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"I don't care about the government
And I really need a hug"

("Eu não me importo com o governo
E eu realmente preciso de um abraço")


Donghyuck sentiu seu corpo fraquejar e sua pressão cair, sentindo uma vontade imensa de vomitar. Ele apenas olhou para a mulher loira uma última vez com seus olhos cheios de lágrimas antes de sair correndo dali, sentindo que ia desmaiar a qualquer instante.

Precisava achar sua bombinha de asma urgentemente, pois não sentia o ar entrando em seus pulmões de jeito nenhum. 

— Pai! — O menor gritou ao entrar de volta no quarto, assustando o mais velho, que se levantou de imediato ao perceber que Donghyuck se encontrava pálido como a parede branca do hospital. 

Haechan, como seus pais o apelidaram por sempre radiar luzes com sua presença, se encontrava desesperado e chorando. Caiu de joelhos no chão com sua mão no peito, buscando o ar que parecia não querer entrar para dentro de suas narinas. 

— Hyuck! — Doyoung se desesperou, indo de encontro a seu filho adotivo. O puxou para que se levantasse e tirou de seu bolso a bombinha do menor, lhe entregando. — Eu guardei pra você.

O mais novo segurou a bombinha e puxou o ar com tanta força que sentiu que seus pulmões iam explodir. Ele se sentou na maca e colocou a mão sobre a cabeça, a balançando para os lados várias vezes.

— Cadê o Taeil? Onde ele tá, Doyoung? — Ele encara o mais velho, que permanecia imóvel, parecendo que havia visto uma assombração, estava pálido assim como o mais novo momentos atrás.

— Hyuck... — Se sentou ao lado do garoto, respirando fundo antes de continuar o que ia dizer. — Ele não resistiu. Acabou falecendo no local do acidente.

Donghyuck estava em choque, como assim seu amado pai havia falecido? Não conseguia fazer isso entrar em sua cabecinha de vento de jeito nenhum. Ele então abraçou o Moon mais velho, soluçando em puro desespero.

— Eu prometo que nunca vou te deixar Haechan. Eu te amo mais que tudo. — O mais velho tentou o acalmar, o abraçando com certa força que acabava sendo reconfortante, tanto para ele quanto para o filho.

Alguns minutos se passaram e os médicos avisaram que Donghyuck já estava de alta e poderia ir para casa.

Assim que estavam saindo, acabaram passando pelo quarto 202 mais uma vez, vendo aquele garoto ainda desacordado, com aquele mesmo homem ao seu lado, dessa vez junto de uma mulher, os dois choravam diante do corpo do rapaz. 

...

— Você. — Donghyuck arregalou os olhos vendo aquele mesmo garoto do hospital, que o olhou com um sorriso. — Espera... Era você no outro carro.

Levou alguns segundos até que o ruivo fosse de encontro do moreno com os punhos cerrados. Sentiu raiva, raiva genuína. Se aquele maldito carro não tivesse batido no de seus pais, talvez seu pai ainda estivesse vivo.

— Haechan, você é muito cabeça dura, sabia disso? — O garoto lhe disse com um sotaque estranho enquanto encarava o punho do outro. — Mas precisa deixar certas coisas irem embora, cara. 

— Você não sabe nada sobre mim. — O Moon respondeu ríspido enquanto o garoto o fez abaixar o braço.

E então acordou num solavanco. Era tudo um sonho. Aquele garoto estava lhe perseguindo de jeito, até mesmo em seus sonhos. 

Donghyuck então se levantou, o céu ainda estava escuro lá fora, provavelmente se passava das duas da manhã.

O garoto foi então até o quarto de seus pais, encontrando seu pai sentado na cama com os olhos vermelhos, porém arrumou sua postura ao ver seu filho entrando no quarto com aquele pijama branco estampado com desenhos de patinhos. Doyoung bateu ao seu lado para que Haechan se sentasse ali.

— Por que está acordado a essas horas? — O mais novo perguntou, se sentando ao lado de seu pai.

— Não consegui dormir. — Respondeu baixinho e abraçou o menor. — É difícil sem ele aqui.

Eles ficaram num silêncio doloroso por alguns minutos até decidirem se deitar, Donghyuck havia decidido dormir com o pai aquela noite, pois pelo menos assim a cama não ficaria tão vazia assim.

Na manhã seguinte, Hyuck ficou um bom tempo na cama resmungando quando seu pai lhe chamara para levantar, não queria sair dali de jeito nenhum. Doyoung entendia o filho, porém não podia deixar com que este deixasse de se cuidar.

Era o dia do enterro de Taeil. Caixão fechado por conta do estrago.

O dia estava feio e chuvoso, estava tão frio quanto o coração de Haechan, que não conseguiu sequer dizer uma palavra enquanto todas aquelas pessoas iam de encontro a si dizer o quanto sentiam muito pela perda dele.

Não, eles não sentiam, não sentiam nenhum terço do que ele estava sentindo naquele momento.

 Mais um dia se passou, Donghyuck gostaria de ficar em casa mais um dia, mas sabia que precisava se levantar pois teria prova de química naquela manhã. 

— Anda Donghyuck, se você não levantar eu vou ter que te arrastar de pijama pra escola. — Doyoung disse já cansado de tentar acordar seu filho dorminhoco. 

Após longos minutos lutando contra o desejo de ficar na cama o dia inteiro, ele finalmente se levantou e se arrumou para ir à escola. Assim que pisou naquele lugar, lutou contra o seu cérebro para que não saísse correndo dali como almejava. 

— Cara, sinto muito pelo seu pai... — Zhong Chenle, o único amigo de Donghyuck (já que ninguém mais aguentava aquele ser insuportável) disse num tom triste, então notou os arranhões do amigo e o gesso em seu braço. 

O Moon suspirou e foi até seu armário, pegando seu estojo e o caderno de química. Chenle era um garotinho chinês um ano mais novo. Quando chegou naquela escola dois anos atrás, se sentia tão deslocado quanto Donghyuck se sentiu a vida inteira estando ali, foi assim que se viu sozinho, assim como o ruivinho que sempre esteve sozinho. Foi ali que decidiram virar amigos.

O chinês pegou o estojo da mão de Donghyuck e abriu seu zíper, pegando uma canetinha rosa. Ele então tirou a tala do braço do mais velho, que só observava sem dizer nada. Chenle escreveu algo em seu gesso e depois o ajudou a colocar a tala novamente.

— O que caralhos você escreveu aí? — Tentou ler mas o loiro o impediu, segurando sua mão e balançando a cabeça negativamente. Os cabelos descoloridos de Chenle o faziam parecer mais branco do que já era.

— Foi algo para me zoar, não foi? — Perguntou indignado com a infantilidade de seu amigo. — Não me diga que desenhou uma rola Chenle... Que maturo da sua parte!

Zhong apenas deu de ombros e riu, andando em direção à sala de aula. Donghyuck revirou os olhos e se dirigiu para sua própria sala com aquela cara de quem havia sido atropelado por um caminhão e logo depois visto o fantasma de Voldemort passar por si lhe ameaçando com a varinha das varinhas em mãos.

As pessoas de sua sala o olhavam de forma estranha, afinal todos sabiam que o fracassado Moon Donghyuck havia perdido um de seus pais.

— Vocês ficaram sabendo que o aluno novo está em coma? — Ouviu um garoto comentar e seu corpo gelou, sentindo uma forte dor de cabeça na mesma hora. — Aparentemente ele sofreu um acidente de carro.

— Caramba, ele mal se mudou pra Coréia e já acontece uma coisa dessas... — A garota que ele conversava respondeu, chocada. — O nome dele é Mark, não?

Donghyuck sentiu seu estômago revirar ao ter suas memórias do acidente passando diante de sua mente, lembrando bem do rosto daquele garoto. Mark? Tinha de ser ele, até porque o garoto deitado naquela cama era claramente estrangeiro, o pai dele falava outra língua, e bem... Mark é um nome dado para pessoas estrangeiras, não?

Respirou fundo e colocou seus fones em seus ouvidos para que não ouvisse mais nenhuma parte daquela conversa, que apenas o deixou mais frustrado. 

Foi então que se lembrou de que Chenle havia escrito algo em seu gesso. Puxou a tala para o lado e viu ali a caligrafia estranha do chinês com um desenho de sol ao lado da escrita.

"Vai ficar tudo bem Haechan hyung! Você é forte, fighting!
- seu BFF Zhong Chenle"

boys will be bugs ; markhyuckOnde histórias criam vida. Descubra agora