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O sinal havia batido, insinuando o final das aulas, exceto para Maya. Ela permaneceu ali, sentada. Pensando sobre as horas passadas e sobre como era estúpida o bastante para não conseguir lidar com seus próprios pensamentos.

Não era a primeira vez que coisas assim aconteciam. Não era um grande problema para Maya ficar encrencada na maioria das vezes. O que realmente incomodava Maya era o fato de ninguém entender o seu lado. Talvez, esse fosse o maior objetivo de vida de Maya; Fazer com que as pessoas entendessem que, na maioria das vezes, a culpa não era apenas dela. Maya só queria encontrar alguém que realmente compreendesse o seu lado, ou pelo menos tentasse.

Maya teve que deixar seus pensamentos incompletos quando viu a Sra. Parker entrar na pequena sala, que continha mais ou menos 7 alunos. Todos permaneceram em um silêncio estrondoso para os ouvidos de Maya. Ela olhou para sua folha de papel, que continuava vazia e sem ideias novas.
Balançou seu lápis entre seus dedos, buscando algo que lhe distraísse naquele inferno pessoal. Buscou em sua mente, algo diferente que pudesse lhe salvar daquilo.

Então, a voz sussurrou;

" Não vai conseguir encontrar nada. Acha que no inferno vai ter uma saída de emergência?"

Que estupidez, aquela voz só aparecia para lhe causar dor de cabeça!

Ela suspirou mais uma vez, e passou suas mãos trêmulas sobre sua testa suada. Quando sentiu que seu pulmão realmente necessitava de novos ares, pediu para ir até ao banheiro. Sra. Parker aprovou, contando que usasse um crachá escrito "detencionada" nos corredores.

Maya achou a ideia estúpida, mas não tinha tempo para contradições já que estava realmente necessitava de novos cenários para entreter seus pensamentos, e especificamente, as vozes.

Ela apressou seus passos pelos corredores, ansiando por chegar no banheiro a tempo. Adentrou apressadamente na cabine, se ajoelhou à frente do vaso sanitário e colocou todo o seu café da manhã para fora. A garota se levantou tonta, pensando em como poderia esconder seu momento de insanidade. Ela lavou seu rosto na pia, torcendo para que não fosse tão notório que ela não estava tão bem. Ela odiava ter que se explicar. Saiu do banheiro, ainda se segurando pelas paredes para não correr o risco de cair.

Estava prestes a voltar para seu inferno pessoal, quando seus ouvidos foram enchidos por uma melodia diferente, que vinha das escadas da escola. De princípio, sentiu medo de ser alguma coisa paranormal, mas depois, juntou sua coragem e decidiu ir ver do que realmente se tratava.

Ela se deparou com uma figura de cabelos enrolados, sentado em um degrau da escada, tocando em um violão a melodia estranha, mas confortável que havia chamado a atenção de Maya.

Ela o assistiu tocar suavemente no instrumento, apenas com o toque de seus dedos já que seus olhos estavam fechados. Ele sussurrava algumas palavras, talvez não soubesse a letra inteira. Maya ficou alguns segundos ali, até o garoto perceber que estava sendo observado.

        — O que está fazendo aqui? Está pálida, viu um fantasma? — Ele questionou, nem tentando disfarçar seu espanto. E logo riu.

Maya se lembrou dos minutos passados. O que mais poderia fazer para esconder sua pele espantosa?

        — O que você está fazendo aqui! Por acaso devia estar na detenção? — Ela devolveu a pergunta ao garoto.

        — Eu, não. Já você.... — Ele sorriu, apontando para o crachá da garota. Ela arregalou seus olhos.

Se lembrou que já estava tempo demais fora da sala, e que isso com certeza iria pesar em sua pena na detenção.

Ela fez menção para sair, mas antes, se virou novamente para o garoto.

        — Só mais uma coisa..... Qual é o nome dessa música aí?

Ela questionou apressada, fazendo o garoto soltar um pequeno sorriso que não transmitia nenhum sentimento para Maya.

4 Morant, Finn wolfhard.Onde histórias criam vida. Descubra agora