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No Horário marcado, saio de casa trajando roupas escuras para não ser reconhecido.
Meu pai nem sonha que estou saindo de casa e minha mãe ainda não chegou.
A noite está bem fria e escura, nem a luz do luar é capaz de dar qualquer resquício de luz a Shadowland. Somos um povo esquecido, condenados pelos deuses a viver na escuridão.
Caminho um quarteirão inteiro até o ponto de encontro, uma encruzilhada deserta.
Na frente de um bar, está o luxuoso Carro do doutor Flex. Verifico se não há nenhum sinal de que alguém possa ter me seguido ou esteja me observando e quando vejo que a barra está limpa, corro até o Carro e entro.

É sempre um Motel diferente e afastado da cidade, Todos são de luxo. Desta vez, o quarto em que entramos é todo preto com leves e fracas luzes reproduzidas por Velas vermelhas com aroma de Maçã.
A roupa de cama é Branca e macia como seda. A mesma é Bem grande, daria para umas quatro pessoas dormirem ali, se esse fosse o objetivo. no centro há uma mesa com petiscos acompanhados por diferentes tipos de queijo e uma garrafa de vinho acompanhada por duas taças de cristal.
Acho que deixo minha surpresa em presenciar o local transparecer em meu rosto porque o Doutor Flex solta uma risadinha abafada.

"Você ainda não se acostumou não é?"

Faço que não com a cabeça. Eu realmente já deveria estar acostumado, todos os quartos que frequentamos juntos se igualam em beleza, conforto e é claro, luxo! Coisa que é alimento para gente rica.

"Toma aqui"

ele me entrega um envelope que quando abro vejo que tem um pouco mais que o meu salário mensal. Antes que eu possa questiona-lo ele diz:

"É por você ficar sempre de boca fechada."

É claro.
Eu jamais poderia expor o que o excelentíssimo doutor Kayo Flex fazia com seu empregado quando sua gentil esposa não estava olhando.
Primeiro, porque além de eu ser pago por meus serviços; ele realmente era um bom homem. Era um médico exemplar e um ótimo patrão, amava o filho e a esposa.
Ela só não sabia satisfazer ele da forma como deveria...
Segundo, porque ninguém acreditaria em mim. Era comum homens de família buscarem diversão fora de casa. Muitas famílias em Shadowland eram assim.
Algumas esposas sabiam mas fingiam que não, outras realmente nem desconfiavam.
Mas no final, não importava o que elas sentiam Ou pensavam sobre isso.
O Marido era o Sustento do lar, ele tinha todo o direito de se expressar sexualmente da maneira como ele quisesse sem precisar sentir culpa. O doutor Flex me dizia que o líbido dele estava comigo, mas o seu coração sempre estaria com sua família.
No final, isso era o que importava.
Mesmo assim, eu ficava receoso. Será que se Nova descobrisse o que eu fazia com o seu marido ela ainda me trataria tão bem como fazia ?

"Obrigado doutor Flex."

Agradeci.

Ele se aproximou de mim devagar, E beijou meus lábios. eu consegui enxergar o brilho sagaz em seus olhos. Ele era um Homem muito bonito afinal de contas. Era da minha altura, mas com longos e fortes braços,
Cabelos escuros e barba por fazer em seu rosto, seus lábios finos e rosados se abriram em um sorriso cheio de malícia e ele me disse com os grossos dedos em volta do meu pescoço:

"Doutor não. a partir de agora você vai me chamar de Patrão, putinha."

Esses eram nossos títulos durante nossos encontros. Eu devolvi o sorriso com a mesma intensidade de malícia, joguei o envelope sob a cama e tirei meu casaco grosso e escuro.

" O que o meu patrão deseja ?"

Ele apontou para o chão, ainda sorrindo. e então, eu me coloquei de joelhos.

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