Visto um casaco fino por cima da camisa branca, prendo o cabelo em um rabo de cavalo, passo minha bolsa estilo carteiro pelo ombro, e saio.
Lá fora, ainda está escuro, e me encaminho para o colégio West Los Angeles College. No caminho, vejo momentaneamente meu reflexo em um dos carros. Estou usando uma calça jeans gasta, uma camisa branca por baixo do casaco que está aberto, minha bolsa carteiro está caída pela lateral esquerda, meu cabelo liso na cor castanho escuro está preso em um rabo de cavalo alto. O colégio não é muito longe, e chego lá em 15 minutos.
Chego à sala de relações humanas, a primeira aula do dia, agradecendo pelo ar que, ao contrário do de fora, está quente. Sento em uma carteira com um longo suspiro. Dali a alguns minutos, a aula começa, como toda a quinta-feira. Depois de algumas aulas, como sempre, vem o almoço. Vou ao refeitório e me sento em uma mesa com alguns colegas de classe.
- Hey, Jennifer, o pessoal está pensando em ir ao cinema, topa? – perguntou Brian, um menino da minha sala.
Mordo o lábio, não costumo sair. Então pensei em todo dia sendo igual, e que isso era perturbador.
- Hã... Ok.
Depois do almoço, tudo ocorreu normalmente. Na saída, Brian me fala que a turma se encontrará às 18 horas em um cinema que eu já conhecia.
Horas depois, eu saio de casa e vou em direção ao cinema. Estou com a mesma roupa do mesmo dia mais cedo, somente coloquei um casaco mais grosso e esvaziei a bolsa carteiro das matérias escolares. Quando chego à esquina do cinema, o pessoal já está lá. Me incluindo, era um grupo de seis pessoas, três meninas e três meninos.
- Pessoal, ela chegou, bora!
No final, fomos ver um filme novo o qual estavam falando muito bem. A turma conversou quase o filme todo.
Penso sobre minha relação com essas pessoas. Essa turma era só isso, colegas de classe do colégio, que não eram nem populares e exibidos, nem excluídos, eram somente mais uma turma. Conhecia-os há alguns anos, às vezes conversava com eles, era o mais próximo que eu tinha de amigos. Mas nunca podia deixar de me sentir errada no grupo, como uma peça de xadrez no meio de um jogo de damas. Não me sentia de certo bem, como se estivesse realmente lá.
Quando o filme acabou, era 20h30, e estávamos nos despedindo, quando eu vi uma coisa que fez meu coração acelerar. Havia um adolescente com uma garota entrando no cinema. No início, não vi nada que já não tivesse visto: um casal de namorados indo ao cinema. Então, a pele do garoto começou a ficar verde, quando ele sorriu exibiu dentes pontudos como os de tubarão, e os olhos ficaram totalmente negros, sem nem mesmo a parte branca, somente preto. Eu gritei e todos me encararam.
- Hã... Jennifer? Está tudo bem?
"Eu devo... devo estar enlouquecendo", pensei, mas não concretizei em palavras, apenas assenti.
Volto para casa, com a mente atormentada de pensamentos sobre o garoto, ou seja lá o que quer que aquela coisa fosse. Durmo às 22h00, torcendo para que fosse o sono me causando ilusões.
No dia seguinte, tudo ocorre normalmente. Na saída, Letícia, uma menina do mesmo grupo do dia anterior vem falar comigo.
- Jennifer, soube do que aconteceu?
- Não...
- Poucas horas depois de nós termos ido em bora do cinema ontem, uma menina foi assassinada. – falou e pegou algo na mochila, era um jornal – Essa menina aqui. Estão loucos atrás de testemunhas.
Meu coração quase parou. Era a garota que estava com o garoto que eu vira.
- Bem, então é isso, só achei que deveria saber, mas não se preocupe, eles vão achar o assassino.
E se fora, me deixando sozinha com o jornal na foto sorridente da menina, que nunca poderia saber o que aconteceria com ela, que aquele poderia ser um dos seus últimos sorrisos.

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Coração Marcado
Fanfic"Eu concordaria com qualquer coisa para sair de lá. Lágrimas ardiam no fundo dos meus olhos, mas eu não ousaria liberá-las. Eu tinha que ser forte, não poderia demonstrar fraqueza, principalmente na frente daquelas pessoas." - Coração Marcado E...