capítulo sete | desculpas

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Nunca na minha vida pensei em passar por situação mais humilhante. Como aquele homem, com alma tão mesquinha, teria a coragem de me acusar daquela maneira? Ele era como um fruto de aparência nobre por fora e podre por dentro.

Não demorou muito para o motorista me largar na porta da mansão dos Monteiro Bragança, até imaginei que o porteiro iria recusar minha entrada, mas o mesmo se recordou do meu rosto. Apertei a campainha, e nervosa, alternava entre o peso de uma perna para outra.


— Oi, Flávia! Onde está o pessoal? — Murilo atendeu a porta, abrindo um sorriso. Mais um cínico.


— Eu vim buscar a grana do show de ontem. Preferi vir sozinha, tenho um assunto para resolver com o seu irmão. Onde ele está? — falei, enquanto passava por ele, adentrando a casa. Não havia muitos motivos para ser amigável com Murilo e nem com o restante da sua família.


— Olha, se é sobre ontem...


— Murilo, você e seus irmãos tem noção do que fizeram? Vocês me acusaram injustamente por algo que eu não fiz. Odeio fogos de artifício e jamais faria isso. A culpa é toda de vocês e vocês sabem muito bem. Fizeram isso para livrarem a própria barra, e agora eu saio como a única prejudicada da história. Guilherme me ligou e falou horrores ao meu respeito, me senti desrespeitada e agredida verbalmente. — falei aos gritos, perdendo o controle que achei que tinha. Uma lágrima começou a escorrer do meu olho e eu percebi que estava me esforçando muito para não chorar.


— Desculpa, desculpa, desculpa mil vezes, Flávia. Tentei conversar com ele ontem a noite, mas ele não acreditou na minha versão. — ele falou, com compaixão nos olhar que quase acreditei que fosse verídico, enquanto segurava meus ombros. — Ele está na quadra de tênis do condomínio. — falou, respondendo minha pergunta.


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Combinei com Joana de nos encontrarmos na quadra de tênis do condomínio às 15h30. Joana é meu braço direito na clínica Monteiro Bragança e minha grande amiga desde a época de faculdade, passamos pela residência juntos e ela foi a pessoa que mais me apoiou na época de assumir a clínica.


— Atrasado, Guilherme?


— Doutor Guilherme nunca se atrasa. São as pessoas que estão adiantadas. — falei, rindo e a abraçando.


— Vamos? — Joana piscou para mim, se aprontando para a 1ª partida.


— Você que manda!


Os jogos de tênis me acompanham desde que sou pequeno. Sempre foi um hobby entre meu pai e eu, e quando ele faleceu, continuei o nosso hobby. Seja no Brasil ou na França, estava sempre focado em esse ser minha atividade preferida em horários de lazer. Rose odeia a ideia de eu perder mais tempo jogando tênis que a dando atenção, mas reconheço que minha noiva precisa de mim, assim como eu preciso dela.


— Mais uma partida ganha! Te falei que ganhar de mim é para poucos. — falei, enquanto tomava um gole rápido de água.

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