capítulo nono

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O ambiente no salão das mulheres estava completamente agradável, mesmo após duas selecionadas serem convidadas a retornar para casa e dar adeus a competição. Elizabeth Turner e Isabelle Morgan foram tiradas da seleção sem motivo aparente. As garotas especularam dizendo que elas possivelmente não chamaram a atenção do príncipe, ou então porque ele precisava eliminar alguém.
Embora Enola soubesse que isso fazia parte do jogo, a decisão de Tewksbury de dispensar duas selecionadas de vez a preocupava. Dessa forma, ela teria pouco tempo parar descobrir a identidade do assassino, e o fato dele estar entre os membros da corte a deixou mais alerta. Ela não queria que nada de ruim acontecesse com alguém.

Precisava agir rápido, antes que outras garotas fossem eliminadas (incluindo ela mesma) e fosse declarada a elite.
Enquanto tentava buscar mais algum resquício de memória que lhe pudesse ser útil no momento, Jane e Penelope jogavam uma entusiasmada partida de xadrez ao seu lado.

A loira acabava de surpreender a adversária, saqueando o bispo branco com o seu cavalo preto. Jane precisava fazer uma jogada de mestre, caso contrário, estaria rendida nas mãos de Penelope. Quando a morena soltou uma exclamação de espanto, Enola retornou sua atenção para as duas.

Os olhos de Jane denunciavam todo o espanto que a mesma sentia, enquanto a feição de Penelope permanecia praticamente intocável, a não ser pelo fato de haver um leve sorriso começando a surgir no seu rosto.

-Oh, céus, eu não tenho ideia do que fazer! - Jane disse enquanto derrubava o próprio rei, concedendo a vitória para a garota a sua frente. -Como você pode ser tão boa nisso, Pen?

-Bom, quando eu aprendi a jogar, também perdia e ficava frustrada. Então o meu irmão me ensinou uma lição valiosa que carrego até hoje. -Ela disse com uma voz nostálgica. -Quando eu olhava para o tabuleiro, tentava focar apenas no objetivo final: a rainha. Entretanto, o meu erro era achar que o melhor jeito de fazer isso era focando em todas as peças ao mesmo tempo, tanto as minhas quanto as do meu adversário. O problema é que eu não prestava atenção no que realmente importava: como o adversário poderia utilizar o meu descuido a seu favor.

-Como assim? Não entendi nada.- Disse Enola.

-Bem, Ivy, é o seguinte. Ao invés de jogar as peças aleatoriamente, eu entendi que deve-se observar como as peças do seu oponente podem afetar as suas peças mais importantes. Antes de avançar uma casa, procure sempre pensar em todas as possibilidades, para não ser pega de surpresa e acabar perdendo a rainha.

Mesmo que Enola não entendesse muito o que a amiga falava, pois a mesma era sempre muito excêntrica, aquilo a fez despertar para uma coisa: ela deveria analisar todas as possibilidades. Com certeza, ela utilizaria aquele ensinamento no xadrez, mas agora, a ocasião era diferente.

-Preciso ir a um lugar. -Ela se levantou abruptamente de seu assento. -Com licença, meninas.

Penelope deu de ombros, mas Jane a encarava com os olhos cerrados.

-Não é nada urgente. Não se preocupem. -Reconfortou-as  -Volto em um instante.

-Quer jogar outra vez? -Pen perguntou.

-Tudo bem. -A outra respondeu.

Depois que Enola fechou a porta, a voz das meninas ficou mais distante e ela começou a andar em passos decisivos em direção à biblioteca. Tinha muito trabalho a ser feito.

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Na biblioteca, era possível ouvir o som de pergaminho sendo rasgado, amassado e jogado no lixo. A pequena detetive estava frustrada. Já haviam vários minutos que ela se encontrava ali, estudando e analisando formas de como agir sem levantar suspeitas, além de tentar decidir como começaria investigando. Sua melhor opção, até agora, era desenhar todos presentes na Corte, entretanto, não poderia fazer aquilo em público, somente em seus aposentos quando já fosse de noite.

Agora, o que ela tentava fazer era um desenho do príncipe, mas aquele maldito cabelo que tampava os olhos dele a todo momento não deixava ela se lembrar das feições de seu rosto. Por isso, a maioria de seus esboços foram parar no lixo.

-Nada mal, eu diria. -Uma voz disse atrás dela, assustando-a.

Ela se virou com medo, mas ao ver quem estava atrás dela, suspirou aliviada.

-Aí está a senhorita.

Ele sorriu.

-O que está fazendo?- inquiriu.

-Apenas tentando matar o tempo e fazendo alguns esboços bobos. -Ela amassou o pergaminho em suas mãos.

-Vais jogá-lo fora? Por quê?

Ela arqueou as sobrancelhas.

-Não quero que veja e ria de mim.

-Bem, para o seu azar, eu já vi. Entretanto, devo dizer que estou impressionado. A senhorita tem talento.

-Obrigada. -Ela corou.

Depois disso, ambos começaram a se encarar, e o silêncio pairou entre eles.

-E então? -Tewksbury perguntou, esperando que ela fizesse algo.

-E então o quê? -Devolveu.

-Não vai entregar-me o desenho?

-Eu?!- Ela arregalou os olhos. -De jeito nenhum.

-E por que não? -Ele mordeu a mandíbula.

-Porque eu ainda não fiquei louca! -Ela cruzou os braços, amassando mais ainda a bolinha de papel em seu punho.

-Nem se eu te der algo em troca?

-E o que seria? -Enola disse com interesse.

-Um passeio pelos jardins. -Ele apontou para uma enorme janela, onde a luz do só batia e iluminava todo o ambiente, e era possível observar a imensidão verde do jardim do palácio. -Percebi que a senhorita os aprecia muito, pois sempre está observando o lado de fora pela janela.

-Eles me fazem lembrar da minha mãe. -Enola respondeu baixinho, sendo apunhalada pelo sentimento sufocante que é a saudade. Tewksbury, embora tenho ouvido, fingiu não tê-lo feito, e a garota o agradeceu internamente.

-Vamos? -Ele estendeu a mão para ela.

-Claro. -Ela levou sua mão de encontro à dele.

-Mas por favor, refaça o desenho. Meu rosto ficou todo coberto pelo meu cabelo nesse.

Ela riu e concordou com a cabeça, enquanto ambos deixavam o cômodo e seguiam em direção ao lado de fora.

//

-Será que o senhor poderia ficar quieto, por favor? -Enola implorou para o garoto a sua frente.

Eles estavam sentados debaixo de uma árvore apreciando o ar fresco e o calor do sol. De longe, alguns soldados os vigiavam par garantir que nada de ruim acontecesse.

-Por que está me chamando de senhor? A senhorita nunca o fez antes. Pelo menos não que eu me lembre.

-Bem, é necessário ter bons modos para com o príncipe, pois se não posso ser acusada de desrespeitar a coroa.

-Mas estamos sozinhos, não precisa ser tão cordial.

-Tu o dizes, -Ela concordou, mas sua atenção estava voltada para o pedaço de pergaminho em seu colo. Onde ela tentava ao máximo fazer um desenho legal, mas a brisa da tarde parecia estar contra os seus planos -mas também faz igual. Ainda me chama de senhorita, mesmo eu já lhe tendo chamado da forma mais antiquada possível várias vezes.

-Bom, acho que esse é um costume que gostaria de manter comigo. Ser educado com o próximo nunca fez mal a ninguém.

-Tem razão, senhor. -Ela ironizou e ele riu. -Mas será que poderia parar de se mexer? Seu cabelo já é grande demais, e a ventania também não colabora!

-Desculpe por isso. -Ele retirou a franja do rosto. -Estou tão atarefado nos últimos tempos que não tive como cortar o cabelo.

-Que não seja por isso. Vamos resolver o problema. -Enola se levantou. -Pode me ajudar a encontrar duas pedras de porte médio?

***
oi gente! quem é vivo sempre aparece!🤠
já assistiram o fim da temporada de st? eu estou completamente desolada.

The Selection - Enola HolmesOnde histórias criam vida. Descubra agora