Cap. 25

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( 🏹 )

   Encaro o teto acima de mim, pensando em cada palavra que Azriel havia me dito.

   Eu não havia conseguido dormir quase nada durante a noite inteira. Suspirando e entediada, decido me levantar.

   Visto um casaco e começo a trançar meus cabelos enquanto ando em direção ao último andar da fábrica. Assim que passo por uma das janelas superiores, percebo ser madrugada, por volta das 5 da manhã.

   Esfrego minhas mãos e aperto o casaco contra a minha pele. Abro a única porta que dá para o pequeno terraço da fábrica, e sou recebida pelas luzes da cidade, assim como a brisa gelada causada pelo inverno.

   Apesar de estar localizada em um ponto alto da cidade, eu conseguia enxergar as montanhas que circulavam a vila. A neve cobria os telhados e as estradas.

   Aos poucos, o céu foi clareando, tranzendo cor ao céu azulado.

   Olho para minhas mãos, especificamente para o anel que Aleandro havia me dado.

   Era a única lembrança de quem eu costumava ser, e eu não sabia se estava pronta para deixar essa parte de mim ir.

   A porta se abre atrás de mim, mas não faço esforço para descobrir quem é. Ouço passos lentos e quase silenciosos ao meu lado, e respiro fundo.

   Olho de esguelha para o lado, e vejo Rhyle segurando uma xícara preta de algo, enquanto observa a cidade. Umideço os meus lábios ressecados.

   Rhyle se aproxima de mim descretamente e me estende a xícara. Eu a seguro, encostando em sua mão gelada por um momento. O calor da xícara é apreciado pelas minhas mãos, e a levo a boca.

   Fecho os olhos ao reconhecer o sabor, e a memória que vem com isso.

  — Chocolate quente — sussurro.

  Rhyle olha para mim, assentindo com a cabeça. Por um momento, consigo enxergar Azriel. O verde de Azriel nos olhos de Rhyle.

   Pisco algumas vezes, mas continuo vendo quem eu não quero ver nesse momento. E então eu faço a pior merda possível.

   Minha outra mão agarra a gola do suéter grosso preto de Rhyle e eu o puxo para mim, o pegando desprevinido. Meus lábios encostam nos dele, e...

   Eu espero as borboletas. Eu espero a adrenalina.

   Mas nada disso vem.

   Me afasto em menos de 2 segundos de beijo, ofegando. Não que ele tenha me deixado sem ar, ele era muito bonito, mas...

   Abro a boca tentando encontrar palavras enquanto Rhyle me olha surpreso.

   Balanço a cabeça como se fosse me acordar de algum tipo de sonho estranho, mas Rhyle continua me encarando.

   — Rhyle, mil desculpas. Perdão. Ai meu deus, o que eu fiz? Eu não deveria, eu não... — começo a gaguejar quando ele estende sua mão para que eu pare.

  Respiro fundo, sentindo meu coração acelerar.

   — Você me beijou — Rhyle concluiu franzindo o cenho e pegando a xícara de minha mão novamente.

   — Eu te beijei — sussurro tocando em meus próprios lábios.

   Me viro para a cidade em minha frente novamente, incapaz de olhar para ele.

   Ouço Rhyle limpar a garganta, enquanto toma um gole do chocolate quente.

   — Você nunca fez isso antes, fez?

Born To Kill : Nascida Para MatarOnde histórias criam vida. Descubra agora