boys will be bugs ; markhyuck

six

"I skipped class to sit with you
I really like your spotty sweater"

("Eu matei aula para sentar com você
Eu realmente gosto do seu moletom de bolinhas")

No outro dia, lá estava Donghyuck na escola todo deprimido. Usava um moletom azul marinho com bolinhas pretas. Estava com o capuz na cabeça, parecendo muito que queria se esconder de alguma forma de alguém, ou, de todos.

— Cara, pra que isso tudo? — Chenle perguntou todo confuso, o cutucando com o indicador.

A turma de ambos estava dividindo a quadra na aula de educação física, o que obviamente resultou nos dois grudados como sempre.

— Não me enche, Lele. — Suspirou e deitou a cabeça no ombro do amigo, que por um segundo pensou em se afastar, mas não o fez pois sabia da situação no coraçãozinho do solzinho. — Vou ter duas aulas de educação física seguidas, será que o professor vai se importar de eu dormir nas duas?

O chinês deu uma risadinha e balançou a cabeça pros lados, então fez carinho nas costas de Hyuck, que não parava de suspirar.

— Pelo menos você tem a desculpa de estar com o braço quebrado, então não precisa jogar. — Apontou para os alunos jogando vôlei.

— E qual a sua desculpa?

— Hérnia de disco. — Respondeu todo sorridente, como se fosse uma conquista. — A cirurgia tá marcada pra semana que vem, você vai ficar uma semana sem me ver!

— Jura?! — Se levantou tão rápido que até assustou o loiro. — Que benção, papai do céu ouviu minhas preces! 

O tom era tão brincalhão que nem parecia que havia ficado triste com a notícia. Porém estava preocupado com como passaria uma semana inteira sozinho sem seu melhor amigo lhe aturando e o ouvindo resmungar pelos cantos da escola.

O sinal tocou e Chenle se despediu do melhor amigo com um abraço - o que nunca fazia, pois achava viadagem demais, mas no momento sabia que ele precisava de um abraço.

O Moon se deitou na arquibancada e ficou encarando o teto escuro da quadra, lamentando sua existência. 

Ao que ficou submerso nos próprios pensamentos, era como se estivesse no fundo do mar. Os sons ao redor estavam abafados como os sons que se escuta debaixo da piscina e podia até mesmo ver os peixes e todas aquelas cores do oceano. Jurou conseguir ver um tubarão baleia vir em sua direção por alguns segundos, e acreditem, era seu maior sonho nadar com um tubarão baleia.

Infelizmente teve de se dispersar da sua viagem aquática quando sentiu o banco tremer, indicando que alguém havia sentado perto de si.

Se sentou de volta rapidamente com os olhos arregalados pelo susto e deu de cara com Mark Lee logo ao seu lado, fazendo com que desse um gritinho de susto.

— Jesus! Tira essa cara feia da minha frente! — Cobriu os olhos com a destra. Se não estivesse usando tala, a outra mão com certeza cobriria a boca.

— O que você tá fazendo aqui deitado? — Ignorou o comentário.

— Não sei se você percebeu com essa sua cabecinha de vento, mas eu estou com o braço engessado. — Levantou o braço quebrado e o olhou com cara de nojo.

— E você não consegue fazer educação física com o braço engessado? — O canadense deu uma risada e negou com a cabeça. — Você é um fracote mesmo.

Foi o estopim para Donghyuck. Ele se levantou e apontou o dedo na cara de Mark. O ruivo estava ficando tão vermelho quanto um pimentão, provavelmente pela raiva que estava sentindo, fervendo seu sangue.

— Eu vou te mostrar então quem é o fracote, Mark Lee. — Assim que terminou a frase, o sinal soou pela quadra, fazendo os alunos se dispersarem dali. 

Alguns minutos depois, lá estavam Mark e Donghyuck, um de cada lado da rede de vôlei. Se olhavam como se estivessem em times adversários na final das olimpíadas.

Mark começou sacando, porém o outro garoto não conseguiu devolver a bola, o fazendo cair no chão em cima de seu braço. O estrangeiro arregalou os olhos e até pensou em ir ajudá-lo, mas logo ele se levantou com uma expressão de ódio.

— Joga direito essa merda, Makgeolli. — Makgeolli, para quem não sabe, é um vinho feito de arroz. Estava usando aquele apelido para zombar do rapaz.

— Então da próxima vez eu vou jogar pra quebrar o seu outro braço. 

Donghyuck debochou e fez joinha com a mão. Nem perceberam o tempo passar, mas o Moon tomou um susto tão grande ao ouvir o sinal tocar que não viu a bola vindo em sua direção, que acertou em cheio em seu rosto, o fazendo cair de bunda no chão.

Mark até pensou em rir da cara dele e enfatizar o quão fraco e desleixado era, mas percebeu que seria maldoso demais ao que viu o garoto com cara de choro. 

— Tá tudo bem? — Se aproximou rapidamente, o ajudando a levantar.

— Sim. — Se recompôs rapidamente, enxugando a única lágrima que se atreveu a cair imediatamente ao que se levantou.

Decidiram então apenas andar um ao lado do outro em silêncio, indo em direção às salas de aula. 

— Então a gente se vê... — O Lee ia dizendo com um sorriso um tanto sem graça, olhou para o ruivo e acabou congelando. — Donghyuck... Seu nariz tá sangrando.

— Hm? — Não entendeu de início, apenas raciocinou o que ele havia dito quando sentiu o sangue descer até sua boca, então arregalou os olhos e cobriu a boca e nariz com a mão.

Minutos depois, estavam ambos na enfermaria. Obviamente havia sido ideia do garoto canadense por ter se preocupado um pouco demais, pois Donghyuck já não estava mais suportando a companhia dele, só queria gritar com ele e mandá-lo para longe.

— Não sabia que eram amigos. — A enfermeira disse com um sorriso gentil enquanto examinava o ruivo.

— Não somos. — Ele respondeu rapidamente, revirando os olhos. — E você deveria estar na aula, Mark Lee.

Mark suspirou um tanto frustrado e assentiu sem pestanejar, se retirando rapidamente da enfermaria. Afinal de contas, eles realmente não eram amigos.