Capítulo 19 - Caráter

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Helia pediu-me para mostrar-lhe o jardim. Enquanto eu estava agachada, explicando o quão intrigante era uma das plantas, ele me observava com os braços cruzados, sorrindo.

— ... e elas possuem um nome popular... eu esqueci qual é... - disse, forçando minha memória ao tentar lembrar.

— Estilhaçada. - uma voz disse atrás de mim. Me levantei pelo susto, e vi pelo canto de olho, Helia fechar a expressão. Era Talis.

— Ah, sim! - exclamei, me lembrando do incidente em que me cortei com uma. Talis pareceu lembrar-se também, pois sorriu.

— Foi essa quem causou-lhe aquele corte, alguns dias atrás. Falando nisso, seu dedo está melhor? - ele se aproximou. Ando um pouco para trás, desconfortável.

— Sim, obrigada. E esqueci-me de agradecer-te por ter dado-me os primeiros socorros.

Ele parou de andar, ainda sorrindo. Não desviava o olhar de mim. — Você correu de repente. O que houve?

Eu queria ir embora. Ele não parecia ter boas intenções. — Tinha algo urgente a fazer.

— Ah, compreendo. - e de repente, ele se vira para Helia, pela primeira vez - Descobri que vocês não são parceiros de verdade. Quis mentir para manter a garota apenas para você, babaca?

Senti ódio, assim como Helia também. Seus olhos escureceram. — Acha que ela não ficaria com você, caso eu estivesse na jogada?

Vi o peito de Helia subir e descer descontroladamente. Ele estava perdendo a calma.

— Acho que ela ficaria bem comigo... até melhor que com você. - e esse foi o estopim. Mas não para Helia.

— E quem o fez pensar que eu sequer considerei você como uma possibilidade? - perguntei, cruzando os braços e assumindo uma pose confiante - Estou com Helia por uma história muito maior. Você me conheceu há menos de uma semana e já se acha com o direito de sequer dar-me apelidos. Não o tem. Eu não conheço você e muito menos confio em ti. Nunca pensei em você mais que uma possível amizade. Não sei porque está a fazer tempestade em copo d'água, sendo que seu orgulho nem deveria ter sido chamado para a conversa. Talis, você daria um ótimo amigo, mas não mais que isso. Desde o momento em que encarei Helia, há alguns anos, me apaixonei por ele. Não havia possibilidade nenhuma de eu terminar com você, mesmo se eu não estivesse em amores com Helia. - respiro fundo. Ainda não havia acabado - E, essa atitude sua, de que mesmo por engano, a ideia geral era de que nós dois fôssemos parceiros e você ainda assim dar em cima de mim, mostra muito sobre seu caráter fraco e orgulho alto. Passar bem.

Eu estava aos nervos. Peguei a mão de Helia e o puxei para fora do jardim. Mas antes de atravessarmos a porta, esta se fechou. — Mas o que...?

Me virei para Talis, que sorria de um jeito maléfico. — Tudo o que eu quero, eu tenho, querida.

Com uma estranha pedra em sua mão, Talis mandou uma ligada de poder para cima de mim. Me desequilibrei, e só não caí no chão graças a Helia.

— Você está bem? - ele parecia preocupado.

— Estou, obrigada. - me levanto de seus braços, encarando Talis. - Que porra estás a fazer?

Ele manda mais uma dessas lufadas de poder. Parecia sentir-se insuperável.

— Eu a quero, Flora. E a terei.

Helia estava atento, e iria pegar a espada que carregava consigo desde que chegamos aqui, mas o impedi. — Deixe-me, meu amor. Quero lutar essa sozinha.

Ele se afastou, pois sabia que eu era mais poderosa. E, ele confia em mim.

Crio um escudo de proteção ao redor de Helia, pois, embora ele não precise, não quero que se machuque.

Talis sorri. — Seu namoradinho não pode se defender sozinho?

Então, quem sorri sou eu. — Ah não, ele pode. Mas se ele ficar estressado com você, eu não terei a chance de esmagar-te com gosto. Se eu precisar, eu o chamo.

Com isso, eu o ataco. Começa então, uma chuva de poderes e ataques. Eu, claro, era mais poderosa. Nem estava transformada.

Talis estava se cansando, eu percebia. Então, quis surpreendê-lo. Transformo-me, Enchantix.

Sua face foi impagável. Ficou abismado e com medo. Prendo-o em uma rede de mudas, apertando-o.

Me aproximo dele. — Nunca mais, e eu repito: nunca mais trate uma garota como um prêmio. Homens como você merecem queimar no inferno.

Dissolvo a barreira ao redor de Helia, abraçando-o. — Mandou muito bem, minha flor.

Dou-lhe um beijo. — Obrigada. Me sinto muito poderosa agora.

E então, saímos do jardim.

— Flora! - grita Avaria ao nos ver subindo as escadas. Ela descia, parecia ofegante.

— Princesa. - fiz uma mesura, sendo seguida por Helia.

— O que Talis fez?

— Sabia que ele faria algo? - ergui uma sobrancelha.

— Não. Mas imaginei. Ele disse umas coisas perturbadoras de manhã, e montei as peças. Eu sinto muito, muito mesmo.

Abraço-a. — Fique calma. Ele está preso no jardim, controlado. Até tentou algo mas... - troco olhares com Helia. Ele sorri orgulhoso - Mas ele não era páreo. - digo confiante.

Ela sorri. — Descobri hoje sobre as Winx, Flora. Na verdade, hoje não, pois vocês são universalmente famosas. Mas descobri que você faz parte delas. Você é um fenômeno!

Dou risada. — Ele não era nem um cisco a seus pés! - ela ri, mas fica séria em seguida - Ele ultrapassou os limites. Foi mimado demais, graças à sua posição social. Sempre conseguiu tudo o que quisesse... o orgulho subiu-lhe a cabeça. Prometo-te, minha amiga, que ele será muito bem punido. - fez a promessa tomando minhas mãos.

— Acredito em você, minha amiga.

A princesa suspira, voltando a sorrir. — Deve estar cansada... ou não, já que é tão poderosa. Mesmo assim, mandarei um agrado, como pedido de desculpas. Espere por um empregado em sua porta.

Dou risada, trocando mais algumas palavras com a princesa, e logo subindo as escadas, sendo seguida por Helia.

As raízes de um inferno - Winx [Helia x Flora]Onde histórias criam vida. Descubra agora