Sempre gostei de rotinas, pelos Deuses eu sou obcecado por rotinas. É como se eu tivesse todo o meu dia devidamente planejado em minha mente.
Meu celular toca as 7 da manhã, diferente das pessoas que dizem não colocar sua música favorita para despertar, eu sempre coloco minha música do momento, isso me faz levantar cantando e de bom humor."Se eu colocar minha música favorita, vou acabar odiando ela"
É o que sempre me dizem, por que as pessoas enjoam tão rápido das coisas que gostam? Geralmente começa com uma música favorita, quando se der conta você foi o favorito de alguém e simplesmente não é mais. Nunca entendi como pessoas enjoam de pessoas tão facilmente... Talvez se você não estiver ali todo dia como um despertador, você não a descarte.
Preciso sair de casa às 8 em ponto, meu ônibus passa as 8:10, chego a estação de trem as 8:40 e pego o trem das 9 e claro, antes passo na padaria para tomar um café.
Sair da minha rotina com certeza é pior que qualquer toque de despertador.As pessoas costumam dizer,
"mas você precisa sair da sua zona de conforto"
E adivinha? Eu já saí e não gostei, porque preciso sair de novo? A zona já diz, é confortável.
Costumo sempre passar pela mesma catraca do trem, é como se eu soubesse que aquela catraca sempre fosse dar certo, subo as escadas rolantes da estação para aguardar o trem. Por incrível que pareça, essa é minha parte favorita, o sol começa a entrar na estação e já posso tomar minha vitamina D.
Sempre olho as pessoas do outro lado da estação, esperando seu trem para o sentido oposto, e sempre invento histórias sobre elas, ou o que suponho que trabalham, tudo para passar o tempo. Queria ter um passatempo que consumisse meu tempo, mas acredito que isso está fora de cogitação, eu teria que reavaliar todo o planejamento do meu dia e separar algum horário, mas em meio a trabalho, faculdade e ser dono de casa, tempo é algo precioso o qual não posso deixar de maneira tão fácil para coisas tecnicamente banais.Chego ao meu trabalho às 9:47, como já previ, parece um dia qualquer, o trabalho em um escritório não é algo que faz acontecer coisas novas todos os dias, e não acho isso ruim, na verdade... Sem surpresas, é o que eu pensava até Mikelly chegar em minha mesa.
- Dorothy quer falar com você Gustavo! - ela falou enquanto batia a mão na minha mesa com a intenção de me assustar.
- Mas o que aquele ser iluminado (ironia), quer comigo ainda no primeiro horário? Se ela demorar demais vou ter que mudar todo meu horário de almoço.
Mikelly contornou minha mesa, a ponto de ficar atrás de mim, apertou meus ombros, chegou perto do meu ouvido e sussurrou
- Então é melhor você jogar seu planejamento no lixo - deu risada e saiu.
Mikelly trabalhava no marketing da empresa e estava terminando seu curso de designe gráfico, a gente se amava, mas a forma de demonstrar era literalmente tentando fazer o outro sair do sério.
Levanto da mesa já irritado e vou até à sala da minha gerente. Dorothy sempre foi rude, de cara fechada. Você nunca sabe quando ela estaria de bom humor, e também nunca sabia quando poderia ser demitido.
- Bom dia, Gustavo, sente-se, não tenho muito tempo e sei que TEMPO, é algo valioso para você. - Ela deu um sorriso malicioso enquanto deu ênfase no "tempo", como se soubesse como aquilo conseguiria me tirar do sério.
Mas nada me deixou tão irritado como o que ela me disse assim que sentei.- A partir de amanhã você não terá mais um horário fixo. Antes de sair olhe a escala novamente para descobrir seu novo horário do dia seguinte. Vai intercalar esses horários sempre. - disse já levantando e indo até à porta.
- Pode se retirar.
A única coisa a qual consigo pensar, foi como toda minha rotina iria bagunçar, e aquele sorriso malicioso só mostrava o como ela sabia que eu estava odiando aquilo, mas não tinha escolha a não ser seguir as ordens.
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Próxima Estação... AMOR!
Storie breviGustavo é um rapaz de 24 anos, que mora sozinho em São Paulo. Obcecado por ter sempre o controle de tudo, acaba sendo obrigado a entrar no seu emprego em horários bagunçados, obrigado a sair de sua rotina, Gustavo vai perceber que às vezes não ter...