E se... (O despertar dos mortos)

Capítulo 8 (Uma só carne)

- EDDIE!!! - Dustin gritou enquanto corria aos braços de Eddie que acordava atordoado. Tossindo muito e tentando recuperar o fôlego. - Eu senti tanto a sua falta.

Lágrimas começaram a escorrer do rosto de Dustin e seu coração pulsou loucamente. "Mais um milagre!" Dustin pensou alegremente.

Alma já sem força deitada com o lado esquerdo do rosto no chão deu um sorriso sincero e fraco ao ver aquela cena.

On correu para o lado de Alma e a puxou para o colo.

- Você está bem?

Com dificuldade Alma virou seu olhar para Jane.

- Sim... - Disse num sopro. - Só preciso descansar.

- Puta que pariu, Dustin Henderson!!! - Steve disse surpreso.

- Amigos... - Eddie disse num suspiro. - Sentiram minha falta? - Eddie disse encarando Dustin e Steve que apenas desviou o olhar para Alma.

Steve chegou perto de Alma e a pegou no colo. Alma não conseguia se mover de tanto que seu corpo estava doendo. Sua pele ainda estava um pouco verde, seus olhos estavam fundos e sua boca ainda estava cheia de sangue. Ela cuspiu um pouco para dar espaço para o oxigênio entrar.

- Você deveria agradecer à ela. - Steve disse enquanto levantava Alma.

- Obrigado...? - Eddie agradeceu e com muita dor de cabeça tentou se sentar apropriadamente. Seu pulmão pegava fogo, seu corpo doía, mas era normal para ele já que em um dia difícil sentia seu pulmão assim depois de fumar muito. E também sentia seu corpo doer daquela forma quando passava umas 2 horas correndo de policiais no shopping. - O que aconteceu? Eu só lembro de ser mordido...

Eddie levantou sua camiseta rasgada e não viu nenhum arranhão em si mesmo. Apenas manchas de sangue.

- O que aconteceu? O que aconteceu? - Continuou surpreso. - Eu estava morto?

- Puta merda! - Robin disse aparecendo atrás deles. - Eddie está vivo! Porra!

- O que você está fazendo aqui? - Steve perguntou.

- Eu até pensei em não vir mas, a Nancy me encorajou a vir... não pude dizer não. E caramba!!! Eddie!!! - Robin também correu ao encontro de Eddie que estava deitado recobrindo a consciência.

Robin começou a rir loucamente, olhando para todos que lá estavam. Lucas, Jonathan, Mike e Nancy.

Alma sentiu a presença de Will e ele perto o suficiente para que fizessem mal com ela naquele estado. Ela enroscou sua mão no braço de Steve, que a olhou e com toda força que tinha Alma pediu para que ele a tirasse dali. Ela precisava de forças, apenas algumas horas talvez, para poder voltar a ativa.

On levantou e andou ao encontro de Alma. Estava preocupada. Mas então se virou para Mike que também preocupado a abraçou.

- Por quê saiu daquele jeito, On?

- Eu não sabia o que dizer, Mike. Me desculpe.

- Tudo bem.

Mike olhou ao redor, achando todo aquele lugar puramente sinistro.

- Você estava morto. - Robin disse a Eddie. - Por dias. Cinco dias.

- Seis, para ser mais preciso.

Eddie arregalou os olhos abismado.

- Eu nem tive um caixão, Dustin Henderson? Ou pelo menos um caixão corroído. - Não perdeu a chance de fazer um trocadilho com o nome de sua banda.

- Me desculpe, ok? Eu tive que correr.

- Isso é tão... - Eddie nem sabia por onde começar. Estava muito impressionado. Ele pegou seu anel de metal no formato de um porco e colocou em seu dedo. - Aquela é a garota com poderes que vocês me falaram? - Eddie disse apontando para Alma. - Foi ela quem fez isso?

- Sim, foi ela quem fez isso. - Robin respondeu. - Mas ela não é a garota que falamos, ela é mais jovem e... tem menos cabelo. Ela é aquela que está com o Mike.

- Isso mesmo. - Dustin continuou. - Ela é a namorada do Mike.

Eddie não poderia mais abrir seus olhos, não poderia estar mais que impressionado. Sua cabeça ainda doía, mas precisava saber mais.

- E não fazíamos ideia de quem essa - Robin disse apontando para Alma. - garota era até hoje de manhã.

- Ela ressuscitou um pombo na minha frente e do Lucas.

- Incrível! Então nós pensamos em...

- Trazer o Eddie de volta!

- Esse é definitivamente meu ano, Henderson! - Eddie disse sorrindo.

Ele se esforçou para levantar com a ajuda de Robin e Dustin.

- Eddie! - Lucas disse inacreditado. - Eddie!

- Lucas! Finalmente apareceu.

Os dois se abraçaram e Lucas se afastou mais rápido do que pensava por causa do fedor.

- Cara, eu não quero ser um mal anfitrião, mas suas roupas estão uma carniça!

Eddie puxou sua camiseta para cheirar e faltou vomitar.

- Essa camiseta definitivamente bateu seu recorde de sujeira. - Disse se esforçando para não vomitar o que nem tinha no estômago. - Que fome...

- Alma. - Lucas chegou perto de Steve e Alma. - Steve, nós precisamos ir atrás da Max o mais rápido possível. Vamos!

- Ei Lucas, eu não sei se você está vendo o jeito que a Alma está.

Lucas virou seu rosto para ver melhor Alma e viu o estado em que ela se encontrava.

- Eu vi Max no outro lado... - Alma disse aos sussurros.

- O que ela disse? Como ela estava? Ela perguntou sobre mim? Ela está bem?

- Eu vou buscá-la. Eu prometo. - Foi tudo que Alma conseguiu dizer.

- Então é real. Ela pode fazer isso. - Nancy disse na esperança de ainda trazer sua amiga Bárbara de volta.

- Inacreditável. - Jonathan falou.

- Ei pessoal, não quero atrapalhar esse lindo momento, mas a Alma não está se sentindo muito bem. - Steve disse.

- Espere! - Eddie disse andando entre eles, chegando perto de Alma e colocando sua mão direita na bochecha em sua bochecha. - Obrigado, docinho.

Alma sentiu algo que não sentia há tempos. Conexão. Toda vez que ressuscitava um animal, ela sentia sua alegria, a selvageria e tudo o que aquele ser vivo era por pelo menos uma semana até que a conexão se fosse embora. Quando ela ficava com fome, o animal também sentia. Quando o animal machucava a perna, ela também sentia. Quando o animal ficava triste, ela também sentia sua tristeza.  Afinal, ela os tinha dado de volta a vida.

Eddie também sentiu isso, mas ele não sabia o que era. Ao tentar tirar sua mão do rosto de Alma, sentiu uma vibração vinda dela. Era como se estivesse com várias ligas entrelaçadas em sua mão e no rosto de Alma.

- Vamos?

Alma só precisava ser forte o bastante para não se perder no seu primeiro cadáver trazido de volta a vida. Esperava não se perder em seus vícios, em seus gostos, em seus sentimentos e desejos. Apenas uma semana, era o que precisava aguentar. Mas Alma já sabia que ela não tinha todo esse tempo. Para trazer Max de volta, ela precisaria mais do quê um corpo e uma morte. Sem intervalos ela precisaria o findar numa tacada só.

Por um breve período, Eddie e Alma seriam uma só carne.