Pistas

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Ao voltar para o quarto, encontrei Harry no chão do cômodo, praticando flexão, trajando apenas uma boxer preta.

Fechei a porta atrás do meu corpo, atraindo sua atenção. Ele se levantou, limpou o suor que escorria da sua testa e se aproximou com um sorriso doce nos lábios avermelhados.

— Onde esteve? Demorou...

— E-eu estava conversando com sua irmã. — sua expressão se fechou imediatamente. — Ela é incrível!

— Gemma estava enchendo sua cabeça com aquelas maluquices, não é? O que ela disse dessa vez?

— Nada, não falamos sobre nada daquilo. — menti, já que não queria que ele brigasse com a irmã por minha causa — Eu só gostaria de lhe perguntar algo.

— Pode perguntar.

— Você possui alguma doença grave ou...

— O quê?

— Só me diga. — pedi, entrelaçando nossas mãos — Há algo que... Talvez você queira me contar?

Seu cenho se franziu e seus olhos analisaram o meu com atenção. Havia algo neles que eu não conseguia deduzir.

— Não! — ele soltou minhas mãos e caminhou em direção ao banheiro — O que ela te disse? — perguntou , se mantendo de costas para mim.

— Disse que eu posso salvar você.

— Salvar de que? Estou perfeitamente bem.

— Eu não sei, Harry.

— Certo... — murmurou baixinho — Não sei do que se trata, mas se for colocar sua vida em risco, esqueça isso, Louis.

— Eu te disse para não ouvi-la.

— Tudo faz sentido. A nossa conexão e... Tudo, Harry.

Ele se vira na minha direção novamente, aproximando-se. Ele parece irritado, mas ao mesmo tempo um lampejo de medo atravessa seus olhos.

— Não quero vê-lo preocupado com essas baboseiras. — diz seriamente e eu reviro meus olhos — Não é real!

— Por que fica irritado toda vez que tocamos nesse assunto?

— Porque eu já não aguento mais a minha irmã preocupada a todo momento pensando que vou morrer. — ele passa as mãos pelos cabelos — E agora você? Pessoa morrem o tempo todo, não se pode evitar isso.

— Estão interrompendo a sua.

— Quem? Quem interromperia a minha vida? A troco de que? — ele respira fundo — Sou um policial, é normal ter inimigos.

— Você é a pessoa mais teimosa que eu conheço. — digo irritado — Caramba, assim fica difícil, Harry.

— Louis...

— Aquele noite em que tive o pesadelo... — começo, tomando coragem para continuar — Você estava nele.

— E o que aconteceu...

— Estava sangrando. — inspiro fundo — Eu me aproximei do seu corpo sem vida e um desespero surreal tomou conta de mim. Foi horrível, Harry. Eu chorava muito e todos os meus membros doíam. E sabe o que era pior?

— O quê?

— Eu me sentia culpado.

— Foi só um pesadelo. — seu polegar acaricia minha bochecha com carinho — Não foi real.

— Foi real pra mim. — sinto uma lágrima solitária deslizar por minha bochecha e Harry a limpa imediatamente — Você não tem ideia. Foi como se eu já tivesse vivido aquilo e não quero que se repita, Harry.

Beyond this life (l.s)Onde histórias criam vida. Descubra agora