Capítulo 4

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"Eu sempre fui uma garota que vai atrás do que quer. 

Existe verdade em cada palavra que escrevo

Mas ainda as dores da adolescência, as dores da adolescência

continuam me mantendo acordada a noite"

- Growing Pains, Alessia Cara

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G R A C E H I L L S


O JORNALISMO ESCOLAR foi uma das áreas que mais me interessou dentre as opções de cursos complementares que o ensino médio oferece. No ano passado, consegui uma vaga na equipe de jornal como editora de matérias, e, também, como auxiliar na revisão das escritas.

Os requerimentos básicos são: ter disposição para comparecer três vezes na semana — após as aulas — na sala de produção, ter notas acima da média e estar atualizado sobre tudo — ou quase tudo — que acontece nos corredores da California High School.

Não fui muito cobrada sobre o último item, visto que apenas corrijo textos — sem prestar muita atenção no conteúdo, detalhadamente — e personalizo o molde das páginas, adicionando imagens e manchetes criativas.

Assim que o sinal toca, anunciando o fim desse dia meloso e trágico para os solteiros, apresso os passos até a sala ao lado da secretaria, sabendo que o dia será cheio. Em datas com eventos, sempre ficamos aqui até o início da noite.

O ambiente é pequeno, mas é bem valorizado. Há quatro computadores para uso, murais com lembretes ou notícias marcantes, um calendário mensal para nós administrarmos melhor, um ventilador enferrujado preso em uma das paredes e uma vidraça que dá visão à um dos pátios principais. Abaixo dessa, existe um espaçamento que possibilita a entrega e saída de documentos ou, então, recados verbais que os estudantes sugerem para adicionarmos ao conteúdo do jornal.

É legal estar aqui, sem contar que também ajuda no aumento da minha pontuação acadêmica para conquistar uma excelente faculdade futuramente.

— Oi, Trish. — Cumprimento a chefia de redação.

Trish Rogers é a típica soft girl. Fofa, gentil e super antenada sobre todas as novidades. E diferente de muitos, ela não me vê como uma piada ambulante.

— Boa tarde, Hills. — Ela sorri para mim, tirando a atenção da tela em sua frente. Sento-me na máquina ao seu lado. Enquanto espero o computador ligar, aproveito e pego um bloco de anotações para planejar o que farei nesse dia, priorizando os itens mais importantes e urgentes. — Como foi o seu dia? Recebeu alguma cartinha de amor? — Empurra meu ombro, tentando tirar alguma novidade de mim.

As letras garranchudas naquele pequeno pedaço de papel me vem à mente. Ainda irei conversar com a Molly sobre essa brincadeira absurdamente sem graça. Não há possibilidades de ser real.

Nego com a cabeça ao mesmo tempo que digito a senha no teclado do desktop.

— E você? — Pergunto, timidamente, para não ficar um clima estranho caso eu não demonstre interesse no assunto. De qualquer forma, eu não me importo.

— Recebi cinco. — Parece contente. — Mas nenhuma delas é do cara que eu gosto. — Suspira pesadamente.

Com a ajuda de uma caneta, amarro meu cabelo, deixando-o com um coque desleixado. O lugar é um pouco abafado e pela falta de manutenção no ventilador, não temos ar fresco e nem outros meios para nos livrar daqui.

Com amor, GraceOnde histórias criam vida. Descubra agora