Eu acredito em você também, dia 9

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Capítulo 7


– Espero que o meu ronco não tenha atrapalhado o seu sono. – Castiel diz assim que entra na cozinha e me vê tomando café. Castiel mal ronca na verdade, está mais pra uma respiração pesada. E com certeza não foi isso que tirou meu sono. – Bom dia. – Ele sorri se dirigindo à cafeteira.1
– Bom dia. – Respondo. Parece que me encontrar na cozinha logo que acorda virou a nossa coisa.
Castiel senta a duas cadeiras de mim, é o mais perto que já esteve. Continuo mexendo no tablet mas sinto seu olhar fixo queimando em mim.
– Eu já levei as evidências de ontem a um amigo para análise. Dessa vez ninguém tocou com as mãos na evidência, talvez com sorte consigamos algo útil. – Aviso. – Balthazar e Benny estão lá embaixo pedindo as imagens das câmeras de segurança do prédio.
– Ótimo. – Castiel afirma com seu café. Noto que seu cabelo está molhado.
– Está livre essa manhã? Quero te levar a um lugar. – Digo, olhando bem nos olhos de Castiel. Eu não sei o que ele pensa que é, mas seus olhos se iluminam com a proposta.
– Estou. Aonde vamos? – Ele quer saber.
– Saberá quando chegarmos lá. – Eu faço mistério enquanto me levanto. – Termine seu café da manhã e então vamos.
Vou para o meu quarto, pego a minha pistola e guardo na calça, como sempre. Separo uma bolsa, com uma semi automática, e uma metralhadora ak47, além de um revólver pequeno. Coloco todos desmontados dentro da bolsa. Pego um casaco mais pesado e um gorro, o frio de dezembro está massacrante lá fora.
Encontro com Castiel na sala, ele vestiu jeans, moletom e uma jaqueta bomber. Ele parece particularmente ansioso para sairmos. Descemos o elevador em silêncio.
– Quer dirigir hoje? – Ofereço, e eu nem sei por quê. Castiel me encara maravilhado pela proposta, um sorriso ameaçando sair. Reviro os olhos. – Antes que eu mude de ideia. – Jogo a chave nele conforme andamos para o seu carro.
Sento ao lado dele no banco do passageiro e Castiel ainda está tentando miseravelmente conter aquele sorrisinho bobo.
– Pare de sorrir. É irritante. – Reclamo enquanto Castiel manobra o carro. Seu sorriso se torna ainda maior.
– Você está sendo legal comigo hoje. – Ele diz, então olha para a minha carranca. – Na medida do possível.
– E você está abusando da minha boa vontade.
– Sabe, quando eu conheci você achei que o problema era comigo. – Castiel diz, saindo do prédio, finalmente. – Mas percebi que ser durão é uma das suas características. E esse mau humor também. – Ele tem um tom divertido enquanto fala pois sabe que eu não vou me chatear.
– E parece que você gosta de me tirar do sério, também. – Eu resmungo, entre ditar o caminho para ele.
– Quando Bobby me disse que você era duro na queda, achei que fosse exagero. – Castiel dirige sem me olhar.
– Você e Bobby falaram de mim? – Arqueio as sobrancelhas.
– Só sobre os seus defeitos. Não se sinta especial. – Castiel dá uma risada.
Mesmo com a distância que eu insisto em colocar entre nós, acabo de descobrir que gosto do Castiel bem humorado. Gosto do sorrisinho contido que ele mantém no rosto.
– Você está bem humorado demais para quem acabou de descobrir que tem um stalker psicopata de estimação. – Eu digo, por pura provocação. Castiel para em um sinal vermelho, então me encara quando diz:
– Bom você me prometeu que eu ficaria bem... – Uma pequena parte de mim se assusta com a confiança cega que ele deposita na minha capacidade. Mas me esforço para não me deixar levar pela onda de insegurança. – Estou contando com isso.
Meu telefone toca com o nome de Benny na tela e Castiel volta a dirigir.
– Oi, Benny. – Eu digo, colocando no alto falante.
– Onde vocês estão pelo amor de Deus? – Ele parece tão preocupado que me sinto mal por um momento, por ter saído sem avisar.
– Eu e Castiel vamos sair, não se preocupe, está tudo bem. – O tranquilizo e ouço seu suspiro pesado.
– Eu vou resolver umas coisas da agenda do Castiel. – Ele avisa. – Tomem cuidado, por favor.
– Claro, chefe. Até mais. – Me despeço e desligo. Castiel me encara com um sorriso.
Desvio o olhar e encaro o retrovisor quando o semáforo indica verde. Cerro os olhos quando vejo que a caminhonete preta bem atrás de nós. Sem placa, parece ser a mesma que me seguiu no dia da cafeteria. Deixo que Castiel avance duas quadras para ter certeza que estamos sendo seguidos.
– Castiel...
– O quê? – Ele diz, ainda concentrado na pista. – Errei o caminho?
– Não. – Digo. Ele finalmente me dá uma olhada rápida. – Mas eu quero que você mantenha a calma.
– O quê está havendo?
– Estamos sendo seguidos.
Assim que digo isso, Castiel aperta com força os dedos no volante. Ele respira devagar antes de procurar nos retrovisores.
– A caminhonete preta. – Defino, para que ele saiba qual é. Castiel assente. – Lembra quando fomos à cafeteria e eu disse que me perdi? Bem na verdade esse carro estava nos seguindo.
– O que fazemos agora? Pegamos a interestadual? – Castiel pergunta, controlando bem o nervosismo.
– Não, a interestadual é mais vazia, o que tornaria mais fácil para ele nos alcançar ou mais difícil de despistá-lo. – Explico. Castiel assente rapidamente. – Eu não sei qual é a intenção dele, então precisamos continuar no centro e despistar esse maluco. Acha que consegue abrir distância entre os carros?
– Bom, nós vamos descobrir.
No momento que diz isso, Castiel pisa no acelerador e nossos corpos vão para trás no banco. Shawn mantém os olhos na rua, focado em ultrapassar os carros na pista de quatro faixas, ele os deixa para trás e segue dobrando em ruas aleatoriamente, mas a caminhonete continua atrás. Castiel persiste nas ultrapassagens, e eu vejo que a caminhonete começa a ficar mais para trás. Quando olho para frente, vejo que um caminhão começa a atravessar perpendicularmente as quatros faixas, está na primeira quando eu digo:
– Acredita que consegue passar antes do caminhão?
– Sim. – É o que ele diz, acelerando um pouco mais.
– Então eu acredito em você também. – Digo quando o caminhão está atravessando a terceira faixa.
Castiel acelera na quarta faixa, passando entre o caminhão e a calçada. Sinto que passamos por um triz, mas conseguimos. Olho para trás, e o caminhão fechou a rua, deixando os carros para trás. Castiel dobra em duas ruas e então entra em um estacionamento de aluguel que está vazio.
Ele está ofegante quando para o carro e desliga.
– Ah, meu Deus! Você conseguiu! – Eu berro, a adrenalina me fazendo sorrir, empolgado.
– Inacreditável! – Ele sorri. Me puxando para si em um abraço. Ambas suas mãos ficam espalmadas na minha costa e eu envolvo os braços eu seu pescoço. Estou quase envolvido em seu abraço quando noto que ele não é meu amigo.
Eu me afasto e Shawn parece ligeiramente tímido pelo momento de abraço espontâneo.
- Você foi ótimo! – Eu digo, apenas para o clima não ficar pesado.
- Obrigado.
- Agora podemos seguir nosso caminho.

O Guarda Costas (Ganhador do Prêmio Wattys 2022) [Destiel] [CONCLUIDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora