SOBRE FAVORES

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EM HIPÓTESE ALGUMA
aceite ser selecionada do seu melhor amigo
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SEMPRE IMAGINEI como seria ter alguém ajoelhado aos meus pés, implorando para que eu fizesse alguma coisa. No entanto, nunca imaginei que esse alguém seria o meu melhor amigo, o príncipe Nicholas Bittencourt, que tem absolutamente tudo na palma da sua mão.

— Não — repito pela milionésima vez.

— Jordana, por favor! — ele pede de novo — Pelos nossos treze anos de amizade.

— Nicholas, você sabe que eu faria de tudo por você, mas isso está fora de questão.

Para resumir bastante nossa atual situação, meu melhor amigo, também apelidado por mim de Tchola, está tendo que “assumir” o lugar de seu irmão mais velho, Felipe, após o acidente de avião que o tirou de nós. Nesse combo, Nicholas teve que também assumir uma das piores — ou melhores, depende para quem você vai perguntar — tradições do reino, a seleção, que é feita para escolher a futura rainha. Vinte e sete garotas são selecionadas para ficar alguns meses no palácio e ao final, o príncipe herdeiro terá que escolher a sua rainha. É exatamente aí que eu entro. Nicholas por algum motivo, achou uma ideia genial, eu participar da sua seleção e agora, está tentando negociar comigo para que eu me inscreva.

— Eu te deixo comer todas as minhas sobremesas pelo resto da minha vida.

— Isso eu consigo, sem precisar me prestar a fazer isso. Preciso de algo mais valioso.

— Te dou acesso livre pra minha biblioteca particular! — continua ele.

— Tio Carlos, já liberou ela pra mim faz séculos.

— Eu vou surfar com você sempre que você quiser — sugere ele, ainda ajoelhado na minha frente, agarrando meus joelhos, me impedindo de andar se não o empurrasse no chão.

— Você já faz isso, imbecil.

— Por que você não quer se inscrever? — pergunta ele, se essa situação não fosse trágica, eu estaria rolando de rir no chão agora mesmo.

Um flashback do dia, quando tínhamos por volta de treze anos, com os hormônios da puberdade a flor da pele, onde ele sugeriu que fossemos o primeiro beijo um do outro e de quebra, tirássemos a duvida que habitava nossas cabeças idiotas, de que em algum momento poderíamos nos tornar um casal. A resposta ficou clara no instante que nos afastamos, quando eu comecei a ter o maior ataque de risos já registrado, enquanto Nicholas ficava cada vez mais vermelho de vergonha. Nossa relação era completamente platônica e de irmandade, de jeito algum, nós daríamos certo.

— Em ordem alfabética?

— Jordana! — ele repreende.

— Nicholas! — eu imito.

— Me diga um único bom motivo e eu desisto.

— Imagina o que o povo vai falar, todo mundo já acha que nós temos um caso, ou que nós somos inexplicavelmente apaixonados e blá blá blá — digo com a voz afetada, imitando uma das inúmeras jornalistas que insistiu, durante uma entrevista que estávamos escondendo nosso relacionamento da mídia.

— Como se você ligasse para isso — retruca ele —, eu só quero você lá, me ajudando e me dando conselhos sobre as garotas, você vai ser tipo minha espiã! Imagina que terrível seria se eu escolhesse uma rainha chata.

— Tá amarrado, ninguém aguenta outra diaba no trono. — faço uma careta.

— Imagina que tragédia, ter outra rainha que não gosta de você. — implica.

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