Sábado.
Maya abriu as portas do auditório, fazendo algumas poucas pessoas presentes ali lhe observarem. Inclusive Finn.
— Você veio! — Ele sussurrou animado, largando seu violino perto do palco, e correndo para os braços de Maya.
— Claro que sim, por que não viria?
— Não sei..... Sinto que ficou um clima estranho entre nós. — Ele disse. — Podemos conversar?
Ela concordou várias vezes com a cabeça, parecendo um pouco desesperada por aquilo. Ele olhou para os lados, e cuidadosamente puxou Maya para a porta dos fundos, que ficava próximo ao palco. Ele soltou uma breve risada quando escutou murmuros da professora de música lhe mandando voltar para terminar o ensaio.
Quando eles finalmente chegaram aos fundos da escola, Maya observou Finn e seu sorriso, e pensou; "Como ele consegue ser tão despreocupado e desapegado com tudo? E porque eu fui uma exceção disso?". Ela piscou algumas vezes, tentando mandar aqueles pensamentos embora de sua mente.
Eles se sentaram em algo que parecia um outdoor quebrado e danificado pelo tempo. Observaram a paisagem à sua frente. Dava para ver boa parte da cidadezinha de merda em que eles viviam. Finn limpou sua garganta, parecendo ter treinado bastante em sua mente todo o diálogo que teria com Maya.
— Todos buscam, ao longo da vida, se encontrarem. E comigo não foi diferente. Toda vez que a aula acabava, e eu me via perdido nos corredores, eu pegava meu violão e ia para as escadas, fazer algo que me ajudasse a lembrar de como esquecer meus problemas, ou apenas achar um jeito de me encaixar. Acontece que se encontrar, e se encaixar no meio de todas as pessoas são coisas extremamente distintas, e que não podem ser feitas ao mesmo tempo. Só percebi isso, quando te encontrei. — Ele parecia totalmente singelo com suas palavras, e seguro de que aquela conversa estava tomando o rumo certo. Ele parou de falar, estreitou seus olhos, observou Maya e questionou; — Sabe, quando parece que tem vozes na sua cabeça, que sempre contrariam suas decisões, por mais sinceras que elas sejam? Parece besteira, eu sei.
Ele suspirou.
— De alguma forma, eu te entendo. — Ela disse, também parecendo pura e verdadeira em suas palavras.
Os dois estavam sem seus filtros.
— Quando você me pediu para fazer aquelas aulas, eu definitivamente me senti um pouco mais completo. Foi o momento em que eu mais cheguei perto de me encontrar. Por isso que tentei ser o mais sincero possível quando bati na porta da sua casa e te contei a verdade. Normalmente eu não faria isso, porque não devo nada á essa cidade e as pessoas de merda que vivem aqui. Mas com você, foi totalmente diferente. Me senti na grande responsabilidade de ser sincero e verdadeiro com você, porque senti que você realmente iria me entender, e eu fiquei extremamente feliz quando vi que eu estava certo em relação a você. Você foi a pessoa que realmente compreendeu meu lado.
Finn voltou seu olhar para a garota, esperando sua resposta. Quando lhe observou bem, viu uma lágrima solitária escorrendo no canto de seu olho. Antes que pudesse questionar Maya sobre aquela lágrima, foi puxado para um abraço, cheio de sentimentos puros e tão incertos, mas que mesmo assim, enchia os dois de alegria e certeza de que estavam depositando sua confiança nas pessoas certas.
— Eu posso até não te entender algumas vezes, Finn. Mas pelo menos eu tento.
Ela sussurrou, ainda amarrada pelos braços do garoto. Ele sorriu fraco, notando a confiança que transmitia para Maya.
— Lembra quando me perguntou o que eu gostava de fazer, e eu pedi um tempo? — Ela se separou do abraço, e lhe olhou. Ele concordou. — Eu gosto de você, Finn. E gosto de Ficar com você.
Ele abriu um grande sorriso. Talvez o mais sincero que ele já deu em sua vida. Eles realmente estavam sem seus filtros.
— Acho melhor você entrar agora mesmo, antes que eu te expulse desta orquestra! — Sra. Constance tecnicamente gritou para Finn, que se virou para ela, soltando pequenas risadas. Maya enxugou sua lágrima, rindo também.
Os dois entraram pela mesma porta de saída, e Finn seguiu em direção ao palco, onde a maioria dos músicos já estavam posicionados. Ela andou pelo canto do auditório, e se espremeu ao meio da platéia para achar um lugar em que pudesse observar bem Finn. Ele acenou brevemente para ela, quando viu que ela havia se encaixado entre a multidão. Ela retribuiu.
Ela abriu um grandioso sorriso quando a orquestra começou sua apresentação. Observou Finn, o jeito que ele tocava, e como realmente parecia confortável e feliz com o que fazia. Ela sorriu mais forte quando Finn sorriu de volta.
Maya sentiu algo totalmente diferente quando parou seus olhos ansiosos no violino de Finn, que parecia ansiar pela atenção dela. Sentiu, que pela primeira vez, estava se sentindo realmente segura e confiante. Estava feliz, e mais feliz ainda por saber que Finn também estava Feliz."Parabéns"
A voz suspirou por fim, fazendo seu contato final com Maya. Ela arqueou sua sombracelha, percebendo que a voz se calou em seguida. Ela logo tornou a sorrir, percebendo que seus pensamentos lhe tomaram tanto sua atenção, que toda a apresentação havia acabado e todos aplaudiam em pé a orquestra. Ela rapidamente se levantou, tentando ao máximo demonstrar sua satisfação e apoio para Finn.
Todos se sentaram logo depois dos calorosos aplausos, e então, Sra. Constance desfilou pelo palco, em direção ao microfone no centro.
— Bom, antes de mais nada, queria agradecer a nossa linda orquestra que se disponibilizou para essa linda apresentação hoje! — Ela exclamou sorrindo, e todos aplaudiram novamente. — E agora, peço que guardem alguns aplausos para nosso aluno Finn wolfhard, que fará uma apresentação para nós agora!
Ela saiu do palco, e Maya arqueou suas sombracelhas. Finn não havia comentado de um apresentação bônus com ela.
Finn logo apareceu, trazendo consigo seu velho violão. Ele se sentou em uma pequena cadeira, e ajustou seu microfone para ficar em sua altura. Ele limpou sua garganta, e quando sentiu a segurança percorrer suas veias, disse;
— Queria tocar uma melodia, para aqueles que conseguem sair de seus poços, e levam seus companheiros consigo. — Ele olhou para Maya.
O garoto se posicionou na cadeira, enquanto se mexia inquieto procurando uma posição favorável. Maya continuava confusa. Suas mãos e seu consciente ansiavam para quaisquer coisas que poderiam acontecer ali.
Ele suspirou.
— Quem um dia irá dizer que não existe razão nas coisas feitas pelo coração. E quem irá dizer que não existe razão.....
Maya fez o que Finn lhe ensinou a fazer com mais frequência: Ela sorriu.
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4 Morant, Finn wolfhard.
RandomOnde Maya tinha medo da rejeição, e talvez encontre algumas respostas para suas milhares de perguntas na escadaria da escola.