Cap. 1

1.2K 64 6
                                    

 ( 🏹 )

Todas as crianças e freiras gritavam em desespero, enquanto homens de preto atiravam em tudo.

   Me lembro perfeitamente das marcas de sangue nas paredes, as poças no chão. Me lembro do quadro de Maria segurando o menino Jesus, e olhando para nós, enquanto marcas de mão feitas em sangue pintavam a parede. Eu tinha apenas 5 anos naquela época.

   Era pra ser apenas mais um dia no orfanato.

   Eu vi minhas irmãs serem assassinadas. Algumas tiveram suas cabeças decaptadas. Órgãos eram destroçados a cada segundo, e os gritos só aumentavam.

  Dalia, minha única família dentro do orfanato, tentou salvar o máximo de garotas possível, mas ela acabou falhando. Me recordo dela nos ordenando subir as escadas enquanto ela ficava para destrair os atiradores.

  Ela foi uma heroína. Que no final não salvou ninguém. Morreu tentando.

  Fracassada.

  Eu me lembro de ter me escondido no porão, detrás de um quadro velho e empoeirado. Era para mim ter morrido também. Meus cabelos loiros longos estavam pintados de sangue, assim como meus pés descalços e minhas mãos.

  O momento em que me encontraram jamais saiu da minha memória. O pano que cobria meu pequeno corpo não foi o suficiente para que um dos homens não me encontrasse.

  Me lembro de não gritar quando ele olhou nos meus olhos, e apontou uma sniper na minha testa. Me lembro de ter ficado encolhida e encarado o pequeno cano de metal, esperando pela bala atingir meu cérebro.

  — Você — uma voz masculina disse atrás do homem de preto.

   O homem se virou, e quando o fez, ele determinou a sua sentença. Ele caiu no chão em um baque silêncioso. Eu tinha apenas 5 anos, e não tinha medo de nada. Nem de morrer.

  Observei o corpo sem vida daquele homem enquanto o sangue começava a dançar pelas madeiras mal colocadas.

  Quando finalmente um par de botas alcançou a visão de meus olhos, eu olhei para cima, apenas para ver um homem que aparentava ter seus 35 anos com a mão estendida para mim.

  Eu nem sequer tremi quando agarrei os dedos grossos do homem, que me ajudou a levantar. Eu andei ao lado dele. Desci as escadarias, passando pelos corpos sem vidas das minhas irmãs.

  Eu conseguia sentir o olhar do homem sobre mim, mas tudo que eu pensava era em quando chegaria minha vez. Os outros homens encaravam uns aos outros em confusão ao me verem acompanhada com o homem.

  — Senhor? — um deles perguntou me olhando com desgosto.

  Eu continuava encarando o quadro de Maria com seu filho, fingindo não prestar atenção no que eles falavam.

   — Leve o restante dos homens com você, e ateie fogo em tudo — o homem ao meu lado ordenou com uma voz que fez todos os outros tremerem.

  Todos eles se retiraram dali. Sobrando apenas eu e o homem ao meu lado.

   — Há algo que você queira levar com você? — ele questionou enquanto se agachava, tentando ficar na altura dos meus olhos.

  Ele era alto. Com certeza tinha mais de 1,90m de altura. Eu balancei minha cabeça de um lado para o outro em negação. Não havia nada que eu queria levar daquele lugar para morrer junto comigo.

   Ele retirou um tipo de túnica que cobria seu corpo, revelando um colete a prova de balas com facas, armamento e outras coisas que eu não entendia na época.

Born To Kill : Nascida Para MatarOnde histórias criam vida. Descubra agora