1.9 - A Melhor noite de todos os tempos

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E eu acabei de deixar essas pequenas coisas
Saírem da minha boca
Porque é você
Oh, é você
É você
É para você
E eu estou apaixonado por você
E todas essas pequenas coisas

Little Things – One Direction

Elizabeth Voughn – 14 anos – alguns dias depois

Tomei um susto quando o sem noção do meu melhor amigo pulou na minha sacada, vestido de smoking.

— Pensei que não gostava de bailes. — Pelo menos, foi o que ele disse quando se negou a ir comigo ao de boas-vindas daquele ano.

Seria meu primeiro baile no ensino médio e, obviamente, eu não tinha um par.

Esperanças. O problema das pessoas era ter esperanças.

— Mas você gosta. — Ele se deitou na minha cama, ao meu lado, e seu perfume entrou pelas minhas narinas, me causando arrepios.

O perfume era melhor do que o cheiro do cigarro, sem dúvida nenhuma.

— Gostei do perfume. — Meus olhos voltaram para o livro que eu tinha sobre minhas coxas.

— Vou gostar do seu, quando você passá-lo também. — Tentou fazer uma piadinha.

Mas aquele era um dia no qual eu não conseguia sorrir, nem para ele, nem para ninguém.

— Não vou ao baile, Noah. — Pelo menos, não depois de ter sido rejeitada por você e por mais dois meninos que eu havia convidado.

Humilhante.

— Vai, sim — resmungou.

— Não vou.

— Vai. — Ele se levantou e foi até meu armário. — Cadê o vestido que você escolheu?

Encolhi os ombros.

Minha mãe o devolveu depois de gritar comigo por uma hora, dizendo que havia me avisado que eu não devia ter alugado um vestido quando não havia nenhum garoto para me levar até o baile.

Eu tinha certeza de que Noah me levaria, mas, aparentemente, estava enganada. Ou não, já que ele estava ali no meu quarto, enchendo meu saco, naquele momento.

— Liz, cadê o vestido? — Sua voz era mais calma agora.

Não respondi.

Não queria expor a verdade cruel e humilhante.

— Sua mãe devolveu? — Noah chegou mais perto de mim e me puxou pelo queixo. — Ei, por que está me ignorando?

Meu lábio tremeu.

Eu ia chorar.

Como sempre.

Noah me puxou para um abraço — que, desde o meu aniversário, havia se tornado algo comum. Sua mão passou pelos meus cabelos, enquanto eu me debulhava em lágrimas. Eu queria tanto ir àquele baile. Seria perfeito.

A verdade era que eu não sabia quando aprenderia que nada seria perfeito; tudo sempre seria uma catástrofe.

— Ano que vem, nós iremos. — Noah sussurrou.

— Nem fodendo que eu me prestarei a esse papel novamente. — Empurrei seu corpo, para que se afastasse de mim.

Por um breve momento, senti seu corpo duro contra os meus dedos e me senti ainda mais patética.

A minha insegurança era patética.

Aquela paixão adolescente, mais ainda.

Eu era patética.

ENVENENADOSOnde histórias criam vida. Descubra agora