CAPÍTULO 2 - TOMANDO O CONTROLE

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Poderia ser mais um dia qualquer, a não ser pelo fato de não estar acordando no horário de costume, com isso parece que nada funciona corretamente, os horários não batem, os ônibus atrasam, mas com muita correria chego a estação de trem.
Não consigo chegar com tanta antecedência então corro direto para a escada rolante. Quando mais novo assisti vários vídeos sobre acidentes em escadas assim, depois disso desenvolvi um costume de sempre ter 2 degraus vazios, entre mim e a pessoa seguinte.
Na minha cabeça, se começar a dar algo errado lá na frente, eu tenho o tempo de 2 degraus para reagir e talvez quem sabe, não morrer.

Chegando na plataforma vejo que o local que costumo ficar está cheio, então resolvo ir ao lado oposto. É estranho, sempre fiquei no mesmo lugar, mas graças a Dorothy, até isso deu errado.
O sol não apareceu hoje, fruto de uma frente fria que estava chegando com força, uma brisa gelada bate e eu me arrependo de não ter me agasalhado melhor.
Paro na beira da plataforma e olho para frente e então do outro lado da estação vejo ELE.

Não sou de encarar pessoas, nem sou de notar ninguém, até porque não tem nada de novo no meu horário cotidiano, mas hoje tem. Tem ele, em pé, encostado do outro lado da plataforma, dizem que as pessoas ficam mais elegantes no frio e eu nunca acreditei, mas agora vendo-o com seu casaco preto e seu cachecol pendurado, tenho que admitir estar errado.
ELE está segurando um livro, não consigo identificar qual é, mas confesso que me senti curioso, já que em alguns momentos ele abre meios sorrisos, e eu nunca vi um sorriso tão doce.
Outro vento bate e sua franja se desalinha, então em um movimento rápido ELE o arruma, e tenho a sensação de que suas mãos possam ser a coisa mais macia que eu gostaria de tocar.
Quando estou prestes a ver qual título está lendo sou interrompido pelo trem chegando e logo o acúmulo de pessoas o faz sumir da minha vista.

Entro no trem, com um calor no peito. Talvez eu nunca tenha percebido quantas pessoas costumam ler livros, mas agora a cada canto que olho, parece haver alguém lendo algo e eu sempre penso que pode ser ELE, mesmo sabendo que isso seria impossível, já que estava no outro lado da estação.

Chego ao meu destino, estou no horário... hora de trabalhar e a partir de agora, o dia volta ao normal e eu tomo o controle de tudo novamente.

Quando chego em minha mesa, Mikelly logo aparece para o bom dia, e tirar sarro do meu primeiro dia sem estar no controle de tudo.
Ela tenta, mas por algum motivo não consigo nem se quer prestar atenção no que ela diz, e tudo oque consigo pensar é "Que livro era aquele?", eu estava disposto a descobrir, que história conseguia arrancar aqueles meio sorrisos o qual me deixou encantado, e quem sabe talvez, eu poderia compartilhar do mesmo sentimento.

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