Capítulo 2

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"Você não precisa dizer que me ama
Você não precisa dizer nada
Você não precisa dizer que é meu

Amor
Eu andaria no fogo por você
Apenas me deixe te adorar"

- Adore You, Harry Styles

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G R A C E H I L L S

UM FATO SOBRE mim: sou a típica garota que escuta músicas autodepreciativas enquanto lê algum livro de Nicholas Sparks ou qualquer outro romance que envolva finais trágicos e clichês. Sei lá, dá mais emoção. Meu espirito dramático suplica para que meus sentimentos fiquem sensíveis o suficiente ao ponto de algumas lágrimas caírem sobre as páginas amareladas. Um choro durante uma leitura é como dar cinco estrelas para cada parte que a compõe.

Molly está de cabeça para baixo enquanto planta uma bananeira em cima da minha cama. Seu rosto está vermelho e ela continua falando sem parar. Torço para que engasgue com a própria saliva e me deixe em paz.

- Mas, Grace - Continua a sua palestra sobre o quão careta eu sou. Não faço questão de me importar com o que ela tem a dizer. Estou muito bem acompanhada de um dos maiores clássicos da literatura britânica: Orgulho & Preconceito, da Jane Austen. - ele é seu vizinho e vai dar a melhor festa de todas! Você tem que ir. É, literalmente, aqui do lado.

- Ele sempre dá festas e no fim da noite quem está com dor de cabeça sou eu. Então, não me enche o saco. - Bufo frustrada.

Sempre é assim quando John Wynton dá alguma festa: Molly vem em casa para se arrumar, fica me convencendo a ir, mas a resposta é sempre um "não", e no final da noite eu quase chego a ligar para a polícia para acabar com a baderna e ter o meu sono de volta. É revoltante ser vizinha de um cara que dá festa quase sempre. É nisso que dá quando se tem pais importantes e viajados.

- G, os seus pais nem estão em casa. Vamos, vai... - Semicerro os olhos em sua direção, torcendo para que sua cabeça exploda.

- Não é só porque meus pais não estão que eu posso ir em festas, Molly. Eu sou responsável, bom? Sem contar que eu não ganharia nada indo nessa festa. Simplesmente, uma perda de tempo.

- Dave Stewart estará lá... - Ela joga o seu corpo na cama, sentando com as pernas cruzadas enquanto me encara. Seus lábios inferiores se contorcem para baixo, tentando me fazer mudar de ideia. - Acho que será uma ótima oportunidade pra você, sabe?

- Até parece. É capaz de eu o ver e gaguejar ou vomitar de nervoso em seus sapatos. - Faço careta, sentindo nojo de mim mesma. Mitchell ri, sabendo que as chances disso acontecer são bem altas. - Eu não sou o tipo dele, Molly. Não me iluda desse jeito - Digo, apesar de amar quando citamos ele em alguma conversa. -, e eu já te disse: ir nessa festa está fora de cogitação. Sem contar que tenho um galo enorme na testa.

Apesar de ter, praticamente, sumido, acrescento em mente.

Por mais que tenha dito essas palavras com tanta convicção, meu coração esquenta com a expectativa de encontra-lo. Rapidamente, checo as minhas bochechas, completamente quentes. Desvio o meu olhar de Molly enquanto respiro profundamente.

Ah, os hormônios...

- Vamos ficar só um pouquinho, por favor. - Ela implora com as mãos juntas.

Balanço a cabeça de um lado para o outro, pela milésima vez.

É óbvio que o motivo da ida dela a essa festa tem um nome e sobrenome: Tyler Baker, o melhor amigo do John e jogador do time da escola. É ridícula a maneira como ela gosta tanto desse garoto. Ele nem dá a mínima para ela. Até pareceu eu, mas a diferença é que a Mitchell é o sonho de qualquer pessoa. Tyler é apenas um idiota que não vê isso.

Com amor, GraceOnde histórias criam vida. Descubra agora