Capítulo Oito

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Dois dias depois:

Eu estava sentada no sofá mexendo no celular.

A Hana estava dormindo, e eu não queria assistir televisão. Todo o apartamento estava arrumado. Eu realmente estava de bobeira.

Senti a minha paz se esvaindo de mim qua do ouvi os barulhos das chaves do lado de fora.

Logo Hoseok passou pela sala.
Ele proferiu um oi em um tom quase inaudível.

— E a Hana? — perguntou.

— Dormindo.

E ele seguiu para o quarto.

Eu continuei mexendo no celular. Vendo o Instagram, ou apenas procurando fotos de Hana mais nova.

Pelo canto do olho pude ver Hoseok indo para a cozinha.

Eu nem sabia o motivo de ele já estar em casa tão cedo. Ainda era quatro da tarde.

Minutos depois ele voltou para a sala e sentou no sofá, ligando a televisão.

— Hoje é dia de fazer as compras do mês — disse baixo colocando algo para assistir. — E tem coisas faltando já.

— Eu vou ir — respondi.

Nós sempre íamos ao mercado juntos para fazer as compras dos mês. Era melhor quando íamos juntos, assim sempre um dos dois lembrava de algo que pudéssemos esquecer.

Eu fiquei mais alguns minutos ali, na mesma posição, fazendo a mesma coisa. Hoseok continuou em silêncio assistindo a sei lá o que na televisão, eu não prestei atenção no que era.

Após cansar de mexer no celular eu levantei e fui para o quarto. Troquei se roupa, vestindo algo mais apresentável para sair, ajeitei os cabelos e peguei as minhas coisas.

Espiei o quarto da Hana, vendo que a garota ainda dormia profundamente.

Segui até a porta de entrada e comecei a calçar os meus tênis.

— Ei — a voz de Hoseok soou no corredor da porta. — Onde vai?

Eu terminei de colocar o tênis e olhei para ele.

— No mercado.

— Pensei que nós fossemos esperar a Hana acordar... — apontou para o corredor dos quartos.

— Não vai precisar, você vai estar em casa — abri a porta.

— Nós não vamos juntos? — piscou, confuso.

— Não. Eu disse que eu vou ir.

— Por quê? — franziu o cenho.

— Não quero te sobrecarregar — forcei um sorriso e passei pela porta.

— Aish — ele resmungou. — Fala sério.

Fechei a porta, não deixando-o falar mais nada direcionado à mim.

Mas ele a abriu.

— Pega o carro então — esticou a mão com a chave do automóvel.

— Eu não quero — neguei e apertei o botão do elevador. — Pego um táxi.

— Para quê gastar dinheiro com táxi se tem um carro? — questionou com o seu ar arrogante.

— Vai ser do meu dinheiro, então não se preocupe com com gastar, Hoseok.

No mesmo instante a porta do elevador se abriu e eu entrei no mesmo.

Fui a pé até o mercado. Não era muito longe, e eu queria caminhar um pouco para variar.

Eu tinha feito uma lista do celular, então consegui comprar tudo o que precisava.

Para voltar para casa eu fui de táxi por causa das sacolas. E quando cheguei na frente do prédio, o porteiro me ajudou a levar tudo até a porta do meu apartamento.

Depois que eu coloquei tudo para o lado de dentro, Hoseok foi até o corredor e começou a carregar as sacolas para a cozinha.
Ele guardou parte das coisas mesmo depois de eu dizer que eu iria guardar.

Hana já estava acordada e guardou uma coisa ou outra, mas só até achar o chocolate que eu comprei para ela. Então ela resolveu ir se deliciar com o doce na sala.

Após tudo estar no lugar eu peguei os meus materiais e fui estudar.

Durante trinta minutos eu fiquei concentrada lendo uma das apostilas da faculdade.

Eu podia ouvir a Hana e o Hoseok brincando na sala, mas o barulho não me atrapalhava. Eu já estava habituada.

Mas a minha concentração foi embora quando Hoseok entrou na cozinha e sentou na mesa junto comigo.
Por alguns minutos ele não falou nada, apenas ficou me olhando, e eu tentando ignorá-lo.

Eu fingi que ainda estava super concentrada no material.

— Na-Bi — me chamou.

— Fala — respondi sem tirar os olhos do notebook.

— Vai ficar assim comigo até quando? — perguntou.

— Assim como?

— Você mal fala comigo — começou. — E está assim, faz tudo sozinha. Não deixa nada para que eu possa fazer. Assim parece que eu estou me aproveitando de você.

— Agora o problema é que não sobra nada para você fazer? — soltei um riso nasal.

— Na-Bi — falou e eu o olhei, tentando fazer cara de paisagem. — Para com isso.

— Isso o que, Hoseok?

Ele fez um muxoxo frustrado e ficou em silêncio.

Eu voltei a encarar o notebook.

— Você está fazendo as minhas obrigações — voltou a falar e eu fechei os olhos. — E isso está te sobrecarregando.

Eu abri os olhos e voltei a olhá-lo.

— Assim é bom, eu não te sobrecarrego e você pode descansar — ergui as sobrancelhas. — Agora será que eu posso estudar?

— É a única coisa que você faz nos últimos dois dias — apontou para as minhas coisas. — Você faz tudo e vai estudar. Não fica comigo e com a Hana.

— Eu fico com a Hana durante toda a tarde, até você chegar em casa.

— Mas e eu? — ergueu as sobrancelhas. — Quando vou poder ficar com a minha esposa?

— A sua esposa? — forcei um sorriso. — Eu não sou mais a sua esposa. Nós apenas dividimos o mesmo apartamento.

— Não fale besteiras, Na-Bi — fez mais um muxoxo.

— É a verdade. Agora me deixa estudar em paz.

— Antes o problema era eu trabalhar demais. Mas faz tempo que eu não faço mais horas extras. Então qual é o problema? Porque continua assim?

— Eu não vou falar sobre isso de novo.

— Meu amor... — ele ia falar, mas o chamado de Hana o interrompeu.

— Appa — ela apareceu na cozinha. — Vem logo.

— Estou conversando com a mamãe, borboletinha — ele disse alisando os cabelos dela.

— A conversa já acabou — murmurei para apenas ele ouvir.

Ele me olhou e suspirou.

Hoseok levantou e deixou a cozinha junto a Hana. Me deixando voltar aos meus estudos, e me deixando sozinha com as minhas decepções.

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