BIRRENTO, PORÉM AMADO

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“e não hei de eu ter compaixão da grande cidade de Nínive, em que há mais de cento e vinte mil pessoas, que não sabem discernir entre a mão direita e a mão esquerda, e também muitos animais?” (Jonas 4.11)

Ao longo desse devocional eu vou passeando por essa história que amo desde os seis anos de idade e me lembro do porquê amo tanto.

O livro de Jonas é uma história sobre como Deus é paciente.

Não quer dizer que Ele é condescendente com os nossos erros. O aviso era claro: quarenta dias e Nínive seria subvertida.

Mas é impossível não se emocionar com a forma como Deus insiste em nós.

No nosso mundo, as coisas são descartáveis.

Você usa e, se não funciona mais, jogue fora e compre outro.

Ninguém perde tempo consertando coisas.

E a cada dia mais eu vejo as pessoas sendo tratadas da mesma forma.

Então, me dê alguma explicação pelo fato de Deus continuar insistindo em nós, mesmo depois que partimos o seu coração, mesmo depois que rejeitamos a sua voz, mesmo depois que o deixamos de lado de novo e de novo.

Jonas não entendia como Deus podia se importar com os ninivitas. Tão egoístas, tão pecadores, tão humanos…

Tão nós.

Ele ficou emburrado. Foi até um canto lamentar a própria existência e desejar a morte.

Ficou alegre com uma plantinha e quis morrer de novo depois que ela se foi.

Jonas representa toda a nossa instabilidade. Toda nossa falsa impressão de que temos uma opinião sobre tudo e sabemos como o mundo deveria funcionar.

As coisas não são do jeito que esperamos e isso nos deprime.

Temos lapsos de alegria e depois voltamos à monotonia e à desesperança que nos deixa tão desconfortáveis que até um aumento de temperatura nos faz desejar a morte.

O vento batia na cabeça de Jonas, o sol esquentava seus miolos, e ele ficava mais vermelho de raiva.

Somos crianças birrentas, insatisfeitas. Desejando nossa vingança que chamamos carinhosamente de justiça. Tomando o controle de nossas vidas das mãos de Deus, porque temos um Mestrado em sermos bobocas.

Mas Ele insiste… Eu sei que não mereço. Mas… Caramba, por que é que Ele insiste?

Eu acredito, leitor, que é por isso que a interrogação de Deus paira solta no ar e Jonas se torna um dos três livros bíblicos que termina em pergunta.

“...e não hei de ter eu compaixão?”

Qual a razão? Qual a explicação? Não existe obrigação em sentir compaixão. Nem em perdoar. Nem em dar segundas chances. Nem em ter deixado pessoas horríveis como nós maltratar o seu Filho que só veio ajudar.

Mas Ele ama. Ele insiste.

Eu não consigo enxergar nenhuma razão pela qual Deus me quer, mas Ele me quer.

O melhor que posso fazer é parar de perguntar por que, e deixá-lo me amar.

É o que sempre quisemos, não é?

Um amor incondicional, devastador e imensurável?

Então, é assim que vai ser.

Posso ter fugido, mas o nome dEle está na minha identidade.

Posso ter sido engolido, mas ainda tenho fé.

Posso não enxergar claramente, mas há um sinal.

Posso ser birrento, mas sou amado.

E se sou amado, posso ser quem o Amor quiser que eu seja.

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⏰ Última atualização: Jun 30, 2022 ⏰

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Mais que um fujão: um devocional sobre JonasOnde histórias criam vida. Descubra agora