Some things never change (EraserMic)

Ainda acordado?

Já eram mais de onze da noite. Não havia luz nenhuma em Tokyo além de iluminações de outdoors, postes de luz e janelas de cômodos que abrigavam aqueles que ainda não haviam dormido. 

De volta ao apartamento de Eraserhead, entre os que não dormiram estava Hizashi Yamada, de 16 anos, que mirava o teto da sala a qual os heróis haviam disponibilizado para que os viajantes no tempo passassem a noite. Dentro de sua cabeça, milhares de inseguranças o rodeavam. O jovem Shouta, por outro lado, parecia estar dormindo um sono sereno e calmo, digno da expressão "dormir como um anjo". Por mais que estivesse com sono, o de cabelos loiros não conseguia dormir. Já haviam passado alguns bons minutos desde que as luzes do apartamento foram apagadas e o silêncio reinava no local até que se ouviram passos descerem as escadas. 

O jovem Yamada se sentou sobre o futon no qual ambos os estudantes dividiam e procurou a origem do barulho, acabando por encontrar Present Mic, que havia descido para tomar água. Os olhos de ambos se encontraram e o mais velho estranhou. 

- Ainda acordado? - Mic perguntou, recebendo alguns sinais desesperados formados pelas mãos alheias. Tais gestos pediam silêncio, já que o jovem Yamada estava morrendo de medo de acordar o amigo. - Acordar o Shouta?? - o mais velho perguntou em tom mais alto e irônico. - Com esse sono pesado que ele tem?? É mais fácil acordar o prédio inteiro. - disse se aproximando dos dois e sentando no sofá da sala. 

O jovem Hizashi conferiu para ver se o moreno não fora acordado por acidente, mas Aizawa continuava dormindo tão tranquilamente quanto há minutos atrás. Talvez ele realmente tivesse um sono pesado, mas o loiro não tinha como saber disso (pelo menos não naquela idade). Voltou o olhar ao seu "eu mais velho", que o mirava com compaixão. 

- O que houve? - ele perguntou se referindo ao motivo do mais novo estar sem sono. 

- É que... - ele começou a dizer, ainda tentando falar baixo,  com receio de incomodar o estudante adormecido. - O tempo todo o Shou parece tão distante de mim... - ele deixou um olhar cabisbaixo se formar em seu rosto. - Parece que eu sou estranho ou que assusto ele… é como se ele me evitasse às vezes. Tipo hoje: ele me evitou o dia todo... - seus olhos passearam pelo cômodo até encontrar o estudante sobre quem falava. - Às vezes eu penso que seria melhor se eu deixasse ele em paz... 

- Hey... - Mic o cortou só de ouvir tal possibilidade. - Sem essa, garoto. Você não é estranho, você é incrível! Às vezes o seu jeito pode ser um pouco intenso demais 'pra ele, mas eu sei que você tem as melhores intenções. - disse, fazendo o menor sorrir. - E, conforme o tempo for passando, você vai conhecer o Shouta melhor do que ninguém: vai saber quando ele precisa de espaço; quando ele só quer um longo abraço durante algumas horas; como ele fica quando está com vergonha... Vai saber tudo sobre ele, desde o que cada olhar dele significa até como ele gosta que adocem o café. E acredite, vai se apaixonar ainda mais por ele. 

O mais novo escutava tudo com atenção, sentindo suas bochechas esquentarem no fim do discurso. 

- E quando eu fizer tudo isso, o Shouta vai me amar? 

Mic paralisou durante alguns segundos devido à pergunta. Poderia ser otimista e garantir ao garoto que sim, mas não estaria sendo um pouco confiante demais? Também não seria certo dizer que não, afinal iria partir seu coração. Pela primeira vez se preocupou com a possibilidade de aquela viagem no tempo impactar a linha temporal e, talvez, afetar tudo aquilo que passara anos construindo. O que ele deveria responder? Qual dessas versões era a verdadeira? Hesitou bastante e segurou seus ânimos ao tentar mediar uma resposta, que saiu mais ou menos assim: 

- Sinceramente, garoto… eu ainda me pergunto isso até hoje. - ele confessou, sendo pego de surpresa quando uma voz grave atrás de si comentou sua resposta.