e misteriosas estátuas realmente eram uma incógnita para todo mundo. Menos para o Cavaleiro Honorário, que costumava aparecer bem ao lado delas de repente-

- Você riu.

- O que?

- Nada. Posso perguntar uma coisa?

- Depende.

- Atlas sempre foi o seu nome?

- Não, foi o nome que eu mesma me dei quando descobri sobre meu gênero.

my lost harbinger (Childe/Tartaglia fic)Onde histórias criam vida. Descubra agora