Capítulo 3 (Uma Alma à 012)

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012 andava perdida por aquele desconhecido mundo.

Sua cabeça doía de tal forma que ela não conseguia pensar direito, tão pouco enxergar propriamente. Com os olhos entreabertos tentava chegar em algum lugar com seu corpo doído. Mas ela sentou-se ao chão, estava com muita dor para prosseguir. 

Com extrema dificuldade, observou o céu, com nuvens escuras e... pedaços de madeira flutuantes?

Ela viu que haviam pedaços de concreto, madeira e destroços pelo ar, que nem quando via pelas imagens no laboratório, fotos de árvores e objetos que nunca havia tocado.

Poderia haver uma saída então, de volta para sua casa, ou pelo menos de volta para o planeta em que 012 havia nascido. Pelo menos aquele planeta era semelhante ao seu, mas de certa forma, muito sombrio.

"Onde estou?" 012 pensou mais uma vez.

Ela se levantou e mancando começou a correr o mais rápido que podia, com extremo cuidado para não tropeçar em um pequenos tentáculos que estavam deitados ao chão.

Se Henry não sabia sobre a saída, tão pouco 012 sabia. Mas ela precisava tentar, precisava sair daquele pesadelo.

Porém, só depois de 3 dias com fome e sede, que ela conseguiu chegar em seu antigo lar. 012 não fazia ideia de onde era o caminho, mas depois de andar tanto, ela sentiu uma vibração vinda de um lado da cidade e nunca mais parou de andar na direção.

Era silencioso e o ar era pesado. O cabelo de 012 não estava mais tão ralo e seu olho não doía tanto quanto o dia que ela chegou. Seu corpo estava mais forte, mesmo não tendo comido por dias.

012 subiu a colina cheia de grama, sorriu um pouco ao sentir cócegas em seus pés e depois de muita luta conseguiu entrar no lugar.

Mas ele estava diferente. Vazio e silencioso, com tentáculos nas paredes e escuro.

De repente ela ouviu o barulho de algum bicho estralando dentes, ou tentáculos, ela não sabia muito bem o que era. Seu coração saltou pois ao mesmo tempo que ouviu o bicho, sentiu uma atração vinda dele, como se ele chamasse por ela ou vice-versa.

Tinha medo de encontrar Henry, pois ela o sentia. Tudo que ela queria era sua casa. E ainda assim temia que seu pai brigasse por não ter sido forte o suficiente.

Mas não havia ninguém em sua antiga casa. O lugar, vazio, dava espaço apenas para ela e as criaturas estranhas.

"Sozinha" 012 pensou.

Ela sentiu o chão gelado em seus pés e estremeceu. Quanto mais andava, mais sentia algo se aproximar dela. Com medo, parou em frente a porta de seu quarto. Finalmente havia encontrado.  Encolhida naquele breu de sujeira flutuante, 012 empurrou a porta de seu antigo quarto. A porta abriu rangeu um pouco e ressoou pelo laboratório. Sua cama estava lá, arrumada, como se ninguém tivesse entrado.

012 suspirou e uma lágrima caiu de seu olho direito. Ela se sentou na cama e um bicho pulou em seu peito.

Gritando, 012 foi jogada contra a parede. O bicho com forma de humano, com membranas que lembravam plantas carnívoras no lugar que deveria ser sua cabeça.

"Número 12..." 012 ouviu a voz de Henry ressoar em sua cabeça. "Você não é tão medíocre quanto eu pensei que fosse".

Ele sabia onde ela estava. Ele sabia! E agora 012 morreria como antes, tão pouco sabia ela se para retornar seria fácil, ou se na verdade ela nunca mais voltaria.

001 ainda estava com uma parte dela, mesmo com ela se tornado viva em outro plano, de forma inexplicável. Ele ainda estava com uma parte que era dela, e ela também estava com uma parte dele. Interligados, 012 olhou para o bicho por segundos, deitada no chão, com as costas doendo. Com medo de que ele se aproximasse, mas em vez de o atacar, apenas se levantou e simplesmente saiu andando.

E se... (O despertar dos mortos)Onde histórias criam vida. Descubra agora