Emma passou seu braço pelo do príncipe enquanto caminhavam vagarosamente afundando os pés na neve fria encharcando seus sapatos. Os dois atravessaram um labirinto na qual Emma agarrou fortemente o braço do príncipe arranhando-o com suas unhas por debaixo das luvas. Ele lhe olhou de canto de olho voltando a guia-los por meio dos muros feitos de arbustos verdes misturados ao branco com neves despencando de suas bordas.
Philippe parou em frente a um portão de ferro e ao abri-lo revelou um lindo Jardim secreto, onde no meio havia uma fonte congelada e um balanço por de trás dela agarrado nos galhos de uma árvore gigantesca, no que eles se aproximaram e limparam antes de se sentar movimentando-o com as pontas dos pés pra frente e para trás.
- Emma- a chamou fitando o gelo grudado sobre a fonte a poucos centímetros de distância- Você já pensou em ser rainha algum dia?
- Não- Emma gaguejou desconcertada- Eu nunca nem imaginei em vir pra cá imagina ser rainha- gesticulou enrugando a testa.
- Mais você gostaria de ser?- Philippe perguntou meio sem jeito, virando-se para mirá-la.
- Eu não sei- Emma respondeu lembrando da insinuação do rei na hora do jantar- Se rainha significa ter que abrir mão de muita coisa. Eu sei o peso que é isso- arqueou as sobrancelhas abaixando-as com um suspiro- E isso significa abrir mão da minha confeitaria também- abaixou o olhar.
Philippe estufou o peito inflando-o soltando um enfadado suspiro de tristeza por entender que Emma tinha toda razão. Se para ela a coroa era um peso carregado de obrigação e responsabilidade, imagina para ele, que a vida toda teve que carregá-la em suas costas. Ou melhor dizendo, em sua cabeça.
Um minuto de silêncio se passou levando um clima estranhamente desconfortável embora consigo, até que Philippe finalmente tomou de volta as palavras.
- Eu quero que você saiba que eu nunca vou te obrigar a nada. Eu queria que você ficasse aqui comigo para sempre. Não só eu mas todos aqui no Castelo- abriu um sorriso contido formando um linha fina com os lábios semicerrados- Mais independente da sua escolha ou para onde você for eu nunca vou me esquecer de você.
- Você sabe qual é a minha escolha- Philippe balançou a cabeça franzindo a boca- Amanhã é meu último dia aqui em Evelode.
Philippe enfiou as mãos no bolso do casaco de veludo e inclinou a cabeça para trás, contemplando o céu limpo e negro com algumas nuvens o circulando. De repente pedaços de flocos de gelo começaram a descer escorrendo em sua face, e ele fechou os olhos para sentir a sensação fria e gelada que arrepiava sua pele por debaixo daqueles amontoados de roupas.
Emma seguiu o exemplo do príncipe erguendo o queixo sentindo a mesma sensação fria que ele, deixando escapar um sorriso envolto de uma lágrima emocionada , respirando aquele ar da natureza para dentro de seus pulmões.
- Eu sei que eu não posso te obrigar a nada. E querer não é poder, né- os ombros dele balançaram numa gargalhada sonora ainda sem encará-la- Só sei que eu nunca vou te esquecer e vou sentir muito sua falta. E gostaria de te fazer um pedido- se virou abruptamente para ela, que o observava com um brilho de lágrimas estampado em seus olhos castanhos- Eu gostaria muito de ter uma última dança com você no baile de amanhã- limpou uma lágrima solitária que escorregou em sua bochecha.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Uma pequena confeitaria
RomanceEmma é muito dedicada e esforçada em seu trabalho na confeitaria que herdou de seu pai após a sua morte, entregando sempre o melhor de si para fazer os deliciosos bolos de toda a cidade. Por isso, em um dia comum e inesperado, alguém aparece batendo...