NEVER BE ALONE • NOART

37 - little notes

POV NOAH

Eu estava ficando louco. Eram tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo.

Enquanto eu dirigia, as palavras daquela noite rondavam minha mente.

"- Diarra chegou em mim de novo hoje... - faz uma pausa puxando o ar. - Me disse que eu era feia e insuportável, que todos estavam comigo por dó. - ela limpa uma lágrima. - Ela disse que tinha nojo de chegar perto de mim e não sabia nem como você teve coragem de namorar comigo. - sua voz já estava bem embargada."

Fora as outras coisas que ela havia dito antes e depois disso.

Me lembro o quão péssimo fiquei naquele dia. Sina com os braços sangrando, chorando horrores por conta dessas palavras ditas por aquela ridícula.

As pessoas só sabem a dor das palavras, quando sente-as. Dizer é fácil, mas quando é conosco, não temos noção do quanto dói.

— Merda, merda, merda! - soquei o volante.

Eu estava sendo hipócrita.

Disse tudo aquilo para Sina, briguei com ela, falei coisas que não sei nem o por quê eu disse. E agora ela estava mal...

Eu fiz Sina chorar, eu vi ela derramar lágrimas por minha causa, eu a machuquei, e talvez, bem mais do que as palavras de Diarra, pois as palavras de uma pessoa qualquer doem, mas uma palavra de quem nós amamos, machuca dez vezes mais.

Eu fiz uma coisa que nunca pensaria que faria, nunca pensei que xingaria alguém daquela forma, muito menos Sina.

Eu não estava me reconhecendo, aquele não era eu...

Parei o carro no pequeno estacionamento e sai de dentro dele trancando o mesmo, subindo em direção aquela montanha na quão eu sempre ia. Quando cheguei no topo, olhei aquele lugar e comecei a chorar.

Foi ali que eu a levei no dia do nosso primeiro beijo.

Foi ali o lugar no qual eu tive crise e ela me ajudou.

Foi ali.

Me ajoelhei no chão e continuei chorando. Eu era um bosta, um babaca, um idota, um covarde. Não deveria ter feito aquilo com Sina, ela não merecia.

Eu sei, eu estava louco. Mas aquilo tudo estava me atormentando. Sina estava com câncer e por mais que ela se mostrou o tempo todo positiva e fingindo que nada estava acontecendo, dentro de mim estava um caos. Eu sabia, sabia que aquilo não era uma doença qualquer, o câncer dela já estava um pouco avançado por conta do tempo que demoramos a descobri-lo e por isso, os danos podem ser piores.

Ela poderia morrer, a qualquer instante.

E ela sabia disso, porém ela se recusava a aceitar. Ou talvez, a ficha dela ainda não havia caído...

Essa coisa de que ela poderia partir, me dói na alma, eu não poderia perde-la, eu não poderia!

Eu me tornei dependente dela, totalmente. Era Sina que fazia os meus dias mais felizes, era ela quem me alegrava quando eu estava mal. Sina é a mulher da minha vida, meu sol nasce e se põe no sorriso dela, meu coração bate porque o dela bate. E eu não sou nada, sem ela ao meu lado.

Meu peito estava doendo, uma dor terrível. Eu me arrependia amargamente do que havia feito.

Eu deveria ter ouvido-a, eu deveria ter deixado isso pra lá, afinal, era uma escolha dela.

Mas bem, agora, eu não posso fazer nada, ou as vezes eu posso piorar as coisas mais do que já estão...

[...]