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Faltam dez minutos para que dê meu horário e eu possa retornar para casa.
Mas não partirei enquanto não terminar meu trabalho. Devo recolher as roupas que estão para secar e Finalizar limpando a cozinha.
Fico impressionado em como a casa dos Flex sempre está bagunçada e com algo para ser feito, mesmo eu Estando aqui todos os dias para a faxina.
Não que eu reclame, sou muito grato a eles pelo emprego. É o que me ajuda a cuidar de minha família. Em Shadowland, um jovem miserável como eu não encontraria uma oportunidade melhor que essa nem em um milhão de anos.
Só que não tem como negar que o trabalho é um tanto exaustivo, levando em consideração o tamanho da mansão.
Se pelo menos além de Matilde e dos jardineiros houvessem mais funcionários para me ajudar...
Ouço ao longe uma leve corrida pelo chão que de mármore branco que encerei a algumas horas, e pela voz fina e alegre percebo que é Jason. Retornando do colégio.

"Ben, Cheguei!"

Ele invade a cozinha para me abraçar retribuo sorrindo.

" Ah eu notei. E como foi a aula hoje campeão?"

Ele faz uma cara tediosa e revira os olhos.

"Muito chata. Como sempre. Agora que eu cheguei vamos brincar?"

Não consigo evitar achar graça da maneira como ele diz. Mas em meu íntimo faria qualquer coisa para poder ter as oportunidades que ele tem.
Abandonei o colégio com 16 anos para começar a trabalhar. Assim que meu pai se acidentou e não teve como sustentar a casa, não pude nem iniciar o Ensino Ideal para que com muita sorte, no futuro; eu pudesse ingressar em uma instituição de formação.
Esse garoto não sabe o privilégio que tem.

"Chuchu, deixe ben em paz. Ele não pode brincar com você hoje, o pai precisa dele."

Nova Flex, a matriarca da família surge  virando a esquerda e adentrando a cozinha.
Seu sorriso é impecável. Seus olhos são escuros como a noite, seus cabelos São pretos como sua pele brilhante e formam uma coroa sob sua cabeça.
Ela tem uma beleza e graça dignas da realeza.
Ela chama o filho e pede para que ele vá para o banho. Felizmente, ele não discute.

"olá Ben, como vai ?"

Ela se aproxima de mim, com bondade no olhar.

"Levando..."

É a minha resposta.

"Kayo me disse que você precisa de adiantamento. Como seu pai está querido?"

Eu não tenho certeza se quero desabafar com ela sob a saúde de meu pai.
Ele era um homem forte e saudável.
Sempre foi prestativo, por mais que sempre tenha tido pouco. Ele sempre tentou ajudar quem conseguisse, de diversas formas diferentes.
Nunca foi apenas sob a queda que lhe quebrou os dentes da boca e sobre a infecção nos dedos. Ele teve problemas de coração e pressão desde quando era um jovem rapaz de vinte anos. Só que nunca deu tamanha importância para isso, teve que começar a trabalhar desde muito novo para cuidar da família.
Não teve educação nem uma alimentação correta. Passou frio, Fome e muito nervoso na vida. Hoje, as pessoas o olham com pena e desprezo. Muito disso é culpa da minha mãe. Ela nunca fez nada para ajudar meu pai em casa. Espalha diariamente aos quatro ventos que ele é um Doente fracassado que vai morrer em breve e não deixará nada além de desgosto para ela.
Quase nunca para em casa e quando resolve dar as caras está cheirando a sexo, Álcool e cigarro.

"Ele finge que está bem mas eu sei que não é verdade. Depois que ele pegou a Gripe a saúde dele se deteriorou ainda mais. As vezes ele tosse tanto a noite, que o coração dele acelera como se ele fosse infartar.
E não importa o quanto eu diga, ele não come os alimentos adequados que eu compro para ele regular a pressão. Ele diz que eu é quem devo me alimentar direito pois ainda sou jovem e devo me esforçar para ter uma vida longa."

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