Cap. 29

259 21 7
                                    

( 🏹 )

    Os homens ao meu lado seguravam armas pesadas com precisão, e eu os invejava detrás do vidro.

   Um dos Agentes apitou, e então todos os outros apertaram o gatilho, fazendo com que um grande estrondo ecoasse na sala de treinamento.

   Dei um pulo para trás por conta do barulho, enquanto dois Recrutas riam de mim.

   — Você deveria voltar a brincar de boneca, pirralha — um deles caçoou de mim, me empurrando com força, me fazendo cair no chão.

   Os dois riram, mas eu apenas me levantei e andei em direção ao espaço reservado para mim. Pressionei os lábios ao sentir olhares em mim enquanto entrava na área de treinamento para os Recrutas.

   Meus cabelos passavam de minhas costas, e estavam soltos. Fui até a pequena sala no fundo da arena, onde algumas armas estavam separadas para mim.

   Umedeci os lábios, e passei os dedos na única arma que eu não havia manuseado. O metal gelava minha pele, mas eu gostava da sensação. Peguei o revólver com cuidado, sentindo seu peso em minha mão.

   Eu tinha apenas 6 anos, e a última vez que havia pego em uma arma foi quando matei meus abusadores. Apertei a arma fria contra minha mão e sorri ao ouvir a voz de Papa na arena.

   Ele havia vindo observar os novos Recrutas. Joguei meus cabelos para trás, e corri com o revólver em minhas mãos. Papa conversava com o general Supremo atrás do vidro de observação.

   Os homens começaram a gritar comigo, ao me verem com o revólver. Puxei a parte superior, posicionando a bala e apontando para o alvo mais próximo.

   Boom.

   Bem na mira.

   Os homens faziam silêncio, e se afastavam quando eu me aproximava. Diferente dos Agentes, os Recrutas me temiam, e me desprezavam.

   Fiz o mesmo procedimento nos outros quatro alvos, quando ouvi Papa gritar meu nome.

   — Athaena! — com a arma apontada para o alvo, me virei em direção a Papa.

   Exibi meu sorriso banguela ao vê-lo andando em minha direção. Meus olhos brilharam, orgulhosos de mim mesma, e eu sabia que Papa se orgulharia de mim também.

   Mas ao contrário do que eu imaginava, Papa deu um tapa em minha mão, me fazendo lançar o revólver para longe.

   Ele agarrou meu braço com força, me arrastando para o quarto onde eu deveria estar, e não ter saído.

   Eu sentia a dor, e sabia que eu teria uma marca em meu braço pela manhã. Assim que chegamos em meu quarto, Papa me jogou no chão de cimento, que arranhou minha pele, fazendo sangrar.

   — O que eu te disse sobre mexer em revólveres? — esbravejou Papa.

   Sua voz faz com que eu me encolha no chão, enquanto lágrimas brotam em meus olhos.

   — Eu disse que você só manusearia revólveres com supervisão. Eu estava lá? — ele gritou.

   O ar escapou de meus pequenos pulmões. Papa retirou seu cinto e acertou em cheio em minhas costas. Um grito agudo escapou de minha boca.

   — EU FIZ UMA PERGUNTA!

   Balancei a cabeça negando, enquanto lágrimas escorriam pelas minhas bochechas. Eu achei que se mostrasse para ele que eu podia fazer o que os Agentes faziam, ele se sentiria orgulhoso de mim.

Born To Kill : Nascida Para MatarOnde histórias criam vida. Descubra agora