[01]

844 107 52
                                    

 Capítulo 1

"Quem sabe seja melhor sermos apenas amigos então."

Foi o que Apple White disse a Daring Charming, após descobrirem que ele não pode a salvar do feitiço do sono a qual está destinada. Talvez seja considerado egoísmo pensar apenas em si mesmo e em seu destino para terminar um namoro que durou anos, porém algo em seu interior sentia que Daring também não a amava de verdade. Não apenas pelo beijo, ela achava que ele não amava nada além de seu próprio reflexo.

E apesar do que diziam as manchetes do jornal da escola, não houve choro, arrependimento ou crise de abstinência emocional. Daring continuava radiante, cercado de olhares desejáveis e louvores. Já Apple estava sendo julgada pelos corredores por onde passava, como se tivesse feito algo de errado para não merecer o príncipe Charming. Mas ela não se importava, sua mãe havia a educado bem sobre como ignorar essas situações. Pois até mesmo uma rainha bem sucedida como Branca de Neve teve que aprender a lidar com episódios desagradáveis e machistas.

Atualmente, algo inquietava muito mais os pensamentos de Apple, e para ser mais exato não se trata de algo, trata-se de alguém. A pessoa que conseguiu acordá-la com um beijo, que é verdadeiramente sua destinada. Que não faz ideia de quem seja, mas que tem o poder de fazer seus lábios queimarem sempre que ela pensa naquele dia.

Olhando para muito além de onde seus olhos pousaram no refeitório, buscava rostos, nomes e explicações plausíveis para dar vida a sua minúscula lista de prováveis figuras que poderiam tê-la beijado.

— Quem sabe...— voltou o olhar esperançoso, encarando as amigas que estavam sentadas consigo na mesa.— Hopper Croakington!

— O Sapo?!— Briar se espanta, mas logo em seguida começa a rir.

— Príncipe Sapo.— corrigiu Apple, imaginando que esse fato compensaria o chute.

— Que tal pensar mais pequeno, talvez em alguém que realmente estava na floresta junto de nós.— diz Farrah batendo suavemente sua varinha contra a própria bochecha, sustentando um sorrisinho esperto.

— Que tal vocês deixarem de risos e me contarem quem foi?

Novamente desanimada, contudo não ao ponto de demonstrar abatimento, teve que ver suas companheiras fiéis censurarem as bocas com um x feito com seus dedos indicadores.

— Não podemos, estamos sob juramento.

Quem quer que fosse confiava na palavra delas, o que a deixava mais agoniada. Para ser capaz de fazer Farrah negar um desejo somente para proteger seu nome, faz Apple pensar que ele deve ter uma baixa auto estima.

— Ainda vem a pontapear nomes, Apple?

Maddie surge da fila da lanchonete, tocando carinhosamente suas costas e levando um pãozinho de açúcar para a boca. Ela se senta ao seu lado, entrando despretensiosamente no assunto para ocupar o tempo.

— Sim...sabe, não é um jogo de adivinhações, isso está ligado ao meu destino. Eu preciso saber.

Briar bocejou para seu jeitinho conhecido de conseguir as coisas, enquanto Farrah e Maddie se comoveram.

— Pobrezinha, está à procura de respostas! Aqui, se te ajuda, a minha dica em charadez é: Népia achava-se tão somente uno Encantado no arvoredo!

White pensou, já havia escutado tantas vezes Maddie falar em charadez, conseguia entender se se esforçasse, bastava dar sentido e significado solo a cada uma das palavras.

— Eu já sei!

— Maddie!!— disseram em reprovação, mas a garota com a cartola não se importou, puxando do além um conjunto de chá para beberem.

— Muito obrigada, amiga.— Apple abraçou-a antes de se levantar, deixando-as à mesa a questionarem aonde estava indo.

Apple olhava os arredores procurando até achar em qual das mesas do salão estava Dexter Charming, irmão mais novo de Dering. Quando finalmente o encontrou encolhido em seu casaco azul, sozinho, afastado dos outros e entretido com algo na tela de seu celular que refletia na lente de seus óculos, White não pensou duas vezes antes de ir até ele. De passos apressados, sorriso favorável e sem dar a mínima atenção para quem a havia notado, chamou por Dexter assim que se aproximou o suficiente para não precisar levantar o tom de sua voz. Não estava tão nervosa, no máximo curiosa, nada mais que isso para quem acabou de descobrir o seu verdadeiro amor.

— Dexter, nós podemos conversar?— manteve-se de pé à espera que ele a notasse.

— Sim, o que — ele levou um susto ao que olhou para Apple, que estava parada como uma estátua sorridente. O celular pulou de sua mão, os óculos quase caíram e então ela se lembrou que o que Darling tinha em destreza, Dexter tinha em desastre.

— Você está bem?

— Si-sim, claro. Por que não estaria? Isso, isso f-foi apenas um...um, vejamos. O que foi isso mesmo?— disse envergonhado, ajeitando seus óculos.

— Realmente, que tal deixarmos essa cena de lado?—ao que ele concordou, ela se sentou.— Necessito te fazer uma pergunta muito importante.

— É sobre a venda de ingressos online para a Festa de Verão? V-você parece séria, há algum problema com o site? Eu o conferi ontem a noite, parecia normal. Posso conferir de novo se quiser, eu só preciso passar no meu quarto e pegar

— Não, não é isso.

Apple não se recorda qual foi a última vez que hesitou em falar o que queria. Mas olhando para Dexter não se sentia segura em dizer, talvez fosse melhor não. Quem sabe se não falasse, pois se fosse mesmo ele, precisaria? Não queria precisar. Não queria que fosse ele. Por mais que fizesse sentido, porque querendo ou não ele é um Príncipe Encantado, um Charming. Além disso, ele nunca soube quem é sua princesa pré determinada pelo destino. Olhando assim, ela apenas se equivocou na hora de escolher.

— É sobre meu irmão?— ele sussurrou tomando rapidamente sua atenção.

— O que? Não!— negou, ofendida e muito pasma.— Por que seria sobre seu irmão? Nós terminamos, acabou.

— Desculpa, as pessoas estão falando e eu pensei que estivesse demorando tanto por vergonha em falar disso.— ele se recolheu ainda mais, arrependido de ter aberto a boca.

Agora, mais que tudo ela não queria que fosse ele.

— Veja bem, — olhando para seus olhos castanhos e muito confusos, Apple respirou fundo.— quero saber quem foi que quebrou o feitiço que a mãe da Raven jogou em mim no dia da floresta. E de todos que estavam lá eu acho que...

— Você acha que fui eu??— perguntou incrédulo, então Apple confirmou balançando a cabeça, tomada por um tipo de falsa esperança de que aquela conversa chegaria a algum lugar.— Aaaah, compreendo.

Por um momento se encaram em silêncio, ele indiferente e tímido, ela tentando muito manter a compostura e não quebrar seu sorriso educado.

— E então?— perguntou, batendo os dedos na madeira da mesa.

— Então o que?— ele virou a cabeça para trás, assustado procurando por algo.

— Foi você quem me beijou?

— Não! Q-quero dizer, nãaoo.— gesticulou que não de muitas formas, todas desnecessárias para quem já havia entendido desde o começo.— Resumindo, n-não fui eu, Apple, me desculpe. Você quer que eu lhe conte quem foi?

— Você sabe??— empolgada, deixou escapulir um tom de voz mais alto do que o indicado para uma princesa, atraindo olhares para os dois.

Agora envergonhada, se recompôs na espera que a atenção que causou fosse esquecida por um pedido de desculpas. E foi.

Logo depois, Dexter confirmou que sabia.

— Conte-me logo! Por favor.

Ela segurou firme suas mãos como se estivesse implorando. E estava. Finalmente teria a resposta que tanto procurava, teria um nome, saberia quem perturba sua imaginação e seus sonhos a noite. Essa era a pessoa que a levaria para o altar, responsável por seu final feliz. Tudo que ela mais queria era que Dexter Charming abrisse a boca e dissesse que quem a beijou foi...

— Foi minha irmã. 

OUR HAPPY ENDINGOnde histórias criam vida. Descubra agora