Escuro, tudo estava escuro, Dois não conseguia sequer ver a própria mão, mas movimentou os dedos lentamente, formando partículas cor violeta que iluminaram seu rosto.
Número Dois passou um tempo brincando com as próprias mãos, ela estava com tantos quimicos em seu corpo, colocados pelos cientistas, que seu poder havia ganhado até cor, ela foi amaldiçoada, afinal.
Quanto menor seu número, mais sofrimento e mais certeza você tinha de ser o brinquedinho favorito deles, e acontece que Dois carregava essa maldição em seu nome, não havia como se livrar disso.
Papa sempre a disse que o número Um nunca existiu, então, para ela, não havia a oportunidade de ser a segunda, ela era a primeira a ser submetida a qualquer um dos compostos quimicos, que hoje circulavam seu organismo. E havia que fazer tudo que a mandassem, ou então se encontraria onde estava agora: Em uma sala escura e assustadora, Dois sempre teve medo do escuro, era uma das várias coisas que sempre a assustava naquele lugar que lhe disseram tantas vezes que era sua casa.
Mas nunca seria sua casa, nunca seria, e estava longe de ser.
A garota de, agora sete anos, estava encolhida no chão daquela sala fria, iluminada somente pela luz violeta que saia de suas mãos. Abraçada aos joelhos, ela sentia as lágrimas quentes escrrerem por seu rosto, então para se acalmar, começou a cantarolar a única coisa que ainda lembrava de sua família, antes de ser tomada deles, aos três anos de idade.
— Wednesday morning at five o'clock — cantarolou, com a voz falha, havia gritado muito no dia anterior, esperando que Papa tivesse piedade e a deixasse estar em seu quarto. — As the day begins... Silently closing her bedroom door... Leaving the note that she hoped would say more
Antes que ela pudesse cantarolar o próximo verso, a porta de metal espesso foi aberta, rebvelando os guardas, e atrás deles...
— Papa — a menina chorou.
O homem se aproximou, a cada passo a menina chorava mais.
— Não chore, Dois — O homem estendeu a mão, que a menina segurou, sem sequer hesitar em obedece-lo.
O homem a guiou até a ala mais isolada de todo o enorme estabelecimento: seu quarto.
Ela não era autorizada a brincar com as outras crianças, por mais que quisesse muito, ela era completamente sozinha na imensidão que era a Ala norte. Apenas brinquedos para exercitar seus poderes, sua cama, e o ursinho que tanto amava.
Ela também era a única criança que não havia a cabeça raspada, como os aparelhos utilizados para testá-la eram exclusivos, diferentemente dos outros, seus cachos loiros iam até seus ombros, a deixando ainda mais adorável.
— Terá repouso por trinta minutos antes que retomemos a atividade anterior, acho que o tempo que passou na sala de punições conscientizou você do que acontece quando me desobedece.
Assim ele saiu, e a porta se fechou em um baque.
A garotinha correu e se jogou na cama, agarrando o ursinho de pelucia, e desabando em lágrimas e soluços.
— Eu não quero machucar... o guarda. — Disse entre soluços.
7 anos depois, haviam feito da número Dois, que havia apenas 14 anos, o pior pesadelo dos inimigos de Brenner. Além de forçarem-na a aprender a usar seus poderes de maneira completamente controlada, a colocavam para aprender a lutar, e se ele não soubesse lutar, ninguém pararia a briga, deixariam ela apanhar até perder a consciência e então tratariam superficialmente os seus ferimentos, e a jogariam na sala de punições, e a menina acordaria desesperada no escuro, e cheia de dor.
Então teve que aprender, não apenas a se defender, mas teve que aprender a lutar melhor. Entretanto, mal sabiam que haviam produzido uma arma contra eles mesmos.
Não foi surpresa que aos quinze anos, Dois tivesse fugido do laboratório, sem deixar nenhum rastro.
Eles a treinaram para saber falar além de Inglês: Russo, Alemão, Francês e até um sotaque falso britânico, Dois poderia imitar perfeitamente, seu vocabulário era impecável, talvez planejassem que ela pudesse ser uma espiã para eles, mas ela havia fugido antes que os objetivos fossem alcançados.
Dois ainda foi capaz de levar sua pasta de informações, descobriu o nome de seus pais, o hospital em que nasceu, e seu verdadeiro nome:
Madison Light.
Dois obviamente não seria tão idiota de usar o nome verdadeiro que eles já sabiam, então, conseguiu falsificar documentos, o nome de Dois agora era Hattie Williams, era uma jovem Europeia, filha de Charlotte Williams, mãe solteira, que engravidou e foi passar uma temporada na Europa, onde teve Hattie, mais tarde retornou a Hawkins. Hattie foi emancipada aos 16, portanto quando a mãe faleceu, pode tomar rédeas de sua vida, vivendo em um trailer, trabalhando em uma lanchonete, e frequentando a escola de Hawkins.
Dois literalmente sumiu do mapa, Até mesmo os melhores agentes de Brenner não foram capazes de encontrá-la, Hattie não tinha nenhum aparelho telefônico, pois já sabia que poderiam escutá-la, e também havia tingido o cabelo de ruivo.
Essa era sua história, Dois não existia mais. havia conseguido uma pulseira de coro que cobrisse sua tatuagem no pulso, e começou a frequentar Hawkins School.
Era completamente isolada de qualquer pessoa, na verdade, tudo que era ensinado na escola ela já sabia, mas ainda era uma adolescente, e ainda havia que fingir que era normal...
Errado, ela era completamente normal, ela não era mais Dois, agora ela era Hattie, e era uma adolescente anti-sócial, completamente normal, e muito madura para sua idade.
Não se afetava com críticas de nenhum dos grupos populares ou nerds, ela podia ter a mesma idade que eles, mas nenhum adolescente daquela escola sobreviveria ao que ela passou, eram todos fracos, fúteis.
Alguns alunos que não estudavam na mesma turma que Hattie, chegavam a se perguntar se ela não era muda, ou se tinha algum problema mental.
Talvez nenhum problema mental, mas com certeza ela tinha traumas, milhares deles, tais como a cicatriz que carregava no rosto, devido a uma das lutas que ela ainda não sabia vencer.
No laboratório, Dois se tornou uma lenda, uma história de terror para as crianças que não os obedecessem, criaram a falsa história de que, de tanta teimosia e desobediência, deram um fim a sua vida, O Experimento número 002, era uma lenda.
VOCÊ ESTÁ LENDO
彡 𝘿𝘼𝙍𝙆 𝙍𝙊𝙊𝙈 - 𝘚𝘵𝘦𝘷𝘦 𝘏𝘢𝘳𝘳𝘪𝘯𝘨𝘵𝘰𝘯
FanfictionQuando Número Dois, que foi amaldiçoada por seu número, vive uma vida escondida em Hawkins. Ou Quando Steve Harrington se vê envolvido em uma situação que trazia risco para cidade, e isso o aproxima da esquisitona de Hawkins, e ele se vê curioso pel...