Ainda atentos, mas um pouco relaxados, Helia e eu saímos de dentro do iglu e encaramos as três figuras.
Avaria estava no meio.
— Localizamos vocês pelo calor corporal há alguns dias. Mas se moviam para direções diferentes a cada dia que passava, então, quando se estabeleceram aqui ontem, decidi vir por mim mesma.
Encaramos-na em silêncio.
— Ora, estrangeiros. Já me apresentei. Façam as cordialidades.
Inspirei para começar a dizer, mas Helia me interrompeu. — Meu nome é Helia, e essa é minha parceira, Flora. - os olhos da mulher tomaram um brilho diferente ao ouvir a palavra parceira.
— São parceiros? É difícil encontrar esse laço em outros mundos. - ela sorri - E de onde vieram?
— Alfea. - respondo séria.
— Oh! Alfea? Tão distante daqui! Vieram para que?
— Não viemos por vontade própria. - Helia diz - Acabamos caindo em um portal durante uma luta com bruxas, e não sabemos como voltar.
Ela fecha a expressão. — Vejo que falam a verdade, então não representam riscos para meu povo. Bom, Helia e Flora, dariam-me o prazer de serem meus convidados pelos próximos dias, até conseguirmos nos comunicar Alfea?
Olho para Helia, que me encara. Sei que a decisão seria minha. Respiro fundo.
— Ficaríamos gratos.
Ela sorri, e seus olhos ametista formam um contraste bonito com os cabelos brancos.
— Esqueci-me de apresentar-vos meus queridos ajudantes, Kol - um macho de pele azul-cinzenta e olhos pretos, com ombros largos e sem nenhum cabelo - e Vak. - com a pele totalmente cinza, olhos azul-céu e peitoral grande - Apelidos para Kolarys e Vakmai.
Então, ela começa a andar, e sobe em uma espécie de carruagem. — Venham, venham. Devem estar cansados.
Helia segura minha mão - coisa que não passa despercebida para Avaria - e me guia até a carruagem. Subo, sendo seguida por ele. Kol e Vak sobem atrás, e começamos a nos mover.
(...)
Um castelo enorme de gelo e cristais nos esperava. Assim que paramos e descemos, olhei o horizonte para encontrar uma cidade inteira feita de casas de gelo e vidro e neve.
— Bem vindos à minha moradia, meus convidados. Dou-lhes minha palavra de que serão bem tratados e que, por mais que estejam desconfiando de minha boa vontade, pois eu faria o mesmo, não os farei de prisioneiros. - um sorriso. - Não preciso disso.
Assim, ela subiu a enorme escada de gelo, e as portas gigantescas se abriram quando chegou ao topo. Helia e eu trocamos olhares antes de segui-la.
Quando entramos, a riqueza era clara. Não era cheio de ouro e prata como seria em Alfea, mas sim, cheio de cristais e pedras desconhecidas por mim. Flores parecidas com as que estavam na câmara da chave Matriux, com pétalas de gelo, eram expostas em massa: colocadas em lindos vasos de ametista, em um buquê gigantesco.
As cores variavam. Havia um tapete contínuo e liso, parecendo ser feito de borracha, no tom mais claro dos azuis. Avaria andava em nossa frente, nos guiando, e ao seu lado, havia uma moça.
Era vestida com a mesma espécie de modelito que avaria: uma túnica de tecido leve e esvoaçante, como se estivéssemos no mais quente verão. Era, no entanto, de um azul escuro e desgastado. Em sua cabeça, uma touca em branco que impedia os cabelos jade de irem ao rosto. Uma empregada, presumi.
Atravessando o hall de entrada, cujas paredes eram forradas com um vidro diferente e que refletia como um espelho nossa imagem, subimos outra escada, esta, iluminada por um lustre imenso com as luzes em tons azulados.
A escada se dividia em direita e esquerda. Fomos para a esquerda.
Nas paredes, detalhes foram esculpidos, eram delicados e contínuos.
No alto do andar, a sacada permitia vista para o andar de baixo, e haviam dois corredores: o que seguia reto e o da esquerda novamente.
Seguimos reto, passando por retratos do que presumi serem pessoas de influência. Avaria estava em um deles.
A mesma citada parou em frente à uma porta dupla e branca, a empregada abriu passagem.
— Darei aos parceiros uma de nossas melhores suítes de hóspedes. Deixar-vos-ei descansando até a hora do jantar. Sei que devem estar com fadiga. Em breve, Valla, minha serva - a empregada fez uma reverência - trará roupas confortáveis para vocês se banharem. Estão vestidos como se estivessem congelando, nesse calor!
Eu sorri. — Calor?
Ela retribuiu o gesto. — Oh sim, calor! Estamos em temporada de verão, onde a temperatura atinge até 10 graus negativos! Um inferno!
Eu ri. — E no inverno, como fica?
— Oras! No inverno passado, a temperatura mais baixa foi de 119 negativo. Ai... nem gosto de me lembrar.
Eu sorri, agradecida. — Nosso verão é... um pouco mais quente. Poderia trazer-nos roupas quentes e grossas? Nossa temperatura corporal é um pouco maior que a de seu povo, presumo.
Ela faz que sim com a cabeça e parece pensar. — Após o jantar, poderiam me contar sobre o reino de vocês? Tenho tanta curiosidade!
— Claro! - respondo animada - Poderia me contar detalhes sobre o seu?
— Mas óbvio! Tenho tanto orgulho de meu povo, mas não tenho quase ninguém para comentar sobre. Será um prazer.
Com um sorriso enorme, então, Avaria pediu a licença e junto com sua criada, Valla, desceu as escadas. Helia e eu entramos no quarto.
A primeira coisa que notei - e percebi que Helia notou isso também - foi a cama de casal.
— Quer pedir para trocarmos? - perguntei envergonhada.
— Não. - ele disse calmo.
— Certeza? - insisti.
— Será mais fácil de nos proteger se estivermos juntos.
Não quis demonstrar, mas sua resposta acabou por me desanimar.
O quarto possuía uma enorme janela acima da cama. Do lado esquerdo da cama, um banheiro com banheira, vaso e pia feitos de mármore branco. Do lado direito, uma lareira de pedra branca e que queimava com um fogo azul-arroxeado lindo, sendo rodeado por poltronas confortáveis e cor creme, com bordados em azul.
Havia uma cortina azul-celeste linda, e a roupa de cama era em tons de creme, azul-escuro e indicolite*.
Uma recamier* na frente da cama, creme com bordados esmeralda. Um tapete felpudo em esmeralda, que estava abaixo da cama. O chão era branco off-white e tão limpo que chegava a refletir.
(...)
Tempo depois, Valla voltou com roupas quentes de frio, que pareciam ser exatamente de nosso tamanho.
Me dirigi ao banheiro e liguei a banheira com água quente, enchi de sais e entrei.
A sensação de limpar a sujeira da pele era indescritível. Como se eu renascesse.
Lavei os cabelos e me depilei com uma lâmina que se encontrava em uma gaveta próxima à banheira.
Escovei meus dentes após sair do banho; usei cremes em meus cabelos e pele, perfumes e óleos.
Me troquei: uma calça preta, quente e macia. Uma camiseta de algodão, e um casaco moletom preto, bem quentinho. Tênis e meias.
Não vesti os sapatos, apenas as meias.
Penteei meus cabelos e ao deixar o banheiro, Helia entrou. Percebi que ele havia revirado o quarto em busca de armadilhas. Me deitei na cama, e mal respirei, já estava dormindo. A cama era tão macia que me puxou para o sono na hora.
..........
* Indicolite: tom de azul pálido. (❄️)
* Recamier: poltrona colocada na frente da cama.
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As raízes de um inferno - Winx [Helia x Flora]
Fanfic[AU - MagicMoon0] + 14 (lutas, sexo, palavras de baixo calão, brigas) Contém: - 70% de um romance saudável; - 12% de aventuras mágicas; - 8% de atividades sexuais; - 6% de desentendimentos necessários; - 4% de lutas preocupantes. (100% de uma...