Capítulo 2

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Heloisa se sentia exausta, deitou em sua cama esperando ter uma boa noite de sono, porém mal conseguiu pregar os olhos. Sua mente viajava e se perdia naquele par olhos verdes. Quem era aquele homem? E por qual motivo não saia de seus pensamentos? Ela não sabia responder, e naquele momento a única certeza que tinha é que devia a ele um agradecimento e faria isso pela manhã.

O dia amanheceu nublado repleto de nuvens carregadas, deixando o céu tão turvo quanto a mente e o coração do quase médico. Leônidas buscava em sua mente pelo menos uma explicação plausível para não conseguir parar de pensar em Heloisa Camargo. Se viu completamente encantado por ela, apesar de tê-la visto uma única vez. 

A manhã seguia normal, todos haviam feito seu desjejum e seguido suas rotinas, Violeta foi para a fábrica, Leônidas acompanhou Matias até o Jardim e Heloisa deveria ter ido costurar.

Deveria.

Ao invés de seguir para o seu quarto para terminar de costurar as roupas para as doações aos moradores da Vila dos operários ela seguiu para o Jardim onde os dois homens estavam concentrados conversando sobre algo. Se aproximou calmamente e sentiu o estômago revirar quando recebeu um olhar cheio de fúria do cunhado, ela o odiava e ele a detestava na mesma intensidade, a terceira pessoa ali presente parecia alheia ao que acontecia entre os dois estava concentrado admirando a mulher a sua frente.  Em um ato súbito Heloisa puxou Leônidas pela mão e sem dar  explicações o levou para longe de onde Matias estava, mas sem deixar que ele saísse do seu campo de visão.

- Bom dia dona Heloisa, a senhora deseja algo?

- não... Na verdade sim. Eu gostaria de agradecer por ontem, foi muito gentil da sua parte sair em meio a um temporal para me procurar.

- imagina dona Heloisa, não precisa agradecer.

Antes que qualquer um deles pudesse dizer qualquer coisa um raio rasgou o céu e uma chuva forte começou a cair, Heloisa correu para dentro de casa e Leônidas tratou de fazer o mesmo enquanto ajudava Matias. Por sorte eles foram rápidos e nenhum deles ficou molhado a ponto de precisar se trocar.

- com licença, preciso terminar de costurar as roupas para os moradores da Vila.

E saiu sem dizer mais nada.
Quando a noite caiu e violeta voltou para casa todos se reuniram para jantar e após a refeição a mais velha foi em direção ao quarto da irmã.

- com licença heloisa, posso entrar?

- Claro, minha irmã

- Heloisa o que te deu ontem? Você sumiu o dia todo e não voltou para casa nem quando a chuva começou, se Leônidas não tivesse ido atrás de você eu nem sei o que poderia ter acontecido.

- Eu estou bem Violeta, não foi nada de mais

- Como não? Você quase me matou de preocupação!

- Desculpe não foi minha intenção mas eu precisava ficar sozinha. Ficar nessa casa me sufoca.

- vem aqui

E abraçadas as duas adormeceram, Heloisa e Violeta sempre foram melhores amigas, eram irmãs acima de tudo. Mas o medo e a culpa atormentavam a mais nova das irmãs camargo desde o dia em que ela se envolveu com o cunhado e engravidou dele.

Ela era apenas uma menina, e caiu no conto de um aproveitador, que abusou da ingenuidade e inocência da  cunhada. E esse segredo estava guardado a sete chaves por mais de quatorze anos, e é a bomba que pode destruir uma família que já está a ponto de desabar.

Uma coisa é certa, quando esse segredo for revelado, a relação de Heloisa e Violeta nunca mais será a mesma.

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