Tudo tem estado calmo.
As lutas continuavam acontecendo e eu me escondo o máximo que posso.
Na manhã após o ocorrido, levantei da cama disposta a falar com Jake, mas ele não estava disposto a falar comigo. Lembro de correr atrás dele o dia todo, e as únicas palavras que ele me dirigiu foram: "mais tarde". A tarde veio, mas ele não.
Fiquei frustrada, não gosto de ficar brigada, mas Jake demora a esfriar a cabeça e por as ideias no lugar. Meu pai e Alex pediram para eu deixar isso de lado, como se fosse fácil. Alex também vem falando muito ao telefone, e eu imagino com quem ele fala.
Harry, ele veio aqui quatro vezes em duas semanas, todas as vezes ele levava ou Alex ou Jake. Nunca os vi voltando para casa, eu já havia dormido. Quando ele vinha para levar um dos meus irmãos, era em horários aleatórios, ele normalmente entrava pela porta e, sem dizer nada, encarava Jake e o mesmo saia, como em um dos casos, no meio do jantar, e ia trocar de roupa. Harry permanecia em pé ao lado da porta, quieto, enquanto passava os olhos por nós, encarando com uma cara fechada.
— Assim? – meus pensamentos são interrompidos pelo garotinho segurando uma arte feita com lápis 6b.
Pego o papel e observo o retrato de uma lua cheia refletida no mar, ao canto da folha, uma pequena ilha com um coqueiro.
— Está perfeito – duas semanas foram incrivelmente suficientes para me acostumar com o nato talento de Luther para a arte.
O garoto me dá um sorriso satisfeito e volta a sua cadeira, falando algo para Robin e mostrando o desenho. Ela o dá a língua. Crianças.
Sempre gostei dos pequenos, mesmo quando eu era uma delas. Eu fui o tipo de criança irritante que pedia para pegar as outras crianças no colo; que por algum motivo, me achava mais adulta por isso. Todos sempre disseram que isso era indício de uma futura boa mãe, eu digo então que este me é um dom desperdiçado.
Olho mais alguns dos desenhos antes de encerrar a aula. Me despeço das crianças, falo com alguns pais, ganho um chá de ervas bom para o equilíbrio dos chakras; os pais hippies são os melhores.
Distraída, eu estava abaixada juntando os materiais que as crianças usaram hoje. Os guardando cuidadosamente na caixa de madeira que era destinada exclusivamente aos lápis hb, então, um susto. O estrondo alto da porta da galeria faz meu coração disparar.
Eu viro minha cabeça na direção do barulho, e lá estava ele, o meu terror particular.
O que diabos ele faz aqui?
— Então, é aqui que você trabalha. — Ele diz, se arrastando em um pé para perto de mim. Não foi uma pergunta, soava como se ele apenas estivesse falando com si próprio.
— O que faz aqui? — Digo me levantando ereta — Como sabia onde me encontrar?
— Acalme-se, querida — Suas mãos se levantam em sinal de rendição — eu vim em paz.
Transpareço minha dúvida no meu rosto, mas não o medo. Vejo um pequeno sorriso abrir em seu rosto e isso apenas me deixa mais alerta.
— Como você me encontrou? — Reforço a minha pergunta.
— Eu tenho meus meios. — Ele dá de ombros, fazendo seu caminho até mim; que só agora percebi estar recuando.
Paro meus passos e discretamente procuro algo para me defender, até eu me abaixar para pegar a caixa de madeira que no momento é a coisa mais próxima de mim, ele já estaria me cercando. Talvez se eu corresse poderia quebrar um dos cavaletes nele, isso se eu conseguisse bater com força o suficiente; ou talvez eu pudesse furar os olhos dele com um dos meus pincéis, ou então—
VOCÊ ESTÁ LENDO
Tablado | hes
FanfictionLevante sua guarda e proteja seu coração. Harley passou dois anos e oito meses fora de casa, ela tem a sensação de que tudo está como antes, mas a os novos segredos que sua família esconde apenas provam o contrário. O envolvimento de Harry com tudo...