Beijar na chuva

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Sina Deinert

Um trovão iluminou o céu e então eu continuei encarando o dia nublado pela grande janela da sala de estar.

- Está chovendo filha, ele não virá- minha mãe disse parando ao meu lado- Que tal ficar aqui para vermos um filme?

- Podemos ver mais tarde mãe, eu vou sair com o Noah.

Minha mãe suspirou profundamente, ela tinha certeza que o garoto não viria, mas percebeu que estava errada quando escutamos a campainha e eu corri até lá, me despedindo de minha mãe e fechando a porta atrás de mim.

- Minha mãe achou que você não viria e... você está todo molhado! O que houve com o carro?- disse enquanto tentava me proteger da chuva.

- Não precisamos dele, o que vamos fazer será aqui no seu quintal- ele sorriu, cem por cento despreocupado com a chuva que nos molhava.

- Acho que não entendi.

- Eu vi em uma previsão do tempo sobre a chuva e aproveitei para pesquisar coisas legais para fazer nela e encontrei várias- sorri, talvez um banho de chuva mão fosse tão ruim.

- Hoje não vamos ter o dia dezesseis e sim o último dia- sorri desanimada.

- Eu prefiro chamar de dia dezesseis.

- Como quiser- eu ri fraco

- Dia dezesseis, beijar na chuva- arregalei os olhos e Noah sorriu tímido- Mas se você não quiser podemos simplesmente danç...

Antes que ele pudesse dizer algo, colei meus lábios com os dele e ele acabou sorrindo involuntariamente. Ele amava quando eu topava tudo e ele mal sabia que que já estava esperando por aquele momento há muito tempo

Noah levou suas mãos até a minha cintura e eu coloquei minhas mãos no maxilar do mesmo, eu o beijava gentilmente e a chuva caindo em cima de nós fazia tudo aquilo parecer uma cena de algum filme romântico clichê, mas eu estava amando aquilo.

Era difícil aceitar que aquele era meu último dia de vida, mas Noah não queria pensar nisso e então começou a correr feito um louco enquanto a chuva o deixava ainda mais encharcado.

Acabei por sorrir e então fiz o mesmo, corri até um poste e fingi que estava fazendo pode dance fazendo o garoto quase morrer de rir.

Ficamos mais algumas horas naquela brincadeira sem sentido e nos beijamos várias outras vezes, aquilo era o paraíso para mim, mas infelizmente as horas passavam rápido e logo a chuva começava a diminuir.

- Eu nunca tinha dançado na chuva e nem feito todas essas coisas, foi incrível- comentei enquanto caminhava pelo jardim da frente de minha casa.

- Você é louca, gosto disso.

Ri enquanto encarava o chão e ambos andávamos lado a lado. Tentávamos evitar o tão temido assunto da morte, mas naquele momento havia sido impossível.

- Bem, vamos viajar hoje a noite para a Suíça, então isso é meio que uma despedida.- sorri segurando minhas lágrimas até ao fim.

- Eu vou sentir muito sua falta.

- Não fique triste, okay? Você é a pessoa mais importante do mundo para mim e eu sou muito grata por tudo.

Noah sorriu enquanto deixava algumas lágrimas escorrerem por seu rosto e então eu o abracei. Eu o segurei o mais forte que pude e permanecemos ali por mais de cinco minutos, abraçados enquanto a água de nossas roupas escorria para o chão. Noah não conseguia aceitar como aqueles dias passaram rápido demais, era tão difícil ter que me deixar ir.

- Sina- noah me chamou assim que eu subi os degraus da varanda- Caso eu não tenha dito, Obrigada por esses dezesseis dias em que você não me largou por um segundo. Obrigada por ter aceitado desde o princípio, mesmo eu não ter sido tão convincente assim. Obrigada.... Obrigada por me mostrar e por me fazer sentir o amor. Eu te amo.

Eu sorri e então senti que iria chorar, acabei correndo para os braços do garoto e o abraçando outra vez, mais forte ainda. Eu não queria deixá-lo.

- Eu também te amo Noah.

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Sem palavras, vou chorar ali no cantinho.

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