Alice olhava para todos os lados, curiosamente observando as crianças que corriam ao redor de diversos brinquedos em formato de dinossauros, trepas-trepas, caixas de areia e ao redor das professoras do jardim de infância Hawkins Sunshine. Era muito estranho, aos seus olhos, humanos do seu tamanho, ainda mais estranho que os humanos grandes não estivessem sentados na grama com uma fumaça fedida saindo de suas bocas logo depois deles sugarem o ar em um "canudinho de gente grande" ou dançando ao redor de uma fogueira depois de colocarem um papel colorido na boca.
A menina permanecia sentada, junto a um arbusto, encolhendo seu pequeno corpo dentro das roupas enormes e vibrantes. Agarrava as próprias pernas e mantinha uma feição passiva. As inúmeras tentativas das professoras de integrar ela com as outras crianças fracassaram antes mesmo de começar. As mães e responsáveis achavam um absurdo que uma criança hippie tivesse contato com seus filhinhos tão bem educados e inocentes. Afinal, "que tipo de coisas essa garota poderia influenciá-los a fazer?". Com apenas 5 anos Alice já havia passado por exclusões o suficiente para saber que não deveria se meter onde claramente não era bem vinda, por isso mal falava, e, quando o fazia, era apenas para responder o que a Srta Smith — única das professoras que confiava o suficiente para abrir a boca — perguntava.
Do outro lado do parquinho, Eddie desenterrava outro carrinho perdido no meio da caixa de areia. Era impressionante a quantidade de brinquedos que podia achar se escavasse o suficiente. As outras crianças não se importavam em perder seus brinquedos, ainda mais sabendo que logo ganhariam novos. Eddie poderia jurar que achara um brinquedo que datava de algum momento entre a pré história e o descobrimento da América de tão velho. Não que ele soubesse o que exatamente era a pré história ou o descobrimento da América, mas pensava ser muito tempo atrás, pelo o que seu tio falava. Talvez, em torno de 10 anos antes dele nascer, já que aquele era o número mais alto que Eddie conhecia no alto dos seus 5 anos.
Eddie Munson também sofrera exclusão em sua vida. A primeira vez, era tão pequeno que nem ao menos poderia lembrar. Tinha apenas algumas semanas de vida quando sua mãe bateu na porta do trailer de Wayne Munson, aos prantos, com o bebê adormecido, enrolado numa manta azul marinho em seus braços.
–Eu não posso Wayne! — Dizia aos soluços. — Não posso cuidar dele! Não tenho pra onde ir e mal tenho o que comer! Não é justo!
–Se acalme, Marisa. — O cunhado e amigo da moça disse, tentando acalmá-la, mas tão desesperado quanto ela. — Você pode ficar aqui o tempo que for preciso. Nós cuidaremos do garoto juntos. Eu posso conseguir mais um turno na fábrica. Nós vamos ficar bem.
A moça apenas acenou com a cabeça, cessando aos poucos as lágrimas que lhe escorriam pelo rosto como uma cachoeira. Wayne, vendo que Marisa se acalmara, fora até a cozinha buscar um copo d'água para a jovem, porém, quando voltou, tudo o que encontrou foi o menino, ainda adormecido, em seu sofá, junto a uma carta onde Marisa se desculpava pelo o que fizera dizendo, porém, que era sua única saída.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Freaks 86' | Eddie Munson (em breve)
Fanfiction"Eddie está com sua guitarra penhorada Agora, ele reprime o que ele costumava falar através da música É difícil Alice sonha em fugir Quando ela chora à noite, Eddie sussurra "Querida, ficará tudo bem... algum dia... Temos que nos agarrar ao que temo...