capítulo 20

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Rio de Janeiro, a cidade maravilhosa. Heloísa sonhava em conhecer aquele lugar tão falado, escutava sobre as belezas daquela cidade e se encantava.
A lua de mel seria lá, os recém casados partiram logo após a festa.

Tudo parecia um sonho o brilho nos olhos de Heloísa Lobato, fazia Leônidas sorrir por ve-lá tão feliz.

- Tudo aqui é tão bonito.

- E fica ainda mais com você aqui, minha rosa.

- Eu sempre quis conhecer o Rio mas nunca sai de Campos.

- Eu vou te mostrar tudo, nós vamos visitar todos o lugares que você quiser.

- Eu vou adorar conhecer tudo aqui com   você.

[...]

Leônidas observava Heloísa dormir, por anos imaginou aquela cena; acordar com ela do lado, aconchegada em seu peito e agora era real, ele beijou a testa da esposa e sentiu o perfume de seus cabelos, tinha cheiro de rosas.
Heloísa despertou com o beijo, e pela primeira vez em anos acordou sorrindo. Era diferente acordar com alguém do lado mas era bom, era muito bom.

- Bom dia, senhora Lobato

- Bom dia, senhor Lobato.

Se cumprimentaram com um beijo, vestiram-se e seguiram para o restaurante do hotel. O café da manhã estava perfeito, ambos se deleitavam com cada uma das comidas, e claro com a presença um do outro, o amor deles inundava o ambiente e quem quer que os observasse veria o quanto estavam apaixonados.

Os recém casados não prestavam atenção em nada, estavam focados um no outro e só notaram as presença de outras pessoas quando escutaram o cumprimento.

- Bom dia

-Pai?

- Como vai meu filho? E quem é essa bela dama?

- Prazer, Heloísa Camargo, quer dizer Heloísa Lobato.

- Lobato?- Anastácia se pronunciou pela primeira vez

-Sim, Heloísa e eu nos casamos.- disse ríspido

- Estamos em lua de mel, inclusive.

- Eu gostaria de saber mais sobre você Heloísa, podemos nos juntar a vocês?-

O sangue de Leônidas fervilhou, não era  de sentir raiva mas o cinismo do pai é a meneira natural como ele agia o deixava extremamente irritado.

- Sinto muito mas não será possível, Heloísa e eu já estávamos de saída. Vamos meu amor?

- Vamos, claro. Foi um prazer conhece-los, com licença.

Leônidas saiu afoito segurando a esposa pela mão, o rosto estava vermelho, a respiração entre cortada, como Bartolomeu podia ser tão sinico? Ao chegarem no quarto Heloísa exigiu explicações.

-Leonidas, o que foi que aconteceu lá em baixo?

- Me desculpe, minha rosa. Eu não consegui me conter, ver meu pai com Anastácia agindo de modo tão natural.

- Anastácia?

- Ela era minha noiva! - Heloísa gelou- Nós dois éramos apaixonados e antes de começar a faculdade em Londres eu a pedi em casamento e ela aceitou. Eu comecei os estudos e vinha visitar ela e o meu pai todas as férias. Nas últimas férias, antes da formatura eu tive uma surpresa desagradável quando cheguei ao Brasil, meu pai e Anastácia disseram que estavam apaixonados e que iriam se casar, eu fiquei sem rumo, larguei os estudos e saí de casa vaguei sem rumo por muito tempo antes de chegar na vila.

- Você ainda sente alguma coisa por ela?

- O que? Claro que não! Eu amo você minha rosa amo mãos que tudo nessa vida mas não é fácil ver meu pai desfilando com ela pelos cantos como se fosse normal depois de me apunhalar pelas costas.

- Eu sinto muito meu amor.

- eles tem um filho - ela o fitou, ele nunca mencionou a existência de um irmão - colocaram no menino o mesmo nome que eu daria pro meu filho com ela.

- Leônidas olha pra mim, isso é passado. O importante agora somos nós, a nossa família o nosso bebê que está a caminho. Não se torture por isso.

- Eu sinto, muito minha rosa. Não queria fazer você passe por isso.

- Tudo bem, de problemas com o pai eu entendo.

O sorriso foi inevitável, ela tinha o dom de transformar os piores momentos. Ele ainda guardava ressentimento, não sentia ódio do pai, nem de Anastácia mas ainda magoava, as lembranças doem e muitas vezes são como um tormento.
Mas o tempo é amor curam tudo, e Leônidas tinha amor de sobra!

Os dias cinzas se transformavam em dias bonitos cheios de cor, e o destino guardava pra eles as maiores alegrias.

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