Segunda Chance

Capítulo 3 • As coisas mudaram

° • ° • ° • ° • °

Sirius ficou devastado com a morte de Cecily. Ele nunca admitiu, mas sempre teve uma quedinha por ela.

Ela era alta, nunca tanto quanto ele, mas ainda era. Seu cabelo era bem longo e castanho escuro. Seus olhos tinham um tom incrível de caramelo.

Quando ele a viu pela primeira vez sentiu o ar sair dos pulmões. Ela foi a mulher mais bonita que ele já conheceu. Sentiu algo diferente desde a primeira vez que a viu, ele nunca admitiu isso para ela, algo que ainda é uma grande causa de arrependimento.

Tudo o que envolvia os dois ficarem juntos era complicado. Eles começaram a namorar oficialmente no final do seu sétimo ano na escola de magia e bruxaria de Hogwarts. Mais especificamente depois do baile de formatura.

Então eles brigaram, por um motivo extremamente idiota. Depois Dumbledore a mandou em uma missão para o Brasil, a mesma durou um ano. Quando ela voltou estava estranha, ela parecia sempre o evitar, mesmo ele tentando conversar com ela. Até que ele finalmente conseguiu. Ele amava muito aquela mulher, tanto quanto ama a si mesmo, talvez até mais.

Era seu aniversário quando ele combinou de se encontrar com ela. Ele queria admitir tudo, pedir desculpas e, num momento de loucura talvez até pedir em casamento. Ele tinha até comprado a aliança. Então a Ordem recebeu uma denúncia, aparentemente tinham comensais na casa dos Abernathy. Sirius e resto da ordem foram o mais rápido que puderam.

Assim que chegou na casa, viu Cily ser assassinada por sua prima Bellatrix. Foi nesse momento que Sirius Black viu seu mundo cair.

E agora, depois de todos esses anos, ele descobre que tinha uma filha. A mesma filha que ela escondeu dele, que era uma cópia quase fiel dela.

Helena havia chegado a pouco mais de uma semana, e para ser sincero, por mais que Sirius quisesse conversar com a garota, ele não sabia como. A única conversa decente que tiveram foi há exatos 4 dias. Ele tinha quase certeza de que ela o odiava.

"É mais difícil do que parece" ele pensou enquanto se jogava na cama cansado.

Antes de fechar os olhos e adormecer Sirius pensou em duas coisas: o quão estranho foram as coisas hoje e como estava seu afilhado, Harry, desejando que ele estivesse aqui.

° • ° • ° • ° • °

Era um dia confuso para Harry Potter. Por um motivo estranho ele tinha quase 15 anos e ainda morava com seus tios.

Quando ele pensou, na noite anterior, sobre como sua vida poderia mudar drasticamente do dia para noite, não foi exatamente assim que ele imaginou.

Sem dúvida era o sonho mais estranho que ele já teve. Quer dizer, o que mais seria?

Não tinha a menor chance de ser real. Harry realmente queria que não fosse. Ter que conviver com seus tios de novo, era uma ideia que Harry não suportava.

Dizer que Harry não tinha um momento de felicidade com os Dursleys era mentira. Ele lembra o quão feliz ficava quando ia embora da casa.

Mas o real motivo por Harry ter certeza que aquilo era um sonho, era que não tinha a menor chance dele ter viajado no tempo. Tudo o que fez quando chegou em casa foi dormir. Ele sequer chegou perto de um vira-tempo nos últimos anos. E mesmo que tivesse, não era assim que vira-tempos funcionavam. Não existia nenhum artefato capaz de fazer alguém voltar ao corpo de seu "eu" mais jovem.

Mas, suas pequenas dúvidas e questionamentos foram triplicados quando viu uma garota caminhando em sua direção. E não era qualquer garota, era Helena. A mesma Helena que ele não deveria conhecer ainda.

De duas uma: ou ele estava alucinando, ou ele realmente viajou no tempo.

Harry estava começando a considerar a última opção.

° • ° • ° • ° • °

Lily olhou para James e James olhou para Lily. Os dois encaravam os portões da escola sem saber o que fazer.

Sim, eles sabiam que tinham que conversar com o diretor. Mas não sabiam como. E se fosse real, se eles realmente tivessem voltado dos mortos. O que aconteceria? Harry está bem?

Perguntas rodeavam suas cabeças.

— Lily? James? — eles ouviram uma voz no meio do nevoeiro noturno os chamando.

Lily parecia espantada e James surpreso. Eles viram lentamente a sombra na névoa se transformar em alguém familiar. Tão familiar.

Alguém que deveria estar morta. Cecily  deveria estar morta. Ela poderia ter voltado também. Mas seria realmente possível? Talvez só fosse uma alucinação. James pensou.

— Eu não entendo o que está acontecendo... — a morena foi chegando mais perto, até ficar realmente visível. O coração de Lily disparou. Sua melhor amiga estava viva, VIVA. Ela parecia confusa e triste — Eu...

Ela foi interrompida quando Lily correu até ela e deu-lhe um abraço apertado, Cecily  estranhou um pouco mas retribuiu. James até pensou em segurar a esposa, talvez fosse um comensal disfarçado. Ele logo descartou a ideia, e caminhou em direção a velha amiga, com um sorriso feliz. Depois que Lily a largou ele a abraçou também.

— Acho que tem algo errado, e imagino que vocês também perceberam. — os três amigos ficaram tensos — eu morri, não é?

James deu um sorriso triste, e desviou o olhar para Lily.

— Sim. Belatrix te acertou com a maldição morte. — a ruiva falou colocando a mão no ombro da amiga — Sinto muito.

— Eu imaginei. — os olhos de Cecily   pareciam vazios — me lembro de virar e ver Belatrix lá. — ela suspirou, com lágrimas que insistiam em cair de seus olhos — A quanto tempo eu... eu morri?

Os dois se encararam. Isso preocupou-a.

— Pouco mais de três meses, pra nós. - James respondeu.

— Como assim pra vocês? — ela parecia confusa — Vocês dois... — ela não conseguiu terminar a frase.

— A gente ainda tinha dúvidas... até ver você. — Lily disse — A última coisa que lembro é ser acertada por um feitiço, um raio verde.

— Quem foi que fez isso? — a raiva era nítida em sua voz.

— Voldemort. E a mim também — o homem de cabelos bagunçados respondeu — Por isso viemos falar com Dumbledore e queríamos saber se Harry está bem.

Cecily  percebeu que o casal parecia nervoso. Ela entendia por quê. Ela compartilhava da mesma dor. E eles não sabiam disso.

— Então acho melhor não ficarmos aqui como três estátuas. Vamos atrás de Dumbledore, quero ver meu afilhado.

Os três deram os melhores sorrisos que tinham, para dar apoio um ao outro, e encaram o portão que se abriu para eles.

A boa e convidativa Hogwarts. Um lugar mágico e seguro que não mudou nada com o passar do tempo. Mas a questão era o mundo lá fora.

Editado: 20/08/2024