Nas paredes da memória de Heloísa e Leônidas o mesmo quadro era a atração principal. A lembrança de um beijo, em uma madrugada qualquer, de um dia qualquer, de um mês qualquer. Mas mesmo após um gesto tão lindo e verdadeiro, Heloísa sentiu culpa, culpa por ter permitido que aquilo acontecesse, o que seria deles agora? Será que Leônidas esperaria algo mais? Algo que que ela ainda não estava pronta pra oferecer? Não negaria o que sentiu, a muito tempo não se sentia tão viva, tão mulher. Ela sentiu o desejo dele mas também sentiu o amor. Amor esse que a consumia e destroçava por dentro, ela queria gritar aos quatro cantos que o amava que era louca por ele mas como poderia? Não era justo que ela seguisse em frente, não sem saber sobre a filha que perdeu, se estava bem, se estava viva.
Leônidas se sentia grato e ainda mais apaixonado, era uma vitória havia conseguido um beijo, e que beijo! Mas estava com medo, apesar de ter a certeza de ela sentia por ele tudo o que ele sentia por ela, o médico não sabia se Heloísa estava pronta pra se entregar de vez aquela paixão e ele entenderia se não estivesse. Continuaria como sempre foi, respeitando e dando o espaço que ela precisava. Seria peciente, sútil e delicado, Heloísa era uma rosa que precisava de cuidados e valeria a pena podar talvez até se espetar com cada espinho, se no fim fosse ter aquele aroma doce só pra ele.
Na manhã seguinte, nenhuma palavra foi dita, apenas olhares cúmplices e promessas Silênciosas foram compartilhadas. Perecia que o mundo era só deles, e era. Aquele mundo de amor e paixão pertencia somente a eles, homem e mulher, calmaria e tempestade, medo e segurança.
Violeta percebeu que a irmã parecia mais feliz e ainda que achasse que fosse coisa da sua cabeça resolveu perguntar. Após o café da manhã seguiu até o quarto da mais nova e a questionou o motivo de tamanha felicidade.
- E então, vai me contar que olhares eram aqueles?
-Do que você está falando Violeta? Que olhares?
- Você e o Leônidas, ora!
- Impressão sua, não havia olhar nenhum!
- Heloísa, você acha que eu nasci ontem? Desembucha.
- Leônidas e eu...nós... nós nos beijamos
- Heloísa! Que alegria minha irmã, finalmente você decidiu dar uma chance a ele. Pobre coitado dez anos arrastando um trem por você.
- Não, Violeta. Foi por impulso eu não posso me entregar a ele eu não consigo! Leônidas é maravilhoso e eu o amo, mas eu não consigo me doar a ele da mesma forma como ele faz comigo.
Nesse momento a porta do quarto de Heloísa se abriu, e ela quase teve um treco ao ver que era Leônidas na porta a encarando.
- bom eu já vou indo, hoje eu tenho muito trabalho na fábrica até mais tarde.
E saiu sem dizer mais nada, apenas lançou pra Helô um olhar que dizia: boa sorte!
- desculpe, não foi minha intenção atrapalhar a conversa de vocês, mas eu bati e você não respondeu eu fiquei preocupado e entrei.
- tudo bem, acho mesmo que nós precisamos conversar. Leônidas sobre ontem eu...
- Não precisa dizer nada. Eu não vou cobrar nada de você até que esteja pronta. Eu sei que é difícil pra você, então nós podemos continuar sendo amigos?
E Heloísa simplesmente o abraçou, era um abraço cheio de significados que carregava o peso de um amor que ainda não podia ser vivido. Doeu para Leônidas dizer aquilo ele queria mais, queria muito mais. E doeu para Heloísa também, se ela queria ser amada e desejada? É claro que queria. Ambos ansiavam por viver aquele amor.
Após perder a noiva que tanto amava e admirava para o pai, Leônidas deixou de acreditar no amor, largou os estudos e um futuro promissor e caiu no mundo, mas quando encontrou Heloísa algo que ele pensou estar morto, voltou a dar sinais de vida, e ele não teve medo de amar de novo, apesar de todos os abstaculos, amá-la era fácil, era natural. Ele simplesmente sentia era inevitável e incontrolável, um amor desenfreado que tomou conta dele e mesmo que ainda não pudessem viver, sentir também valia a pena.
Caminhariam a passos lentos, vivendo dia após dia, ele faria o possível para que o dia que pudessem ser um casal chegasse logo e por isso estava decido, encontraria Clara a todo custo, poderia levar meses, até anos mas ele não desistiria. Ele prometeu para si mesmo e para ela. E aquela era uma promessa que ele pretendia cumprir.
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NAS PAREDES DA MEMÓRIA
FanfictionLeônidas Lobato estava a procura de um recomeço, deixou para trás uma vida confortável e caiu no mundo em busca de si mesmo. Mas além de uma nova chance pra começar do zero ele também encontra o amor. será que seu jeito carinhoso será capaz de ultra...