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Arrumei um trabalho para dar aulas de teatro à crianças aos sábados a noite. Eu estava despretensiosamente lendo notícias no jornal local — o que eu fiquei um pouco surpresa que ainda tenha em papel, considerando que apenas meu pai usa — quando vi o anúncio. Um grupo de pais está organizando campanhas para que seus filhos tenham mais contato com a arte, foi na segunda-feira em que li isso e no mesmo dia fui ao encontro de mães em uma escola longe da minha casa. Eu deveria esperar que eles fossem hippies, mas não estava preparada.

Uma das mães disse que minha energia estava pesada, e que a melhor maneira de trocar energias e eleva-las é através do ato sexual. Isso acabou com um endereço de uma casa de swing anotada na minha mão em caneta azul.

Os dias têm sido bons, monótonos, mas bons. Eu acordo às sete e meia, abrimos a academia, intervalo ao meio-dia, mais trabalho até às sete.

Mas hoje, é dia de luta. Estou varrendo o chão da academia junto com Tyler, ele trabalha aqui ajudando meu pai e meus irmãos alguns dias quando necessário. E ele disse que esteve aqui mais do que esteve na própria casa nos últimos anos. Chega a ser impressionante como nada aqui parece ter mudado.

— Varre bem isso aí em —Jake passa por onde eu estava varrendo, me provocando.

Eu atiro a vassoura no chão e dou meia volta.

— Onde vai?

Sigo para dentro, puxo a porta para cima, abro e vou em direção a geladeira. Não fiquei brava, só queria uma desculpa para dar uma pausa. Abro uma garrafa de água de tomo até a metade, devolvo para a geladeira e vou até o quarto. 

Estou na academia desde a manhã e agora está mais quente do que antes, e correr para lá e para cá tirando coisas do caminho também ajudou para que o calor subisse pelo meu corpo.

Acontece que quando fui viajar, doei quase todas as minhas roupas. Fui avisada que não poderia levar muita coisa, então fiquei apenas com o principal, e para não deixar as roupas paradas por três anos, me desfiz de tudo. E agora estou arrependia, nenhum short de academia, nada ventilado ou antigo que eu pudesse usar e não ter receio de sujar.

Com pesar, fui a minha mala, que ainda não havia sido desfeita, e peguei um short preto de modelo vintage que comprei por capricho em Chicago. Tirei a a leggin e a blusa que era duas vezes maior que eu, a trocando por uma regata.

Quando voltei à academia, a vassoura não estava no lugar onde a deixei e meu irmão estava conversando com alguém. O cara do outro dia.

Minha intensão era esperar a conversa acabar mais assim que ele me viu, seu rosto foi tomada por uma expressão de tediosa; eu sempre tive um certo dom de criança mais nova, eu sabia atazanar uma pessoa muito bem. Me aproximei em passos firmes.

— Cadê a minha vassoura? — o rosto dele se contorce em confusão.

— Você é louca? — ele quebrou a primeira regra, nunca chame uma garota de louca.

— ONDE ESTÁ A MINHA VASSOURA— meu grito é interrompido por Alec.

—Pelo amor de Deus Jake, de a vassoura pra ela

— Mas eu não sei onde caralhos essa vassoura 'tá

— Você pegou a minha vassoura seu panaca—

— Chega!

O cara que estava quieto até então interrompe a agradável discussão que eu estava tendo com meus irmãos, como se atreve...

Ele está parado poucos centímetros à minha frente, ele tem as mãos escondidas atrás das costas, sua blusa branca se ajusta perfeitamente ao seu corpo. Ele tem os olhos em mim, noto que os hematomas no seu rosto já são quase inexistentes.

Tablado | hesOnde histórias criam vida. Descubra agora